Dilma congela mudança no indexador das dívidas e irrita Haddad

Painel

Trancaram o cofre A ordem no governo federal é não mandar ao Congresso neste ano a regulamentação da lei que mudou o indexador das dívidas de Estados e municípios. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), tem demonstrado irritação com Dilma Rousseff pela mudança na condução da renegociação da dívida e a demora em liberar a verba do PAC para obras na capital paulista. Desde que assumiu, Haddad recebeu apenas R$ 418 milhões dos R$ 8,1 bilhões prometidos pelo governo.

Novos tempos O diagnóstico da equipe econômica, agora encampado pelo Planalto, é que a mudança do indexador só ajuda municípios ricos, como São Paulo e Rio de Janeiro, e significaria um rombo de R$ 3 bilhões ao ano para o Tesouro.

Velhos dias A renegociação das dívidas é atribuída ao ex-secretário do Tesouro Arno Augustin e, para a área econômica do governo, coloca em risco um dos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal, daí seu envio para a geladeira, sem prazo de sair de lá.

Homem novo? A ideia de Haddad é mostrar na campanha à reeleição a imagem de um prefeito moderno, que realizou obras de olho no futuro da cidade. A falta de repasse do PAC, dizem aliados do prefeito, inviabilizará a segunda parte da narrativa.

Acelera Assessores do prefeito querem que ele faça em março e abril uma agenda intensiva de anúncios de obras. Até hoje, Haddad não entregou nenhum CEU.

Portfólio Entre os empreendimentos prioritários estão a PPP de iluminação, a nova etapa da Operação Faria Lima e a operação urbana Mooca-Vila Carioca, previstas no Plano Diretor.

Cilada Um obstáculo à intenção de mostrar Haddad como um prefeito “moderno” é o impasse na criação do parque Augusta. Assessores apontaram que “todo cuidado é necessário” na condução dessa negociação.

Faz-me rir Marta Suplicy ironiza o esforço de Haddad para se diferenciar dos políticos. “No meu tempo eu não tinha tempo de dar aula de pós-graduação. Trabalhava de manhã, à tarde e à noite”, diz a senadora e provável adversária do petista em 2016.

Para depois 1 O governo inicia a discussão das medidas provisórias do ajuste fiscal no Congresso nesta semana tentando postergar as concessões que precisará fazer.

Para depois 2 A estratégia é tentar contentar parlamentares e centrais sindicais prometendo flexibilizar medidas com efeito para o ano que vem e manter o máximo possível o ajuste deste ano.

Limpa Depois de Wilson Santarosa, mais um apadrinhado do ex-ministro José Dirceu deve ser demitido da Petrobras por Aldemir Bendini. O presidente da empresa deve exonerar o ouvidor-geral da estatal, Paulo Otto.

Preventiva A saída de Otto é uma ação para se antecipar à CPI da Petrobras, que vai requerer todas as denúncias que chegaram à ouvidoria nos últimos anos. A comissão quer checar informações de que as reclamações endereçadas ao órgão foram arquivadas sem apuração.

Valendo O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem dito a colegas que a verdadeira “lista do Janot” será a de denunciados que ele apresentará ao final dos inquéritos da Lava Jato.

Águas vão rolar Procuradores lembram que, no inquérito inicial do mensalão, só havia um deputado: Josias Gomes (PT-BA). Depois, o petista não foi incluído na denúncia de Antonio Fernando, mas vários outros foram denunciados e condenados.

À vista ou a prazo Janot e sua equipe ainda não decidiram se farão uma única denúncia, com todos os acusados, como no mensalão, ou se, estrategicamente, é melhor ir apresentando os inquéritos que tiverem a conclusão mais rápida para apreciação do STF em etapas.


TIROTEIO

Você mede a solidão da presidente quando até o cabelereiro desiste de fazer sua cabeça e prefere se calar e indicar a leitura de ‘Caras’.

DE ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB), prefeito de Manaus, sobre Celso Kamura ter dito, na festa de Marta Suplicy, que deixou de ‘trocar ideias’ com Dilma.


CONTRAPONTO

Tio Sam no panelaço

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Desde que disse que suspeitava que a CIA, serviço de inteligência norte-americano, estava por trás dos protestos contra Dilma Rousseff, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), tem sido alvo de piadas de outros políticos.

–A CIA já distribuiu panelas para vocês? –postou no Twitter o senador Ronaldo Caiado (DEM).
Na quarta-feira, quando o líder do PT entrava no carro para deixar a Câmara, um peemedebista gritou:
–Cuidado, Sibá, que esse carro é da Swat!