Ala do TCU propõe saída alternativa à rejeição das contas de Dilma

Painel

NATUZA NERY (interina)

Rejeição disfarçada Ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) favoráveis ao governo passaram a defender nos bastidores que a corte não use o verbo “reprovar” em sua decisão sobre as contas da presidente Dilma Rousseff referentes a 2014. Na visão desse grupo, a alternativa seria dizer que as contas da União são “incompatíveis” com seu balanço fiscal. Assim, o ônus de uma eventual rejeição ficaria com o Congresso. Os ministros pró-reprovação criticam a ideia, acham que isso é “dourar a pílula”.

Tudo como antes Apesar da sugestão, o placar no tribunal ainda tende à rejeição. O Palácio do Planalto jogará pesado nas próximas duas semanas para tentar reverter o quadro atual. Caso não haja sinalização de veto, o governo se compromete a não repetir as manobras contestadas pelo TCU.

Ponta do lápis A turma que atua na linha de frente no Congresso pela saída de Dilma da cadeira presidencial já contabiliza ao menos 250 votos a favor de um eventual pedido de impeachment. O número está abaixo dos 342 votos exigidos pela Constituição para deflagrar um processo dessa natureza.

Fotografia A contagem mostra o nível de engajamento das forças políticas que tentam patrocinar o impedimento da petista e, ao mesmo tempo, sinaliza a dificuldade de obter, hoje, o apoio à tese da cassação de mandato.

Agosto Por essa razão, a estratégia de setores da oposição e do PMDB é usar o mês de agosto para tentar aprofundar o desgaste do Planalto e, assim, ampliar o placar.

Vantagem No quadro atual, o Palácio leva a melhor na contagem dos votos. Precisa colocar um terço de sua tropa para conseguir barrar a abertura de um processo na Câmara. Os opositores precisam arregimentar dois terços dos deputados.

Tinteiro “Dilma ainda tem a caneta na mão”, afirma um peemedebista. Até tucanos dizem que, se o governo lançar mão de expedientes escusos, pode comprar apoio para se manter de pé.

Boas-vindas O presidente do PSDB, Aécio Neves, acertou com a cúpula do Senado a instalação da CPI dos Fundos de Pensão assim que o Congresso retornar do recesso. O tucano contratará ex-funcionários de fundos para dar suporte às investigações.

Chuvas e trovoadas A chamada tempestade perfeita, termo que ilustra as dificuldades simultâneas do Executivo nos campos político e econômico, ganhou mais uma nuvem carregada nos últimos dias: a China.

Ressaca O governo teme que as dificuldades financeiras enfrentadas por um de seus principais parceiros comerciais acentue a recessão no Brasil a partir do mês que vem. “A China não estava nos nossos cálculos. É cem vezes pior que o TCU”, disse um assessor presidencial.

Sem perdão Joaquim Levy (Fazenda) avisou nesta segunda-feira a líderes do Senado que vai recomendar o veto ao prolongamento do Refis para clubes de futebol. Argumentou que o governo teme que o benefício passe a ser pleiteado também por empresas de outros setores.

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Pedala Dilma ganhou sua terceira bicicleta de presente do prefeito de São Francisco, Ed Lee, na viagem que fez aos EUA. Assessores brincam que, logo, a chefe institui o Minha Bicicleta, Minha Vida.

Mudança de ares A visita de Geraldo Alckmin a Dilma nesta terça é o sexto compromisso oficial do governador em Brasília desde janeiro. Em 2014 ele quase não pisou na capital federal. Trata-se de estratégia para ganhar holofote nacional e se apresentar como presidenciável.

Visita à Folha Claudio Lottenberg, presidente do hospital Albert Einstein, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.


TIROTEIO

Um partido com o tamanho do PMDB não pode ser satélite. Trabalhamos, sim, para apresentar um candidato em São Paulo.

DO DEPUTADO BALEIA ROSSI (PMDB-SP), presidente estadual da sigla, sobre a disposição de lançar um nome para concorrer à sucessão de Fernando Haddad.


CONTRAPONTO

O vermelho e o amarelo

Notório apreciador e conhecedor de vinhos, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tem uma maneira peculiar de organizar sua adega pessoal.

Cada garrafa é rotulada com adesivos coloridos: verde, amarelo ou vermelho. O objetivo é fazer com que os filhos dele, que não têm o mesmo conhecimento enológico que o pai, tenham uma noção do que vão consumir.

—As verdes eles podem pegar. As amarelas, só em ocasiões especiais —, diz Kakay, para arrematar:

—E as vermelhas, de jeito nenhum. Os moleques não podem chegar e sentar na janela, né?—, conclui, às gargalhadas.