Balanço com R$ 6 bi em desvios frustra empreiteiras e ala do governo
Balde de água fria Empreiteiras e setores do governo acalentavam a esperança de que o balanço da Petrobras de 2014, finalmente divulgado nesta quarta-feira, não computasse explicitamente perdas com corrupção uma vez que o ex-diretor Paulo Roberto Costa disse que não houve superfaturamento em contratos. Mas desde que assumiu, Aldemir Bendine já sabia que a PwC, que audita as contas, não aceitaria valor abaixo de R$ 5 bilhões —cifra que já havia sido ventilada por Graça Foster, e recusada.
Tentativa… Em dezembro, a gestão Graça havia proposto um valor de R$ 4 bilhões, que foi recusado. A diretoria subiu para R$ 5 bi, também rejeitados.
… e erro Quando assumiu, Bendine ouviu dos auditores que Graça e sua equipe estavam perdidos, dispostos a entregar qualquer número só para ter certificação.
Método O novo presidente da Petrobras, então, enviou o vice-presidente financeiro, Ivan Monteiro, aos EUA para conversar com a equipe da PwC e tentar fechar um método de aferição do prejuízo.
Pesado Outro susto no mercado e no governo foi o valor do impairment (reconhecimento contábil de que os ativos valem menos do que anteriormente calculado), de R$ 44 bilhões. A expectativa era de um número menor.
Drible 1 O PSDB vai acionar sua assessoria técnica no Congresso e buscar análises preliminares do TCU para tentar mostrar que o governo realizou pedaladas também no começo de 2015.
Drible 2 O partido quer essa garantia para evitar que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) use o argumento de que é impossível abrir processo de impeachment de Dilma Rousseff por atos do mandato anterior.
Acordo Em almoço com FHC na terça-feira, Aécio Neves (MG) garantiu que o partido só vai apresentar pedido de impeachment se houver base concreta. O ex-presidente indicou que apoiará a iniciativa, nesse caso.
Timing Uma ala do PSDB defendia que o partido devolvesse parte do recurso extra do fundo partidário para se contrapor a Dilma. Líderes se frustraram quando o PMDB saiu na frente no gesto.
Extra O Senado deve aprovar projeto que permite que ministros com mandato de senador participaem de conselhos de estatais e recebam jeton o que hoje é proibido. Romero Jucá (PMDB-RR) deu parecer favorável.
Aval O autor do texto é Douglas Cintra (PTB-PE), suplente do ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento), que hoje não pode integrar conselhos como o do BNDES.
Passa lá Diante do acúmulo de poder do vice Michel Temer, parlamentares passaram a chamar o Palácio do Jaburu de posto Ipiranga —numa alusão à propaganda da rede que promete resolver qualquer problema.
Como faz? O PT quer fazer barulho na Assembleia com pagamentos do governo Geraldo Alckmin à empresa de um blogueiro antipetista, mas não sabe como. A minuta do pedido de CPI está pronta, mas só tem 14 das 32 assinaturas necessárias.
Fechado As comissões temáticas, nas quais poderiam ser convocados os citados, ainda não estão constituídas.
Visita à Folha Carlos Fadigas, diretor-presidente da Braskem, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais e Desenvolvimento Sustentável, André Vieira, diretor de Comunicação Empresarial, e João Rodarte, presidente da CDN Comunicação Corporativa.
TIROTEIO
O balanço da Petrobras mostra o verdadeiro nós contra eles. Eles produzem a corrupção, e nós, o povo, pagamos a conta de R$ 6 bilhões.
DE MENDONÇA FILHO (DEM-PE), líder da bancada na Câmara, sobre a divulgação do balanço da estatal com perdas de R$ 6,2 bi ligadas à corrupção.
CONTRAPONTO
Com saída para o mar
Na sabatina de Reynaldo Fonseca para o STJ, nesta quarta-feira, o presidente da CCJ, José Maranhão (PMDB-MA), passou a palavra a Antonio Anastasia (PSDB), e o chamou de representante do Estado do Ceará.
O tucano, que é mineiro, respondeu:
—Minas incorpora o Ceará com muito gosto!
A falha virou piada durante a sessão. No fim, Anastasia e Eunício Oliveira (PMDB-CE) foram chamados para serem os escrutinadores da votação.
Eunício se levantou e brincou:
—Vamos lá, dois cearenses!