Direção nacional do PT está dividida sobre apoio ao pacote fiscal de Dilma
PT no divã A Executiva Nacional do PT se reúne nesta quinta-feira dividida sobre o partido declarar ou não apoio ao pacote fiscal anunciado pela presidente Dilma Rousseff. Dirigentes preveem que setores ligados aos movimentos sociais e sindical serão contra a adesão global às propostas –principalmente a que trata do adiamento do reajuste do funcionalismo público. Já o governo considera essencial que o partido da presidente saia na frente no apoio incondicional às medidas.
Balança Apesar de o pacote não ter sido bem recebido internamente, a manifestação pública do PT deve ser equilibrada –nem com elogios, nem críticas–, para não dar mais munição à oposição.
Silêncio Nesta terça o partido tomou a frente de uma declaração de apoio à permanência de Dilma no cargo, assinada por partidos da base, mas que não faz menção explícita ao pacote.
Últimos coletes Senadores petistas receberam sinais por parte de entidades de que podem retirar o apoio ao governo caso Dilma insista em cortes no Minha Casa Minha Vida.
Não cola Os movimentos não engoliram a manobra governista para tentar cobrir o corte de dotação orçamentária do programa com emendas dos parlamentares.
Fuso horário Dilma só elencou as medidas do pacote do governo para o vice Michel Temer, que está na Rússia, quando os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) já estavam dando entrevista havia quase uma hora.
Muita calma… Joaquim Levy (Fazenda) tentou não ampliar a repercussão da discussão com Rogério Rosso (PSD-DF).
... nessa hora Aliados do ministro dizem que ele não teve a intenção de jogar no Legislativo a culpa pelo rebaixamento do Brasil e que apenas fez referência ao relatório da Standard & Poor’s, que diz que o risco ao ajuste vem da “dinâmica fluída do Congresso”.
Comigo não Na introdução que fez à conversa com líderes da base na Câmara, Dilma voltou a responsabilizar a economia mundial pela crise brasileira. Insistiu que a queda no preço das commodities prejudica o país, sem fazer um mea culpa.
Vai que passa Já no final do encontro com os deputados, Ricardo Berzoini (Comunicações) brincou, sobre as queixas à vinculação das emendas parlamentares ao corte. “Se quiserem trocar pela reforma da Previdência, não tem problema.”
Cadê? Em meio à crise, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), está desde a semana passada nos EUA, em viagem oficial. Articuladores de Dilma têm demonstrado contrariedade com a ausência do deputado no dia a dia do Congresso.
Deixa estar Governadores tucanos já avisaram a líderes no Congresso que não pretendem dedicar esforços para a aprovação da CPMF.
No limite Ainda assim, o Planalto conta com o “desespero” de alguns dos chefes de Executivos para conseguir apoio de deputados.
Alvo preferencial José Ivo Sartori (PMDB-RS), Luiz Pezão (PMDB-RJ) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) estão na mira do governo federal.
Novas mãos O inquérito contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) no Supremo foi redistribuído para o ministro Dias Toffoli.
Vem mais Teori Zavascki deve encaminhar outros casos para a presidência redistribuir. São acusações que se relacionam apenas lateralmente com a Lava Jato.
Visita à Folha Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.
TIROTEIO
A presidente Dilma quer negociar com o Congresso como se tivesse 92% de aprovação da população, e não 92% de rejeição.
DO DEPUTADO JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA), sobre o governo pedir ajuda dos governadores para aumentar a alíquota da CPMF de 0,2% para 0,38%.
CONTRAPONTO
Fala, garoto!
Em 1996, convidado do “Programa Livre”, de Serginho Groisman, no SBT, Luiz Inácio Lula Silva foi questionado por uma garota da plateia:
–O que você sentiu com o impeachment do Collor, depois de ter perdido a eleição para ele em 1989?
Lula respondeu:
–Foi gratificante saber que aquilo que tínhamos denunciado na campanha foi provado três anos depois.
E continuou, para aplausos geral:
–O brasileiro mostrou que o mesmo povo que elege um político pode destituir esse político. Peço a Deus que nunca mais o povo brasileiro esqueça essa lição!