Governadores rejeitam debater ‘pacto’ e assegurar governabilidade a Dilma
Pauta indigesta Os governadores vão nesta quinta-feira a Brasília para a reunião com Dilma Rousseff com um pé atrás. O convite oficial fala em discutir “governabilidade”, algo que oposicionistas não topam. “O ideal seria que a palavra pacto ficasse de fora”, diz um aliado. Também incomoda a sensação de que a presidente irá usar o risco de efeito-cascata para empurrar para eles a responsabilidade de desarmar a pauta-bomba do Congresso, algo que, acreditam, é missão do governo federal.
Déjà vu Governadores que conversaram nesta quarta-feira manifestaram temor de que se repita a cena de 2013, quando, após os protestos, Dilma os chamou a Brasília para, nas palavras de um deles, assistirem a “um discurso sem pé nem cabeça”.
No escuro O gabinete presidencial não informou aos representantes dos Estados quem participará do encontro nem quem falará.
Nem pensar Outra possibilidade que constrange mesmo governistas é a de Dilma querer pedir apoio para aprovar suas contas de 2014 caso o TCU recomende a rejeição.
R.S.V.P. No esforço de conter o anunciado incêndio no Congresso na volta do recesso, Dilma abrirá as portas do Alvorada para um jantar na segunda-feira com líderes da Câmara e do Senado e presidentes de partidos da base.
Aconchego O convite para a residência oficial substitui a ideia anterior de uma reunião no Planalto. Os presidentes das duas Casas, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda não foram chamados.
Nas asas Um petista que defende que Dilma saia de Brasília para tentar aumentar sua popularidade se irrita com a “desculpa” de que seu perfil centralizador a impede de rodar o país. “Ela não tem um gabinete no avião? Viaja e despacha lá de dentro.”
Dois tempos O PT acha que, se a presidente falar diretamente com a população, o ex-presidente Lula pode “ir atrás” e reforçar o contato.
Ecumênico 1 Lula se reuniu nesta quarta com Miguel Torres, presidente da Força Sindical –central que se opõe ao governo. Pediu que o dirigente atue para que o sindicalismo se torne “protagonista de pautas positivas”.
Ecumênico 2 Falando sobre o ajuste fiscal, o petista sustentou que “tem coisa que precisa ser feita”, mas que o importante é apontar o que virá depois. Torres também pediu encontro com FHC.
Cidade… Celso Russomanno (PRB) se diz animado com a possibilidade de enfrentar José Luiz Datena na disputa pela Prefeitura de São Paulo. “Ele fala alto, mas é honesto. Em 2012, quem mentiu e disse que eu ia aumentar a passagem subiu o ônibus e quebrou a cidade.”
… alerta Terceiro colocado em 2012, o deputado diz torcer para que o PSDB escolha o empresário João Doria Jr. como candidato: “Seríamos três jornalistas fazendo uma campanha limpa”.
Em aberto Na conversa que tiveram no início do mês, Michel Temer disse a Marta Suplicy que procurasse a direção paulista do PMDB para apresentar sua “carta de intenções”. O encontro ainda não foi agendado.
Vem… Gilberto Kassab (Cidades) tenta atrair para o PSD pré-candidatos a prefeito com dificuldade para obter legenda acenando com a provável redução do prazo para troca de sigla de um ano para seis meses antes do pleito.
… pra cá O ministro corteja Andrea Matarazzo (PSDB) em São Paulo e iniciou conversas com Pedro Paulo, que pode ter de disputar com o ex-governador Sérgio Cabral prévias no PMDB do Rio.
Reposição A investida de Kassab é também uma reação à esperada desidratação da bancada da sigla com a janela de infidelidade partidária.
TIROTEIO
Queria que o Datena virasse prefeito de qualquer cidade. Em um dia no cargo ele ia perceber que nada do que fala faz sentido.
DE LUIZ MARINHO (PT), prefeito de São Bernardo, sobre a possibilidade de José Luiz Datena, que apresenta o “Brasil Urgente”, ser candidato em São Paulo.
CONTRAPONTO
A voz do povo
Os conselhos da Cidade e de Transporte, em São Paulo, tiveram reunião para debater o fechamento da avenida Paulista para carros em um domingo de junho. Depois de técnicos apresentarem números, padre Camacho, líder comunitário da região da avenida, pediu a palavra:
–Vocês podem mostrar todos esses números para justificar, mas minha contabilidade é outra: a da missa!
Depois do momento de apreensão, ele concluiu:
–Sei se o trânsito está ruim pelo número de assentos vazios, hóstias que sobram e gente atrasada. No domingo, a missa da manhã foi normal e a da tarde mais cheia. Para mim, o fechamento está aprovado.