Para estimular delação, procuradores incentivam ‘corrida’ entre executivos
Corrida do ouro Procuradores da Operação Lava Jato incentivam uma espécie de corrida entre Ricardo Pessoa, proprietário da UTC Engenharia, e Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, para ver qual dos dois fecha antes um acordo de delação premiada. Pessoa é considerado mais “promissor”, por, supostamente, possuir arsenal maior para implicar políticos de peso. Por ora, as informações de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa atingem apenas um escalão intermediário da política.
Quem vai? A Camargo Corrêa, no entanto, está mais próxima de aceitar um acordo que reduza a pena de seus dirigentes. Não está definido se só Leite falará, ou também os demais diretores presos.
Escopo O Ministério Público ainda espera obter da Camargo um acordo em que a empresa admita, também, as irregularidades apontadas na Operação Castelo de Areia, anulada pelo STJ em 2010.
Controversa A decisão da Petrobras de bloquear as empresas investigadas na Lava Jato dificulta os acordos de leniência propostos pela CGU. No governo, o entendimento é que a sanção fixada pela estatal foi exagerada e só seria cabível quando fossem encerradas as apurações.
Pra já Aloizio Mercadante (Casa Civil) defendia a saída de Graça Foster desde o início do novo mandato, mas Dilma Rousseff resistia. A decisão de manter a presidente da Petrobras até o fim do mês também foi da petista, para dar tempo de achar o substituto.
Conjunto vazio Vários fatores dificultam a definição do nome. Além de responder por uma crise política e financeira sem precedente, o escolhido tem de aceitar chegar em uma máquina acuada e refratária a “forasteiros”.
Respiro Em meio à crise, o ministro Arthur Chioro (Saúde) deve anunciar nesta quarta-feira que a adesão de profissionais formados no Brasil ao Mais Médicos superou em muito as expectativas.
Aceno Chioro, que tem se reaproximado das entidades médicas após a polêmica dos profissionais cubanos, deve anunciar às associações que não haverá a contratação de estrangeiros para o Mais Especialidades, principal promessa de campanha petista.
Barreira Na reunião de segunda-feira à noite, caciques do PMDB decidiram colocar em votação no Congresso um projeto de lei que estabelece um número mínimo de pré-filiações para a criação de novos partidos.
Que fazer? Nos últimos meses, dirigentes do partido procuraram Dilma para dizer que a movimentação de Gilberto Kassab (Cidades) para fundar o PL causava desconforto. Ela indicou que não tinha como interferir no tema.
Presente O ex-senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) esteve no encontro do Palácio do Jaburu, na segunda. Queixou-se do PT e disse que o partido não respeita os peemedebistas.
Com o inimigo As centrais sindicais decidiram incluir Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na briga contra o governo pela derrubada das medidas que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas. Marcaram reunião com o presidente da Câmara na próxima terça.
Espelho meu Dilma adotou novo hábito desde que iniciou a dieta Ravenna, que já a fez perder ao menos 12 kg. Nas viagens, tem levado uma balança portátil na bagagem.
Conta-gotas O governo de São Paulo quer que a Sabesp amplie a oferta de água de reúso para indústrias na região do ABC paulista, por meio do Aquapolo. A estação produz água sob demanda e está aquém de sua capacidade máxima, de 1 m3/s.
TIROTEIO
A saída de Graça Foster afirma a autoridade de Levy, ao mesmo tempo em que mostra Dilma encurralada em seu próprio governo.
DO DEPUTADO ARTHUR VIRGÍLIO BISNETO (PSDB-AM), sobre a decisão da presidente de trocar o comando da Petrobras após denúncias sobre a estatal.
CONTRAPONTO
A crise hídrica do Congresso
Na sessão que escolheu o novo presidente da Câmara, no último domingo, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) foi o primeiro dos quatro candidatos a discursar. Depois de 15 minutos de fala, reparou que, contrariando costume da Casa, não havia um copo com água à sua disposição.
—Deixo o meu protesto, porque a crise hídrica chegou até aqui: não me deram um copo d´água! —queixou-se.
A reclamação serviu ao menos para interromper a estiagem no plenário: os outros três candidatos —Arlindo Chinaglia (PT-SP), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Julio Delgado (PSB-MG)— tiveram água à disposição na tribuna.