Aliados esperam ‘senha’ de Temer sobre impeachment de Dilma
O calendário de Temer A decisão de Michel Temer sobre antecipar ou não o congresso do PMDB que discutirá a saída do governo Dilma Rousseff, marcado para novembro, é vista como a chave para indicar se o vice-presidente passará a “conspirar” pelo impeachment, avaliam caciques do partido. Por ora, Temer admite apenas se afastar da articulação política, sem romper com a presidente. Mas se ele precipitar a consulta ao partido, dizem aliados, dará a senha para o avanço do processo de impedimento.
Thriller 1 Um correligionário aposta que a esperada saída de Temer da costura política aumenta o risco de Dilma não se sustentar no cargo.
Thriller 2 “Depois vão dizer, como sempre, que a culpa é do mordomo”, brinca o peemedebista, resgatando apelido que Antonio Carlos Magalhães pespegou em Temer nos anos 1990: mordomo de filme de terror.
Infiltrado Entre as razões de Temer para deixar a função de articulador está a entrada do ex-chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, nas conversas com parlamentares. O assessor recebeu membros da CPI do BNDES sem que o vice soubesse.
Sem fundo O ministro da Aviação, Eliseu Padilha, que atua como “sub” de Temer no varejo político, jogou a toalha antes do vice. A gota d’água foi a Fazenda recuar no compromisso de liberar R$ 500 milhões de restos a pagar que foram prometidos para contemplar parlamentares.
Desprestígio Temer também notou gestos hostis da própria Dilma, que não o chamou, por exemplo, para a reunião ampliada com membros do governo alemão.
Metendo… Outro ponto que irritou a dupla Temer-Padilha foi decisão da presidente de arbitrar pessoalmente uma disputa entre PSD e PP pelo comando da CBTU, companhia de trens urbanos.
… a colher “Ficava parecendo que eles eram estagiários da Dilma. Eles faziam a precursora e ela é que decidia”, diz um peemedebista.
Significa? No jantar com vereadores e deputados do PMDB, na quinta-feira, Marta Suplicy chamou a atenção ao dizer que “muita coisa pode mudar” até a eleição do ano que vem, inclusive Gabriel Chalita virar ministro.
Indigesto Os peemedebistas que estão no governo Fernando Haddad não ficaram felizes com o jantar. Um deles chegou a dizer que a ida de Marta para o PMDB só aconteceu “porque o prefeito não tem feito sua parte”.
Canto da sereia A senadora disse aos novos companheiros que quer contribuir com o partido, “principalmente na periferia de São Paulo”, onde teria mais entrada do que os peemedebistas e que o prefeito.
In love Em tom humilde, Marta narrou que vinha conversando com os líderes do partido em Brasília desde abril e também disse saber que a relação com a sigla terá de ser construída, como um “início de namoro”.
Gênero O PDT convidou Laerte Coutinho, chargista da Folha, para se candidatar à Câmara de São Paulo. Ela recusou, mas defendeu que os transsexuais sejam representados na disputa.
Previsão Apesar de ter Renan Calheiros (PMDB-AL) como padrinho, Marcelo Navarro, indicado por Dilma para o STJ, não deverá ter vida fácil na sabatina no Senado.
Padrão Adversários do presidente da Casa lembram das “desgastantes 12 horas” que o ministro do STF Edson Fachin passou na CCJ para justificar que não pode haver condescendência agora.
Visita à Folha Aroldo Cedraz, presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Sandro Grangeiro, consultor-geral do órgão, e Cíntia Lima, secretária de comunicação.
TIROTEIO
Diante da força política interna do presidente da Câmara, o “fora Cunha” só tem chance de sair rapidamente se for decidido pela Justiça.
DE JANDIRA FEGHALI (PC do B-RJ), sobre a Casa não levar adiante o afastamento de Eduardo Cunha do cargo depois de ele ter sido denunciado na Lava Jato.
CONTRAPONTO
Gangue do pão de queijo
Duas senhoras chegaram na quinta-feira a seminário sobre corrupção e lavagem de dinheiro, que reuniu, no Rio, nomes como o juiz Fausto De Sanctis e o ex-ministro Jorge Hage. Apesar de não inscritas, queriam entrar.
–Somos estudantes de Direito –disse uma delas.
Ao saberem que era um evento de juízes federais especializados em fraude, correram para o elevador. No caminho, interceptaram outro “colega” que vinha chegando:
–Vamos embora! Rápido!
–Elas são da máfia do coffee break –disse aos organizadores um funcionário do hotel, que explicou que é um grupo famoso por ir a seminários só para comer o lanche.