Insistência de Dilma em poupar social dificulta corte de mais de R$ 20 bi
Não, não e não A maior dificuldade de fechar no fim de semana a lista de cortes de despesas do governo federal é que Dilma Rousseff ainda se mostrava inflexível na determinação de preservar os programas sociais. A presidente não admitia reduzir dotações mesmo para programas de menos visibilidade –o que, na avaliação de ministros que participaram das sucessivas reuniões, impedirá que se chegue ao corte de R$ 20 bilhões, definido como mínimo para que o anúncio seja considerado robusto.
Pânico Ministros da área social passaram o fim de semana alertando para o risco de uma reação extremada dos movimentos sociais ao que promete ser o maior choque de austeridade já promovido, nas palavras de um deles.
PMDB antes Logo pela manhã ministros informarão as medidas aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, e ao vice Michel Temer, que está na Rússia. Só depois haverá entrevista coletiva.
Dividindo… Dilma convidou os governadores dos partidos aliados para jantar nesta segunda-feira no Palácio da Alvorada. Vai pedir ajuda para aprovar no Congresso a segunda parte do pacote: aumento de impostos.
… a conta O convite deixou os chefes dos Executivos estaduais ressabiados: pelo menos dois hesitam em ir e se tornar sócios da pauta impopular da presidente.
Faz-tudo A despeito da forte pressão de Lula e do PMDB por sua saída do governo, Aloizio Mercadante passou o fim de semana na linha de frente da reação à articulação pelo impeachment.
DDD Foi o titular da Casa Civil quem telefonou para os governadores convidando para o jantar. Também pediu aos líderes governistas que os partidos “fechem questão” contra o impeachment.
Alvo fácil Um desses aliados se preocupa com a superexposição do petista: “Mercadante é o último homem da Guarda Presidencial. Se ele falha, Dilma fica exposta”.
No front Diante da possibilidade de o processo ser instalado na Câmara nos próximos dias, o PC do B organiza ato contra o impeachment de Dilma na terça-feira, às 11h, no Salão Verde.
Sem day off O partido quis se opor à “paralisia do PT” e convocou a militância, líderes partidários e entidades que apoiam o governo para a reunião. Ao saberem da organização, em pleno fim de semana, petistas foram pegos de surpresa.
Faísca A OAB encaminhará esta semana à ONU pedido para que tome medidas sobre a prisão do político venezuelano Leopoldo López, opositor de Nicolás Maduro.
Limites “Não é tolerável que o uso da força estatal seja utilizada para extirpar a existência de adversários políticos”, diz ofício da ordem.
Ouvidos moucos A instituição havia feito um pedido à embaixada da Venezuela no Brasil para visitar as instalações onde estão presos outros opositores do regime e ter acesso a seus processos, mas não obteve resposta.
Atos secretos 1 Uma secretária do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), usou um documento oficial da Casa adulterado para obter empréstimo em uma financeira. Apresentou uma certidão do Senado em que consta como “efetiva”, quando é comissionada.
Atos secretos 2 A falsificação foi comunicada pela empresa ao Senado, que abriu um processo interno, mas o arquivou no último dia 2, depois de dez dias.
Outro lado A presidência da Casa diz que o processo foi suspenso porque a secretária cancelou o pedido de crédito e lavrou boletim de ocorrência segundo o qual a adulteração foi feita por um intermediário entre ela e a financeira, sem seu conhecimento.
TIROTEIO
Apesar de o governo ir mal, nunca conspirei contra ninguém. Não tenho nenhum cargo e sugiro demitir qualquer um atribuído a mim.
DO DEPUTADO BALEIA ROSSI, presidente do PMDB-SP, sobre ministros de Dilma terem-no citado como aliado que tem cargos e conspira contra o governo.
CONTRAPONTO
Goleada na confiança
Em reunião com assessores no gabinete da liderança do PSD na última sexta-feira, o deputado Rogério Rosso (DF) fez um diagnóstico à equipe.
Disse que, na sua visão, Joaquim Levy, o ministro da Fazenda, se assemelhava a Felipão, o ex-técnico da Seleção Brasileira de futebol.
–Os dois são competentes nas suas áreas, mas o Felipão vai ser eternamente marcado pelos 7 x 1 na Copa, e o Levy, pelo rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
Depois da risada dos auxiliares, o líder do partido de Gilberto Kassab (Cidades), da base aliada, completou:
–A Standard & Poor’s é a Alemanha do Joaquim Levy!