Governo evita ‘vitimização’, contradiz PT e diz que panelaço é legítimo

Painel

Em fogo brando O Palácio do Planalto fez questão de se diferenciar do PT ao reagir ao panelaço que tomou pelo menos 12 Estados durante pronunciamento de Dilma Rousseff no domingo. Tanto a presidente quanto Aloizio Mercadante (Casa Civil) reconheceram a legitimidade dos protestos e evitaram rotular os insatisfeitos como “elite” ou “burguesia”. O objetivo é evitar que a “vitimização” de Dilma infle os atos marcados para dia 15 —esses sim preocupantes, pelo viés pró-impeachment.

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Pressão O entorno da presidente considerou a fala longa demais e acha que o pedido de “paciência” jogou o governo na defensiva.

Numa nice Para tentar sair das cordas, Dilma manterá a agenda intensa de compromissos públicos nesta semana, sem reduzir a exposição para evitar vaias.

Como faz? Lula deve discutir com a aliada nesta terça uma de suas principais preocupações: a dificuldade do PT de lidar com fenômenos novos, como os protestos de junho de 2013 e de agora.

Natural Conselheiros de comunicação da presidente argumentam que protestos mais radicais são normais em “democracias vivas” como as da América Latina e que o Brasil tem instituições sólidas para conviver com eles.

Pulso O PT paulista monitorou a repercussão do panelaço nas bases do partido. Os resultados apontaram “baixíssima ou nenhuma” adesão na periferia da capital.

Fatias O governo estuda propor ao Congresso o reajuste escalonado da tabela do Imposto de Renda. Trabalhadores com renda menor teriam reajuste de 6,5%, e a faixa maior, de 4,5%.

O que dá O Planalto demonstrou ter consciência de que o veto à correção de 6,5% para todas as faixas de renda será derrubado se não houver uma proposta alternativa.

Missão… Jaques Wagner (Defesa) foi escalado por Dilma para tentar acalmar Renan Calheiros (PMDB-AL) depois de o presidente do Senado acusar o governo de agir para implicá-lo na Lava Jato.

… de paz O ministro visitou o senador no domingo numa tentativa de reconstruir pontes às vésperas de votações importantes.

Estreia Já Michel Temer foi incumbido de conversar com Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O vice se reuniu à tarde com o presidente da Câmara, em seu gabinete.

Na mira PSDB e PMDB articulam acordo para marcar o depoimento de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras que era ligado ao PT, para quinta-feira na CPI.

Sete chaves Tucanos ficaram incomodados com o pedido de Pedro Barusco para que sua oitiva nesta terça seja secreta. Temem ser acusados de pedir o sigilo porque o ex-gerente da estatal disse que começou a receber propina no governo FHC.

Promotor Apesar de não ser integrante da CPI, o líder tucano Carlos Sampaio (SP) será o responsável da sigla por inquirir os depoentes.

Muro Tucanos tentam se equilibrar nas críticas à abertura de inquérito contra Antonio Anastasia. Não querem desqualificar o trabalho da força-tarefa da Lava Jato, mas se sentem obrigados a defender o senador mineiro.

Torneira Os secretários de água e recursos hídricos de São Paulo, Rio e Minas se reúnem com o presidente nacional da ANA (Agência Nacional de Água), Vicente Andreu, nesta terça para bater o martelo sobre a obra de interligação dos sistemas Paraíba do Sul e Cantareira.


TIROTEIO

Se não bastassem a crise econômica e política, Dilma faz um discurso alienado e pede paciência. As ruas só responderam.

DE MARCUS PESTANA (PSDB-MG), deputado federal, em resposta à afirmação do PT de que o panelaço de domingo foi uma manifestação da “burguesia”.


CONTRAPONTO

Diários da motocicleta

Ao anunciar na última sexta-feira a concessão de benefícios previdenciários a moradores do Acre vítimas das enchentes, o ministro da Previdência, Carlos Gabas, foi questionado se a presidente Dilma Rousseff iria acompanhá-lo em visita ao Estado.
–Isso tem que ver com a Presidência. Eu irei –informou, sobre visita que faria no fim de semana.
Os repórteres aproveitaram o gancho para brincar com o ministro e perguntar quando ele e Dilma fariam novo passeio de moto.
–Ela que manda! Eu sou só o piloto –respondeu ele.