Ministros temem desmoralização do TCU ao julgar contas de Dilma
Faca no pescoço Acuados com a inédita repercussão de um julgamento do órgão, ministros do TCU temem a desmoralização caso não tomem uma posição firme sobre as contas de Dilma Rousseff. O medo é que o prazo dado para que a presidente se manifeste sobre o voto do relator Augusto Nardes, que deverá recomendar a “não aprovação” das contas seja lido como tentativa de fugir à responsabilidade de decidir e dar uma chance ao governo para justificar as irregularidades.
Hora H “Se O TCU não recomendar a rejeição, não precisa mais julgar contas de ninguém. Nunca houve tão flagrante irresponsabilidade fiscal”, disse à coluna o procurador da República junto ao TCU Julio Macedo, autor de relatório pedindo a reprovação das contas de Dilma.
Romaria Depois de Joaquim Levy (Fazenda), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Luís Adams (AGU), que conversaram com ministros nas últimas semanas, nesta terça estiveram no TCU Nelson Barbosa (Planejamento), Jaques Wagner (Defesa) e Eduardo Braga (Minas e Energia).
Precedente Há quatro jurisprudências do STF que recomendavam que, em caso de rejeição de contas, é necessário dar prazo de defesa para os governantes.
Os anéis Levy foi convencido por Temer a flexibilizar o fim das desonerações para alguns setores sob o argumento de que era simbólico aprovar a medida.
Os dedos Em fase benevolente, o titular da Fazenda também topou pressão da articulação política para liberar até R$ 5 bilhões em emendas deste ano e restos a pagar de 2014 para contemplar parlamentares e facilitar a votação.
Extrato Temer brincou com o ministro que, até agora, sacou de seu próprio cartão de crédito para aprovar as medidas do ajuste. “Chegou a hora de pagar o boleto.”
Realismo… Romero Jucá (PMDB-RR) vai apresentar uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016 para reduzir a meta de superávit primário deste ano de 1,1% para 0,6% do PIB –e não 0,9%, como estimam técnicos da equipe econômica.
… fantástico O senador quer discutir o tema com Levy. A meta de 2016 seria de 1% e a de 2017, de 1,5%. Só em 2018, se chegaria a 2%.
Um de nós Quando foram buscar Edson Fachin para entrar no plenário pela primeira vez como ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso lhe desejou “sucesso” e Celso de Mello disse: “Seja bem-vindo”.
Fazendo amigos Diferentemente de Michel Temer e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Renan Calheiros (PMDB-AL) esperou alguns segundos no plenário do Supremo após a posse de Fachin para cumprimentar os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.”
Fumaça branca Na fila para cumprimentar Fachin, dez meses após a vaga aberta pela aposentadoria de Joaquim Barbosa, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) brincou com o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil): “Então, Padilha, finalmente ‘habemus’ ministro!”.
Máfia Demitido nesta terça por envolvimento na máfia do ISS, o auditor fiscal Fábio Remesso integrou a Executiva Municipal do PMDB até 2013. Ele costumava usar as redes sociais para postar fotos com caciques da sigla.
Blindado A nova investigação contra o secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, não surtiu efeito no PMDB. Ele deve ser mantido presidente municipal.
Fogo amigo Ao apoiar proposta de José Serra (PSDB-SP) para ampliar o tempo de internação de jovens infratores, o governo quer rachar o PSDB. Para petistas, o reforço ao tucano pode enfraquecer Aécio Neves (PSDB-MG) e a bancada tucana da Câmara.
TIROTEIO
É duro ficar calmo quando tem gente presa, em greve de fome e sendo massacrada nas ruas, como ocorre na Venezuela.
DO SENADOR ALOYSIO NUNES FERREIRA (PSDB-SP), sobre o governo Nicolas Maduro não autorizar desembarque de senadores brasileiros em Caracas.
CONTRAPONTO
Intercâmbio cultural
Sentados lado a lado durante a posse do ministro Edson Fachin no STF, senadores se divertiam com o rito da corte. Quando o presidente Ricardo Lewandowski chamou Luís Barroso de o ministro mais “moderno”, por ter sido o último a ingressar, muitos se entreolharam:
–Moderno? Que diferente, né? –comentou Marta Suplicy (sem partido-SP) com Roberto Requião (PMDB-PR).
Em seguida, se surpreenderam com a rapidez da solenidade, pouco mais de dez minutos.
–Quando não se precisa do voto popular os ritos são diferentes –comparou o líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE).