Saldo de protestos definirá ritmo de aproximação de Cunha com governo

Painel

Quem pisca primeiro? As manifestações deste domingo devem definir se Eduardo Cunha (PMDB-RJ) cederá aos apelos do vice Michel Temer para se reaproximar do governo. Se os atos tiverem a mesma dimensão dos de março, Cunha deve insistir em se manter afastado do governo. Já o Planalto aposta que a radicalização do presidente da Câmara pode isolá-lo inclusive entre seus pares. “Você acompanha o sujeito até a sepultura, mas não entra com ele na cova”, arrisca um ministro de Dilma Rousseff.

Cada um… Não há, no entanto, expectativa de que Cunha se recomponha com o Planalto como Renan. “Os dois têm interesses distintos”, diz um auxiliar da presidente.

… na sua Temer delegou aos presidentes das duas Casas a data da reunião para debater a Agenda Brasil. “Estou sempre à disposição para dialogar com qualquer um”, limita-se a dizer o deputado.

Só amizade O raciocínio do Planalto sobre os limites de fidelidade da tropa a Cunha vale para o namoro de Renan com a presidente.

Pátria amada A vacina do comandante do Senado caso a situação de Dilma se complique após os protestos é que ele tentou “salvar o país, e não uma pessoa”.

Letras… As assessorias jurídicas de partidos aliados a Cunha levantam outros pontos do artigo da Constituição que o STF usou para decidir que cabe ao Congresso analisar contas presidenciais.

… miúdas Acordos internacionais já foram ratificados pela Câmara várias vezes, apesar de o artigo prever sua análise pelo Congresso.

Eu sozinho Cunha estranhou o fato de Luís Barroso ter decidido de forma monocrática uma questão que afeta outro Poder. Pedirá para que o tema vá a plenário.

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Aluna nova Marta Suplicy já participou de reunião da bancada do PMDB na última quarta-feira, antes mesmo de selar seu ingresso no partido. “Agiu como se peemedebista fosse”, relata um colega.

Divã 1 Aecistas colocaram na conta da divisão interna do partido a sucessão de acontecimentos que permitiram ao governo sair das cordas na última semana.

Divã 2 Acham que o “pé no freio” da ala ligada ao governador Geraldo Alckmin na defesa do impeachment de Dilma deu margem para que peemedebistas refluíssem da articulação para dar o poder a Temer e voltassem a se aproximar da presidente.

Tudo ou nada Para ter alguma chance de voltar a emparedar o governo, os tucanos torcem para que as manifestações em todo o país sejam representativas a ponto de inviabilizar o “acordão”.

Rubrica O Acorda Brasil vai usar os atos para colher assinaturas para a campanha “10 Medidas Contra a Corrupção”, do Ministério Público Federal –que quer reunir 1,5 milhão adesões para levá-la ao Congresso como projeto de lei de iniciativa popular.

Tiro… Ao falar em “pegar em armas” para defender Dilma, Vagner Freitas aumentou a rejeição para ser reeleito presidente da CUT.

… no pé Seu mandato termina em setembro. Juvandia Moreira Leite, do Sindicato dos Bancários, é a mais cotada para sucedê-lo.

Bafômetro 1 Pouco tempo depois de deixar a prisão em Curitiba, na quinta, o carro que levava o presidente da Consist, Pablo Kipesmit, foi parado numa blitz da lei seca.

Bafômetro 2 Em seguida, a polícia parou o veículo que levava o ex-assessor de José Dirceu Roberto Marques, o Bob, também recém-libertado, para São Paulo.

A seco Assustados, os dois evitaram sair do carro para não ter contato e não descumprir ordem do juiz Sergio Moro que proíbe qualquer relação entre os investigados.


TIROTEIO

Neste mister da revisão dos cargos do governo federal, lembrei de Che Guevara: ninguém entrega o poder olimpicamente.

DO MINISTRO ELISEU PADILHA (Aviação Civil), sobre a dificuldade para efetivar as trocas nos cargos de indicação política nos escalões inferiores.


CONTRAPONTO

Se você disser que eu desafino

Na última quinta-feira, o Planalto foi tomado por movimentos sociais chamados pela Presidência para um evento com Dilma Rousseff. Entre os grupos, havia entidades de estudantes, com gritos de guerra ensaiados.
–Teve Copa, teve tudo, só não vai ter terceiro turno –gritavam, sempre em coro.
Desavisado, um membro de outro grupo errou o jogral e acabou gritando sozinho. Dilma fez piada:
–Teve desafinado também!
Em seguida, em meio às risadas da plateia, ela concluiu, evocando a canção consagrada por João Gilberto:
–Nos desafinados também bate um coração!