Adesão do PSB a Aécio fortalece grupo que quer derrubar Roberto Amaral
Novos rumos A adesão do PSB a Aécio Neves fortaleceu o grupo que quer tirar Roberto Amaral da presidência do partido. Dirigentes da sigla em Pernambuco convocaram jantar ontem para articular o lançamento de um candidato ao cargo. A eleição interna está marcada para a próxima segunda-feira (13). “Vai haver uma renovação no partido”, decreta um conterrâneo de Eduardo Campos. O gaúcho Beto Albuquerque, ex-vice de Marina, é cotado para concorrer com apoio dos pernambucanos.
Em baixa Esta foi a segunda derrota seguida de Amaral, que mantém boas relações com o PT e defendia a neutralidade no segundo turno. Na semana passada, ele foi forçado a adiar a votação que poderia confirmá-lo no cargo por mais três anos.
W.O. Caciques do partido já contam com a hipótese de o ex-ministro desistir da reeleição. Segundo um aliado, ele já disse que sairia se a sigla aderisse a Aécio. Procurado para comentar o relato, Amaral não se manifestou.
Norte a sul Dirigentes do Sudeste e do Sul, antes comprometidos com a reeleição do presidente, já admitem mudar de ideia. “O apoio a Aécio por 21 a 8 mostra que as cabeças que pensavam o partido já não mandam mais”, diz um líder paulista.
Desalento Amaral saiu abatido do ato com Aécio. Ao ser questionado se digitaria o 45, número do PSDB, desconversou: “O voto é secreto”.
Mais um O nanico PHS, que apoiou Marina e elegeu cinco deputados, também apoiará Aécio. “Não sou de toma-lá-dá-cá, mas fiz uma bancada. Vou querer espaço no governo dele”, avisa o presidente Eduardo Machado.
Nada se cria A campanha de Aécio na TV, que recomeça hoje, vai usar o slogan “Agora é Aécio”. O objetivo é atrair quem votou em Marina e nos nanicos no primeiro turno. Em 2002, Duda Mendonça lançou o “Agora é Lula” na mesma situação.
Aval bandeirante Geraldo Alckmin e José Serra gravaram novas mensagens de apoio a Aécio. Em aceno aos eleitores do Nordeste, que ele precisa conquistar, o governador paulista diz que ele será o “presidente de vários sotaques para unir o Brasil”.
Ao ataque O PT de Dilma Rousseff vai recomeçar o horário eleitoral na ofensiva: “A gente tem um lado, eles têm o deles”, diz uma peça de rádio, acrescentando que “nos governos do PSDB sempre foi arrocho e desemprego”. “Eles querem voltar ao passado”, encerra o locutor.
Só tristeza Os petistas acusaram o golpe de ver o partido que sempre os apoiou optar por Aécio. Pouco depois do anúncio, o site do PT publicava a seguinte manchete: “PSB adere ao socialismo de direita”.
Bafo eleitoral Um eleitor ligou para o comitê de Dilma com dicas para melhorar a voz da presidente, rouca após a maratona de comícios e debates. A receita era exótica: comer uma cebola à noite e não escovar os dentes.
Pelo ralo Alckmin ordenou que a segunda cota do volume morto do Cantareira seja usada “de qualquer jeito”, mesmo que a Agência Nacional de Águas não autorize.
Fossa familiar Vice-campeã de votos para a Câmara no Rio, Clarissa Garotinho (PR-RJ) não comemorou. O pai, Anthony, acabou em terceiro na corrida ao governo do Rio. “Fiquei pior do que ele…”, diz a deputada eleita.
Visita à Folha José Olympio Pereira, presidente do banco Credit Suisse, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Marília Paiotti, assessora.
TIROTEIO
“O PT nos pintou como a pior coisa. Agora que queriam o nosso apoio, ficamos bons de novo. Quem semeia vento colhe tempestade.”
DO DEPUTADO BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS), sobre a campanha petista contra Marina Silva e a declaração de apoio do partido a Aécio Neves (PSDB).
CONTRAPONTO
Contabilidade criativa
Em conversa com blogueiros em abril, o ex-presidente Lula lembrou que, quando fazia oposição a FHC, costumava “viajar o mundo falando mal do Brasil”. Disse que citava números sobre a miséria para impressionar, mesmo sem certeza de sua veracidade.
Em um debate em Paris com o então governador do Paraná, Jaime Lerner, Lula afirmou, arrancando aplausos:
—O Brasil tem 25 milhões de crianças de rua!
Ao fim do evento, Lerner chamou o petista de canto:
—Lula, não tem como o Brasil ter 25 milhões de crianças de rua… A gente não conseguiria nem andar!