Cristal trincado Convidados presentes à posse de Joaquim Levy (Fazenda) diziam reservadamente que o temor sobre a falta de autonomia da nova equipe econômica se concretizou com o desmentido que Dilma Rousseff obrigou Nelson Barbosa (Planejamento) a fazer sobre as novas regras de reajuste do salário mínimo. “Alexandre Tombini já não era novidade. Agora Barbosa é desautorizado e perde estatura. Sobrou apenas o Levy como esperança para reforma”, dizia um expoente do setor produtivo.

Ano novo Afonso Bevilaqua, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, compareceu à posse na Fazenda. No primeiro mandato de Lula, quando Levy era secretário do Tesouro, os dois viviam em guerra e não se sentavam à mesma mesa.

Vida nova O economista Samuel Pessôa, um dos colaboradores do programa de governo de Aécio Neves (PSDB) na campanha eleitoral, também esteve presente.

Argo Conhecido pelo perfil conciliador, Aldo Rebelo conseguiu juntar em sua posse no Ministério de Ciência e Tecnologia a embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde, e o embaixador do Irã, Mohammad Ali.

Incerto Além de Turismo e Integração Nacional, Dilma ainda pode fazer trocas nas pastas de Meio Ambiente —Izabella Teixeira deu sinais de que quer sair— e Direitos Humanos, tirando Ideli Salvatti.

Toma lá Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) não vão reduzir a beligerância na disputa pela presidência da Câmara. O petista respondeu ao adversário, que lembrou que seu filho foi conselheiro do Cade. “Cunha baixou o nível. Isso é sinal de fraqueza”, disse.

Dá cá “Não dá para ele ter a cara de pau de acusar os outros de terem cargos no governo enquanto ele usou a presidência da Câmara para nomear o próprio filho”, volta à carga o peemedebista.

Êxodo Além das três baixas que sofreu na equipe no fim do ano, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, terá de substituir um de seus auxiliares mais próximos. Luís Fernando Massonetto pediu para deixar a Secretaria de Negócios Jurídicos.

Academia Massonetto, que integra o núcleo duro da gestão e está com Haddad desde o MEC, quer retomar sua carreira na Faculdade de Direito da USP.

Perfis A dificuldade de substitui-lo é semelhante à de encontrar um novo corregedor-geral do município: precisa ser alguém técnico, mas da confiança do prefeito e refratário a pressões políticas.

Headhunter Vereadores petistas lembram que, na reunião que fez com a bancada em dezembro para discutir a sucessão na presidência da Câmara Municipal, Haddad havia sinalizado que Nabil Bonduki —que deve assumir a pasta da Cultura— tinha perfil “secretariável”.

Sem palanque Tucanos em campanha pela presidência da Assembleia paulista reclamam do baixo quorum de deputados estaduais na posse de Geraldo Alckmin. Se queixam de terem abreviado as férias em vão.

Olha eu aqui Os candidatos ao comando da Casa aproveitaram, ao menos, para marcar presença e tentar a bênção do governador.

No vermelho Flávio Dino (PC do B) diz ter recebido o governo do Maranhão com R$ 24 milhões de saldo em conta e restos a pagar referentes a encargos trabalhistas de R$ 292 milhões.

No prego Também precisará quitar dívida de R$ 148 milhões com o Bank of America, que vence no dia 23.

TIROTEIO

O PSDB é contraditório: acusa o PT de rachar o Brasil, mas trata São Paulo como um Estado isolado e reforça uma divisão artificial do país.

DO DEPUTADO SIMÃO PEDRO (PT-SP), secretário paulistano de Serviços, sobre fala de Geraldo Alckmin de que São Paulo não vai virar as costas para o Brasil.

CONTRAPONTO

Esqueceram de mim

Na última sexta-feira, o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, circulava pelo cafezinho que antecedeu a transmissão de cargo de Miriam Belchior para Nelson Barbosa no Ministério do Planejamento.

Notado por parte dos convidados, o chefe da estatal responsável pelos aeroportos do país foi questionado por que não esteve presente na cerimônia de posse da presidente Dilma Rousseff, no dia anterior.

Vale respondeu, demonstrando bom humor:

—Até gostaria de ter ido, mas infelizmente não fui convidado…