Morte de Thomaz Bastos afeta tática na Lava Jato, dizem advogados
Costura inacabada Com a morte de Márcio Thomaz Bastos, crimanalistas que atuam na Lava Jato lamentavam ontem a perda de “um interlocutor privilegiado” para essa fase da operação. O ex-ministro da Justiça prestava consultoria para a Odebrecht e para a Camargo Corrêa, mas sua atuação no caso ia bem além. Segundo o defensor de um dos executivos de empreiteiras preso em Curitiba, mesmo doente, ele trabalhava para “conseguir uma alternativa, ainda que punitiva, que permitisse a economia andar”.
Na gaveta Estava parada desde 2012 a confecção da biografia de Thomaz Bastos. O ex-ministro gravou entrevistas de 2011 até o início do julgamento do mensalão, em agosto do ano seguinte, mas depois congelou o projeto.
Herança As gravações e o material já redigido serão entregues à família. O criminalista ainda não havia fechado com nenhuma editora, mas pelo menos três disputavam a publicação da obra.
Inventário Já o diário que Thomaz Bastos manteve nos quatro anos em que ocupou o Ministério da Justiça de Lula continua guardado num cofre. Seu testamento contém instruções sobre o que deve ser feito com o material —esse sim, inédito.
Focas Agentes que atuam em Curitiba reclamam que assessores das empresas investigadas se misturam a repórteres diante da superintendência da Polícia Federal para ouvir declarações dos advogados e saber o que os presos dizem nos depoimentos.
Como assim? O ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras Ildo Sauer, que deixou a empresa por divergências ainda no governo Lula, disse que ficou “atordoado” com sua convocação para depor na CPI do Congresso.
Turma “Disseram que seria um convite para colaborar, mas me puseram no meio dos bandidos”, diz sobre ter sido chamado com Paulo Roberto Costa e Renato Duque.
Importação 1 Geraldo Alckmin convidou a secretária de Planejamento de Minas Gerais para integrar seu governo, na área de gestão. O tucano quer anunciar práticas de modernização administrativa no novo mandato.
Importação 2 Renata Vilhena, que foi adjunta no governo de Aécio Neves e depois assumiu como titular da pasta na gestão de Antonio Anastasia, ainda não decidiu se aceita o convite ou se vai para a iniciativa privada.
Canto do cisne Guido Mantega elegeu como sua última misão no Ministério da Fazenda entregar nas mãos de Dilma Rousseff o plano de medidas de ajuste fiscal encomendado pela presidente para o ano que vem.
Réquiem Em fase final de elaboração, o pacote deve indicar medidas de combate à sonegação, simplificação tributária e correções no seguro-desemprego para que o governo possa atingir a meta de superavit em 2015.
Melhor lá Paulo Maluf (PP-SP) justifica que não atendeu às intimações para depor no processo a que responde quer ser ouvido em Brasília. “Tenho a prerrogativa de foro”, afirma.
W.O. A Justiça Federal em São Paulo teve de devolver seu caso ao Supremo Tribunal Federal, já que ele faltou a dois interrogatórios.
Mapa Em campanha pela presidência da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) priorizará Sul e Sudeste no périplo pelos Estados que começará na quarta-feira.
Nichos O peemedebista vem dividindo seus encontros por bancadas temáticas (como evangélicos e ruralistas), parlamentares “avulsos” e partidos políticos.
TIROTEIO
“Por que não ouve primeiro? É uma máquina de moer gente, uma forma não democrática que desrespeita a dignidade humana.”
DO ADVOGADO ALBERTO TORON, sobre a Polícia Federal ter confessado “erro material” ao citar o diretor da Petrobras José Carlos Cosenza na Lava Jato.
CONTRAPONTO
Ministro, eu? Imagina…
Márcio Thomaz Bastos era elegância pura, lembra o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
Quando Lula virou presidente, em 2002, “God”, como era chamado pelos colegas, recebeu uma ligação.
— Ele quer conversar comigo. Talvez me chame para ser ministro, mas não vou aceitar —disse a Kakay.
— Então não vá. Se for, vai sair de lá ministro —aconselhou o amigo, à toa.
Confirmado como titular da Justiça, Thomaz Bastos telefonou para o colega e disse, como que surpreso:
— Olha, não é que virei ministro mesmo?