Planalto se preocupa com clima de hostilidade do PMDB no Congresso
Campo minado O Planalto passou a reconhecer o risco real de novas derrotas no Congresso até o fim do ano. Há forte preocupação com o clima de hostilidade capitaneado pelo PMDB. Para articuladores do governo, a derrubada do decreto dos conselhos populares, dois dias após Dilma Rousseff se reeleger, não foi fato isolado. Será preciso acelerar um movimento de “reaglutinação” da bancada governista para aprovar medidas urgentes, como a alteração da meta do superavit primário de 2014.
Menos é mais O governo admite que precisará fazer concessões a deputados e senadores, mas quer negociar uma pauta enxuta de votações, para não deixar todo o poder nas mãos dos líderes do Congresso.
Muita calma “É um momento de transição no Congresso. É preciso sabedoria e serenidade de todos os lados”, diz o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), cotado para a “cozinha” do Palácio do Planalto a partir de janeiro.
Ex-sonháticos As bancadas do PSB na Câmara e no Senado se reúnem na terça-feira para definir a “força” com que farão oposição ao governo Dilma no Congresso.
Sem tucanar “A disposição é de militar na oposição. Mas não vamos ser apêndice do PSDB”, diz o senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PE), ex-ministro de Dilma.
Haja saliva A Presidência fará pregão no dia 12 para contratar uma empresa responsável pela organização de 432 fóruns, cúpulas, reuniões preparatórias e outros eventos em 2015. Preço estimado do contrato: R$ 71,5 milhões.
Luluzinhas Só a Secretaria de Políticas para as Mulheres organizará 136 eventos, para 42.970 pessoas.
Amigo da rainha Correntes mais à esquerda do PSOL se incomodaram com os gestos de boa vontade de Jean Wyllys (RJ) com Dilma. O deputado não será enquadrado, mas a sigla quer reforçar que é oposição ao governo.
Antes só O presidente do DEM, José Agripino, diz que a negociação com o Solidariedade só prevê a formação de bloco na Câmara. “A fusão não está na ordem do dia do comando do partido.”
Quem te viu Atacada pelo PT no primeiro turno, a educadora Neca Setubal, que coordenou o programa de governo de Marina Silva, diz que a subida na taxa de juros logo depois da reeleição de Dilma “é a coisa mais irônica da campanha”.
Quem te vê Petistas sustentavam que a herdeira do Itaú faria Marina ceder aos interesses dos banqueiros. “E ainda falam no Luiz Carlos Trabuco para ministro da Fazenda!”, diz ela, referindo-se ao presidente do Bradesco.
Projeto 2018 Neca diz que Marina certamente não repetirá a linha pós-2010, quando se afastou da política institucional. “Ela será mais atuante, sem dúvida.”
Hoje não O deputado Paulo Maluf (PP-SP) pechinchou, mas não levou o Porsche Spyder no Salão do Automóvel. “Com R$ 4 milhões, invisto em prédio de renda. Não fiquei louco ainda.”
Bloquinho O PRB de Celso Russomanno, que elegeu quatro deputados estaduais em SP, acertou um bloco com partidos nanicos que apoiam Geraldo Alckmin. Unidas, as siglas terão sete cadeiras.
Boquinha A sigla, que já tem Procon e Secretaria de Desenvolvimento Social, quer mais espaço no governo. Nós só tínhamos dois deputados. Se a lógica é a proporcionalidade, nosso espaço tem que aumentar”, diz o presidente Marcos Pereira.
TIROTEIO
“Dilma vai enfrentar sua própria herança maldita. É o efeito bumerangue. Alta nos juros e déficit fiscal recorde são só o começo.”
DO DEPUTADO MARCUS PESTANA (PSDB-MG), sobre o noticiário de economia na semana seguinte à reeleição da presidente.
CONTRAPONTO
Focinho do outro
Requisitado como cabo eleitoral de luxo por mais de dez candidatos à Assembleia Legislativa do Rio, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acabou trocando as bolas em sua romaria em busca de votos.
—Um dia, fui chegar numa dessas loucuras, e ficou todo mundo me olhando de cara feia. Eu estava com o bottom de outro candidato!
Ele saía de um ato do Dr. Audir e foi direto para outro de Graça Matos, ambos colegas peemedebistas.
Nenhum dos dois se elegeu deputado estadual. Cunha votou em outro candidato do partido.