Em 2005, Renan dizia que só plenário podia devolver MPs

Vera Magalhães

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que devolveu ao Executivo a medida provisória que reduz as desonerações de folhas de pagamentos, dizia em 2005 que só o plenário da Câmara ou do Senado poderia tomar iniciativa.

Na época, Renan acabara de ser eleito presidente do Senado pela primeira vez e reagia a Severino Cavalcanti (PP-PE), eleito para comandar a Câmara e que ameaçava começar a devolver as MPs que não atendessem ao requisito de urgência.

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O peemedebista tinha, então, boa relação com o governo Lula, diferentemente de agora, quando acumula insatisfações que vão da participação nas indicações ao fato de, segundo informações, figurar na lista de indiciados por suposta participação nos desvios apontados pela Operação Lava Jato.

Severino, pelo contrário, tinha sido eleito à revelia do Planalto e se insurgia contra o governo para poder ter mais influência no preenchimento de cargos.

Renan dizia que encomendara um parecer à Secretaria-Geral da Mesa, segundo o qual só o plenário teria prerrogativa de rejeitar a admissibilidade das MPs.

Logo em seguida, no mesmo ano, Severino renunciou à presidência da Câmara para evitar ser cassado. Renan fez o mesmo em 2007, depois de ser acusado de receber ajuda de uma empreiteira para pagar pensão alimentícia a uma filha.