PMDB concorda em apoiar ajuste, mas quer mais participação no governo
Os principais líderes políticos do PMDB concordaram, durante jantar com ministros no Palácio do Jaburu nesta segunda-feira, em apoiar a aprovação Congresso, das medidas provisórias que compõem o pacote de ajuste econômico proposto pela presidente Dilma Rousseff.
O principal partido da coalizão governista pediu, no entanto, uma “reestruturação” da aliança, de forma a definir o papel de cada sigla, e uma maior participação na tomada de decisões políticas.
Desde a posse de Dilma, vários episodios haviam desgastado a relação entre o Palácio do Planalto e o partido. A crise atingiu o ápice com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara.
No jantar na casa do vice-presidente Michel Temer, Cunha adotou um discurso colaborativo, segundo congressistas e ministros presentes, e prometeu atuar junto aos deputados do partido pela aprovação das medidas.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez uma explanação “técnica, porém clarissima” sobre a importância do ajuste, que inclui reorganização de tributos e mudanças nas regras de acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, como seguro-desemprego e pensão por morte.
Segundo um dos ministros presentes, os peemedebistas sugeriram que o governo, sempre que falar sobre as médias, que têm grande dose de sacrifícios para trabalhadores e outros setores, informe os riscos de sua nao-aprovação e as “consequências benéficas” para a retomada do crescimento e do emprego, como forma de ajudar a negociação no Legislativo.
Além de Levy, participaram do jantar os ministros do PMDB, o titular do Planejamento, Nelson Barbosa, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante –que faz um movimento de reaproximação com o PMDB depois de ter sido responsabilizado pelo partido por atuar contra a escolha de Cunha e pela redução dos espaços da sigla em cargos do governo.
Também estiveram presentes o presidente do Sensdo, Renan Calheiros, o ex-senador José Sarney e os líderes do partido na Câmara e no Senado.
Os peemedebistas fizeram questão de ressaltar a importância de fortalecer o papel de Temer na articulação política. Aliados do vice se queixavam de que Dilma não ouvia o companheiro de chapa na tomada de decisões e não o incluiu no conselho informal que a assessora na área.
A presidente soltou nota negando o distanciamento e fazendo elogios ao vice, o que foi visto como um sinal de que pretende mudar a conduta nesse caso.