Para deputados, é improvável que Lava Jato acabe em cassação em massa
Instinto parlamentar A divulgação da lista de políticos citados na delação de Paulo Roberto Costa criou um clima de desconfiança no Congresso sobre a possibilidade de cassação em massa de mandatos em 2015. Lideranças dos principais partidos da base admitem reservadamente que, apesar da crise política, é improvável que os deputados e senadores aceitem cassar colegas que tenham recebido apenas doações legais do esquema —mesmo que os delatores digam que o dinheiro era proveniente de corrupção.
Contenção Os parlamentares resistem a criminalizar o “caixa um” —243 deputados e senadores receberam doações oficiais de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, o equivalente a 41% do novo Congresso.
Não quer… Ricardo Lewandowski demonstrou contrariedade com a estratégia dos advogados dos presos na Lava Jato, de esperar o recesso para ingressar com os pedidos de habeas corpus.
… calar Conversando com um colega da corte, o presidente do Supremo Tribunal Federal se queixou de que eles deveriam ter apresentado as petições ao juiz natural do caso, o relator Teori Zavascki.
Déjà-vu 1 Na decisão em que negou liberdade a Eduardo Leite, da Camargo Corrêa, o desembargador João Pedro Gebran Neto comparou a Lava Jato ao mensalão. Disse que “ela não pode ser analisada com olhos comuns”.
Déjà-vu 2 “Na ação penal 470, o próprio Supremo releu sua jurisprudência. O mesmo caminho deverá ser seguido neste caso”, escreveu.
R.S.V.P. Lindbergh Farias (PT-RJ) convidou Paulo Roberto Costa para ser seu secretário de Energia, caso vencesse as eleições para o governo do Rio. O convite foi relatado pelo presidente da Iesa Óleo e Gás, Valdir Lima Carreiro, em depoimento aos investigadores da Lava Jato.
Bom partido O senador petista confirma o convite e diz que, com “um currículo fortíssimo”, o ex-diretor da Petrobras era uma “possibilidade real”. “A gente não sabia de nada”, diz sobre o envolvimento de Costa na Lava Jato.
Mão aberta No depoimento, o presidente da Iesa também contou que foi procurado pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, em 2010. A empreiteira contribuiu oficialmente para a campanha da sigla. “Em torno de
R$ 4 milhões”, disse Carreira.
À mineira Aliados de Geraldo Alckmin avaliaram que Aécio Neves foi “hábil” ao dizer que não pensa em ser candidato à Presidência novamente e tratar o governador como “nome colocado” para disputar o Palácio do Planalto pelo PSDB em 2018.
Olha pra lá Com isso, dizem interlocutores de Alckmin, o mineiro tenta compartilhar com o governador o foco dos ataques petistas, além de vender uma imagem externa de conciliador.
Vem aqui O Palácio dos Bandeirantes iniciou no final de semana as conversas com as siglas aliadas que devem integrar o governo Alckmin.
Amigos, amigos Presidente do PSDB mineiro, o deputado Marcus Pestana lançou campanha pela liderança da bancada. Enviou mensagem no fim da semana aos outros 53 colegas de Câmara.
Negócios à parte Apesar de mencionar a existência de seis adversários ao posto, Pestana diz que quem apostar na divisão da bancada “vai se dar mal como quem apostou nas ações da Petrobras”.
Ho, ho, ho Na corrida pela presidência da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) esteve com cinco Papais Noéis só no último domingo, em caminhada com um deputado no Rio. “Estou numa fase Bom Velhinho, bem light”, autoavalia.
Veja bem O presidente do PSB, Carlos Siqueira, diz não ter discutido questões internas do partido com o PSDB durante as negociações sobre a presidência da Câmara. Diz ainda que não há relatos de assédio do Planalto à sigla.
TIROTEIO
O custo provocado por decisões erradas é muito maior que o da corrupção. A Petrobras precisa melhorar o seu processo decisório.
DO PESQUISADOR JOSÉ GOLDEMBERG, ministro no governo Fernando Collor, sobre a crise vivida na estatal e denúncias de corrupção e desvios de recursos.
CONTRAPONTO
O velhinho sempre vem?
Seguranças da Câmara conversavam no início de dezembro na entrada do plenário sobre a expectativa de ganhar brindes de Natal dos deputados.
—Ano passado foi muito bom. Como era o nome daquele deputado mesmo? —perguntou um dos guardas.
—Valdemar Costa Neto —respondeu um veterano.
—Isso. Chegaram umas 30 sacolas com chester dele.
—Ele foi reeleito? —perguntou um terceiro, esperando que a boa vontade do parlamentar se repetisse.
—Que nada! O Valdemar estava preso até outro dia pelo mensalão…