PSDB aposta na suspeita de uso dos Correios para desgastar Dilma

Painel

Cartada eleitoral  O PSDB aposta na suspeita de uso político dos Correios para desgastar Dilma Rousseff (PT) e impulsionar Aécio Neves na disputa com Marina Silva (PSB) pelo segundo turno. O Planalto acusou o golpe. Acionado, Paulo Bernardo (Comunicações) mandou o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, exibir panfletos de Dilma, Marina e Aécio entregues pela estatal. “A empresa não beneficia partido porque não trabalha de graça. Os Correios faturam com esse serviço”, diz o ministro.

Bate que pega Os tucanos comemoraram a mudança de tom do noticiário pré-eleitoral, com o caso dominando os telejornais. Na entrevista que concedeu à tarde, Aécio começou a discursar sobre as suspeitas antes mesmo de ser questionado.

Vacilou O governo ficou muito irritado com o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG), que disse haver um “dedo” do partido nos Correios. A gravação dessa fala teria comprometido o discurso de que a entrega de panfletos não teve cores partidárias.

Logo ela? Sem saber, o vice de Aécio, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), se hospedou no Rio no mesmo hotel em que Dilma estava. “Não acredito…”, disse, fazendo cara feia, quando foi informado da coincidência.‌

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Arrebentação De Aécio, sobre a queda de Marina nas pesquisas: “Quando vem uma onda muito grande, você tem que esperar ela bater na areia para ver como fica a espuma. Eu entendo disso, sou um surfista aposentado…”

Gravando No domingo, Dilma deve discursar em um hotel em Brasília. A campanha convocou 300 militantes para cantar o nome da petista. A ideia é usar o ato na TV no início do segundo turno.

Segura o tranco Na campanha de Marina, a ordem é manter o discurso de calma e repetir que a ex-senadora ainda é favorita para ir à etapa final contra Dilma.

Pule de dez Quase toda a cúpula da campanha de Dilma acredita que Aécio será o adversário no segundo turno.

Melhor com ela Um ministro que concorda com a avaliação acredita, no entanto, que seria melhor enfrentar Marina. “Ela perdeu força no final. Quem ia votar nela e já desistiu não votará mais”.

Hora difícil Nas pesquisas internas do PT, o desempenho de Marina no debate de ontem na TV Globo foi considerado fraco, mesmo entre os eleitores com potencial de votar na ex-senadora.

Cara a cara No início, Aécio foi o candidato que teve a melhor aceitação entre eleitores monitorados pelo PT. Dilma começou mal, “com pouca firmeza”, mas se recuperou quando deixou de ler suas notas.

Lá e cá Nas pesquisas do PSDB, Dilma foi melhor para eleitores do Rio. Em São Paulo, ficou entre regular e ruim.

Péra lá O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sacudiu a cabeça indignado quando Marina disse que o mensalão começou com a compra de votos no Congresso para a reeleição, em 1997.

Baila comigo O PSDB adorou ver Dilma escolhendo Aécio para suas perguntas. “Era tudo o que a gente queria”, disse um tucano.

Absolutista Do marineiro Miro Teixeira (Pros-RJ): “A ideia de que precisa dar autonomia para a Polícia Federal investigar mostra que Dilma não conhece a Constituição. É a postura ‘O Estado sou eu’.”

Ex-companheiros Aliado de Marina, o ex-petista Pedro Ivo se irritou com a comitiva de Dilma quando a ex-senadora teve o som cortado. “Calem a boca”, gritou.


TIROTEIO

“Não bastasse o elogio da Petrobras a Paulo Roberto, agora sabemos que não foi Dilma quem o demitiu. Não teve coragem por quê?”

DO EX-DEPUTADO WALTER FELDMAN (PSB), coordenador da campanha de Marina Silva, sobre a reunião que afastou Paulo Roberto Costa da estatal.


CONTRAPONTO

Jânio, a Bíblia e o capeta

Na eleição para o governo paulista de 1982, quando os debates eram mais acalorados, Franco Montoro (PMDB) e Jânio Quadros (PTB) protagonizaram épico bate-boca no auditório da Folha, em encontro promovido pelo jornal e pela TV Bandeirantes. Montoro pediu que o histriônico rival “refutasse ou negasse” crítica de um ex-ministro.
—Eu não posso refutá-la nem negá-la. Onde está escrita essa informação? —perguntou Jânio.
Montoro exibiu a obra “Depoimento”, de Carlos Lacerda.
—Está dispensado da citação. O senhor acaba de querer citar as Escrituras valendo-se de Asmodeu ou Satanás. Não quero ouvi-la! —encerrou o ex-presidente.