Decisão do STJ é vista como senha para presos na Lava Jato fazerem delação

Painel

Cai o rei de paus A decisão do Superior Tribunal de Justiça de manter preso João Procópio de Almeida Prado, acusado de gerenciar contas de Alberto Youssef no exterior, foi considerada pelos advogados a senha para que a maioria dos presos na Operação Lava Jato optem pela delação premiada. Procópio recusara o acordo judicial até agora. Diante da decisão da 5ª Turma do STJ ontem, por unanimidade, a conclusão dos defensores é que a Justiça não vai soltar ninguém que não colaborar com informações.

Chapa quente Também chamaram a atenção dos advogados, que se reuniram ontem para traçar estratégia conjunta, o fato de os ministros do STJ terem feito rasgados elogios ao juiz Sérgio Moro e afirmado que a sociedade está “cansada” da corrupção.

Querido Papai Noel De um dos estrelados criminalistas que atuam no caso, diante do rigor da corte: “Agora vai ser um salve-se quem puder para fazer delação, porque ninguém vai querer passar o Natal e o Ano Novo preso”.

Pro lixo? Procuradores e advogados têm dúvida sobre se a Justiça vai homologar a delação de Youssef. Como o doleiro já descumpriu acordo na investigação sobre as contas CC-5, sua contribuição, caso validada, pode gerar nulidade na investigação.

Apaga a luz No comando da Lava Jato, Sérgio Moro quer ficar fora dos holofotes. O juiz não deve receber título de cidadão benemérito proposto por um deputado estadual do DEM do Paraná.

Criptonita Na justificativa para a homenagem, Plauto Guimarães diz que, ao se mostrar “incorruptível”, Moro presta “inestimável serviço como cidadão a todos os brasileiros”. O juiz quer evitar a politização de sua imagem.

Ltda. Erton Fonseca, diretor da Galvão Engenharia, disse em seu depoimento à Polícia Federal que, em 2010, José Janene, “agindo de forma truculenta, afirmou textualmente que a Diretoria de Abastecimento da Petrobras era do Partido Progressista”.

Passe no caixa Janene, ex-deputado do PP que morreu no mesmo ano, teria dito ainda, segundo Fonseca, que “para que efetivamente conseguisse os contratos [na diretoria], teria que pagar”.

Fogo… A bancada do PT no Senado se reuniu para malhar os primeiros nomes do ministério de Dilma Rousseff ontem. Lindbergh Farias (RJ) criticou a escolha de Kátia Abreu para a Agricultura e disse que a colega carrega uma marca negativa por sua ligação com os ruralistas.

… amigo Outros petistas defenderam a indicação. Já Humberto Costa (PE) disse aos senadores que tem ouvido queixas pela possível ida de Carlos Guedes para o Desenvolvimento Agrário, por ter pouca relação com o MST e outros movimentos sociais.

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Pollyanna No esforço de aceitação de Joaquim Levy na Fazenda, petistas fazem o “jogo do contente”. “Os ajustes nas contas desse ano ajudarão o ministro. Menos esqueletos serão arrastados para 2015”, diz um cacique.

Xadrez Interlocutores de Dilma e Lula apostam no nome de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, para comandar a Petrobras caso a petista decida tirar Graça Foster do cargo. A troca, no entanto, ficaria para depois da reforma ministerial.

Consolação Em discussões internas, o PMDB do Senado colocou Eduardo Braga (AM) em primeiro lugar na lista de ministeriáveis. Eunício Oliveira (CE) o substituiria como líder do governo.

Visita à Folha Roberto Macedo, economista, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.


TIROTEIO

“A diferença entre PP e PSD é que eles tratam nomeações por notícias de jornais, e nós levamos em conta o que sai no Diário Oficial.”

DO PRESIDENTE NACIONAL DO PP, CIRO NOGUEIRA, sobre a disputa entre seu partido e o de Gilberto Kassab pelo comando do Ministério das Cidades.


CONTRAPONTO

Salvo pelo gongo

Renan Calheiros (PMDB-AL) dava uma entrevista ontem à tarde no salão azul do Congresso quando o colega Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) passou ao lado do presidente do Senado e desconcentrou os repórteres.
Mais tarde, os dois se encontraram na sessão do Congresso e o tucano brincou:
—Eu te salvei aquela hora, hein?
Diante da expressão curiosa de Renan, emendou:
—Passei bem na hora em que os repórteres perguntaram se cinco ministérios era um espaço pequeno demais para abrigar o PMDB!