Agência federal trava disputa com SP sobre renovação do Cantareira
NATUZA NERY (interina)
Torneira fechada A Agência Nacional de Águas quer renovar por dez anos a concessão do sistema Cantareira à Sabesp, mas o Palácio dos Bandeirantes defende uma outorga por 30 anos. A divergência ocorre nos bastidores e reedita a tensão de 2014. O governo federal propõe quatro níveis de vazão da água: “normal”, “atenção”, “alerta” e “crítico”, que serviriam como referência para medidas de redução de consumo e racionamento. São Paulo, porém, apresentou apenas os estágios “normal” e “crítico”.
Momentos A agência pressiona para usar o cenário de seca registrado em 2013 e 2014 como parâmetro para a definição dos níveis. O governo Geraldo Alckmin argumenta que esses anos foram atípicos e briga pela adoção de uma regra menos rígida.
Abre e fecha Uma autoridade federal traduz o debate da seguinte forma: a ANA tenta deixar a torneira mais fechada para abri-la quando houver mais chuvas, o governo paulista quer manter o registro aberto e fechá-lo apenas em cenários de seca.
Desfalque Enquanto as duas esferas brigam pelos termos da concessão, 24 cidades em SP devem R$ 630 milhões à Sabesp. Diversos municípios cobraram pela água de seus contribuintes, mas não repassaram o dinheiro arrecadado à estatal paulista.
Queda livre Depois de um deficit de arrecadação de cerca de R$ 700 milhões em maio, o governo paulista segue sem atingir as expectativas mensais de receita. Nas primeiras semanas de julho, o deficit somou R$ 233 milhões.
Lá e cá O governo federal vive o mesmo drama. Para amenizar o problema, editará uma medida provisória que facilita o pagamento de impostos atrasados por empresas. A expectativa é arrecadar R$ 20 bilhões.
Risco A redução da meta de superavit primário fez surgir no mercado financeiro o temor de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a favor da manutenção do atual 1,1% do PIB, deixe o cargo. Levy, porém, não deu este sinal na terça.
Veja bem Para compensar o desgaste político com a redução da meta, técnicos do governo trabalhavam numa proposta de corte adicional de despesas próximo a R$ 10 bilhões. O número pode sofrer mudanças.
Antes só Um dos e-mails de Marcelo Odebrecht flagrados pela PF mostra uma discussão sobre convidar ou não a presidente Dilma Rousseff para visitar um projeto da Braskem no México.
Cara amarrada “Até por educação temos que oferecer/tentar. Ainda que ache bem improvável”, escreveu Marcelo, em abril deste ano. “Primeiro, porque ela já chega nos lugares querendo sair e não gosta de fazer nada que já não seja obrigada.”
Esquerda caviar Em outro e-mail, em 2012, Marcelo confirma à mulher a presença de uma sindicalista em um jantar em sua casa. “Se sujar minha toalha de linho ou pedir Marmitex… vou pirar. Saudações Sindicais? Não mereço”, respondeu Isabela.
Braço direito Pode haver mudanças na articulação política do governo. O vice Michel Temer cogita colocar um nome de sua confiança na Secretaria de Relações Institucionais. Os cotados são Rodrigo Rocha Loures e Tadeu Filipelli, ambos do PMDB.
Para o alto A investigação de um procurador do Ministério Público contra Lula fez com que dirigentes do PT sugerissem o ex-presidente para o ministério de Dilma, com o objetivo de dar-lhe foro privilegiado. Lula cortou essa campanha na raiz.
Sem meio-termo Sindicalistas do Judiciário brincavam sobre o reajuste da categoria: diziam que o Planalto oferecia aumento equivalente à aprovação de Dilma (7,7%) e os servidores pediam a avaliação negativa (70,9%).
TIROTEIO
A popularidade da presidente Dilma já perde para a inflação e só ganha do PIB porque o crescimento da economia do país é negativo.
DO DEPUTADO BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE), líder da minoria, sobre resultado de pesquisa CNT/MDA, que mostra aprovação de 7,7% ao governo Dilma Rousseff.
CONTRAPONTO
Bola murcha
O ex-deputado e atual secretário-geral da CBF, Walter Feldman, fez campanha na Câmara pela aprovação da MP do Futebol, no início de julho.
Reencontrou colegas e teve de atualizar alguns desavisados, que não sabiam que ele decidira deixar a política partidária ao menos por enquanto.
—E a Rede, como vai? —perguntou um deputado tucano, em referência ao partido de Marina Silva, que Feldman tentou ajudar a fundar em 2013.
—Não estou mais com a Rede. Agora só fico na CBF.
—Ah, largou a Rede mas ficou com a bola na rede… —brincou o parlamentar, para disfarçar a bola fora.