Vinculação de emendas a corte de gastos do governo irrita Cunha
Chapéu na mão A destinação das emendas impositivas dos parlamentares para cobrir os cortes no Minha Casa Minha Vida e na Saúde foi a proposta do ajuste que mais irritou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A aliados o peemedebista se queixou de que Dilma Rousseff faz o corte “não só com o chapéu alheio”: “É com o nosso chapéu”. Na conversa que teve com a presidente antes do anúncio, Cunha não foi avisado sobre a decisão, o que foi objeto de reclamação do peemedebista.
Metade Dilma disse ao presidente da Câmara apenas que haveria enxugamentos com a reforma administrativa e que o governo faria nova tentativa de volta da CPMF.
Tente a sorte À petista Cunha afirmou que não iria se opor à tramitação da matéria na Câmara, mas avisou que considerava “muito pouco provável” que ela fosse aprovada –o que repetiu à noite.
Pra sempre O peemedebista também ironizou a promessa de que a contribuição valha por quatro anos. “A velha CPMF já tinha ‘provisório’ no nome e durou dez anos.”
Chama o Moro Numa redação de TV parada para que os jornalistas assistissem à entrevista de Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), o silêncio foi quebrado pela conclusão de uma figurinista: “Esses dois fizeram delação premiada?”.
Só que não Levy procurou parlamentares no fim da semana com um esboço do pacote. Ouviu que, antes de propor impostos, o governo deveria anunciar redução significativa de ministérios.
Sem fundo Aliados também ponderaram que a destinação da CPMF para a Previdência não cobrirá nem de longe o rombo do setor, o que torna mais difícil um discurso para facilitar sua aprovação.
Noves fora Por fim, aliados no Congresso dizem que faltou calcular as perdas em arrecadação com prováveis greves de servidores de órgãos como Receita, INSS e AGU, que podem superar o ganho em adiar o reajuste.
Renascer Em conversas recentes, Lula disse a integrantes do governo que a reforma administrativa era insuficiente. Afirmou que recomeçar o governo do zero era a única alternativa que vislumbrava para a saída da crise.
Leal 1 Katia Abreu (Agricultura) desistiu de viajar com o vice Michel Temer para a Rússia para ficar ao lado de Dilma no anúncio das medidas. A área da peemedebista domina as transações comerciais entre os dois países.
Leal 2 A ministra foi a única do PMDB a não embarcar. Também não quis gravar para o programa de TV da sigla, que tem o vice como estrela.
Encalhado Peemedebista começam a questionar se há benefício em assumir um Ministério dos Transportes robustecido após a reforma, com Portos e Aviação Civil.
Deixe estar Sem recursos para investimentos, dizem que a pasta pode virar um elefante branco sem capilaridade nem potencial eleitoral.
Quieto Mesmo liberado para depor na ação que pede a cassação de Dilma na Justiça Eleitoral, Ricardo Pessoa deve permanecer calado.
Na moita A defesa do dono da UTC lembra que a parte de seu depoimento sobre a campanha de Dilma segue sob sigilo no STF e teme que ele se complique se falar. O mesmo vai valer nesta terça na CPI da Petrobras.
Dobrou… Marcadas para 5 de outubro, dia mundial dos sem teto, as passeatas pelo direito à moradia devem ganhar força depois do corte no Minha Casa Minha Vida.
… a meta Raimundo Bomfim, da Central dos Movimentos Populares (CMP), uma das entidades que organizam o ato, diz que “a presidente erra de novo, dando um duro golpe naqueles que mais defendem seu mandato”.
TIROTEIO
Nem se Hércules dedicasse os 12 trabalhos a aprovar esse plano, com Zeus no governo, ele passaria pelo Congresso do Olimpo.
DE ARTHUR VIRGÍLIO BISNETO (PSDB-AM), vice-líder da oposição na Câmara, sobre as medidas orçamentárias anunciadas nesta segunda-feira pelo governo.
CONTRAPONTO
Vamos falar de coisa boa?
Na porta do gabinete de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), jornalistas aguardavam o fim do anúncio de corte nas despesas e aumento de receitas no Orçamento de 2016, no Planalto, para entrevistar o presidente da Câmara.
Quando terminou a fala dos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), o peemedebista deixou sua sala e seguiu para o local da entrevista.
Assim que Cunha se posicionou diante dos gravadores, um repórter anunciou:
–Presidente, vamos começar com um tema polêmico.
Cunha interrompeu, arrancando risos:
–Vamos falar do Flamengo?