Para PF, investigação ‘põe em xeque’ até doações legais das empreiteiras
À luz do dia O relatório da Polícia Federal da última fase da Operação Lava Jato diz que a apuração “coloca em xeque” até os repasses legais feitos pelas empreiteiras às campanhas eleitorais —o “caixa um”. “As doações legalmente registradas podem indicar uma forma estruturada de lavagem de dinheiro”, anota a PF. Na disputa deste ano, todos as siglas que elegeram representantes para o Congresso, com exceção do PSOL, tiveram candidatos ou diretórios financiados pelas empresas mencionadas.
Fio da meada O executivo Julio Camargo, da Toyo Setal, contou às autoridades que um contrato da Camargo Corrêa com a Petrobras para construir uma refinaria de R$ 1 bilhão rendeu comissão de R$ 23 milhões dos quais R$ 6 milhões foram transferidos a Renato Duque.
Modus operandi Camargo afirmou também que nunca entregou diretamente espécie nas mãos de Duque. O ex-diretor era extremamente cauteloso, justifica.
Black Friday Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, também da Toyo Setal, disse na sua delação que conseguiu um desconto na propina direcionada aos dirigentes da Petrobras. Ele pagou 0,6% a Paulo Roberto Costa em vez de 1% e só 1,3% a Renato Duque, em vez dos 2% pedidos.
Milhagem A Polícia Federal monitorou os empresários investigados para saber quando eles estavam fora do país. Nos últimos dois meses, Leo Pinheiro, da OAS, fez seis viagens ao exterior.
Serpentina Diante da recomendação da Petrobras para que funcionários não destruam documentos, um tucano brinca: “Aquilo ali devia estar como a embaixada dos EUA no Irã no filme ‘Argo'”.
Mal-me-quer Na campanha, Dilma Rousseff sugeriu ter se esforçado pela saída de mais diretores da Petrobras, além de Costa. Só não escondia a predileção por Guilherme Estrella, de Exploração.
Bateu, levou 1 O candidato derrotado do PSDB à Presidência, Aécio Neves, rebate o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, segundo quem Dilma Rousseff “mandou” a Polícia Federal apurar o escândalo na Petrobras “doa a quem doer”.
Bateu, levou 2 “A presidente ainda não entendeu que ela não manda a PF fazer ou deixar de fazer qualquer coisa. Triste o país em que um presidente determina o que se investiga e não se investiga”, afirma o tucano.
Eco Falando a dirigentes do PT paulista, no sábado, o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, seguiu a linha de Cardozo e também reclamou de tentativa de politização da nova fase da Lava Jato.
Pelo ralo No encontro, convocado para avaliar a derrota do partido em São Paulo nas disputas de outubro, petistas apontaram preocupação com a “corrosão” da imagem da sigla causada pelos casos de corrupção. “Os escândalos estão apagando tudo de positivo que o PT faz. E isso se potencializa em São Paulo”, analisa um dirigente.
Universitários A sigla fará uma conferência extraordinária até abril para discutir saídas para essa crise. Setores da esquerda de fora do partido também serão chamados para a discussão.
Estranho no ninho Parte do PSDB se diz preocupada com a vinculação de tucanos às manifestações que tiveram pedidos de impeachment de Dilma e de intervenção militar durante o fim de semana.
Tudo junto “É ruim avalizar uma manifestação em que não temos o controle político”, diz um tucano. O senador Aloysio Nunes e o vereador Coronel Telhada foram ao ato em São Paulo.
TIROTEIO
O PT reproduz a estratégia de gritar pega ladrão e armar a confusão. Mas os governistas não têm mais pra onde correr.
DO DEPUTADO RONALDO CAIADO (DEM-GO), líder da minoria no Congresso, sobre tentativa de Dilma Rousseff de se desvencilhar do caso da Petrobras.
CONTRAPONTO
Avalanche nos ares
Gremista fanático, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), irritou-se ao saber que seu voo para Campinas, onde participaria de ato com prefeitos, coincidia com o horário do Gre-Nal da última semana. Ao embarcar, no entanto, descobriu que poderia ver o jogo no avião.
—Procurei ficar contido até quando foi possível. No quarto gol do meu time escapou um grito —contou.
Questionado por um colega sobre a presença de torcedores do Inter, que perdeu por 4 a 1, no avião, provocou:
—Se tinha, não sei. Mas o momento não era adequado para manifestações coloradas…