Campanha de Dilma teme que mau desempenho no Sudeste comprometa reeleição
Calcanhar de Aquiles
O núcleo da campanha de Dilma Rousseff (PT) teme que o mau desempenho no Sudeste comprometa sua reeleição. Hoje Marina Silva (PSB) venceria na região por 57% a 43% dos votos válidos no segundo turno, uma vantagem de cerca de 7 milhões de votos. Para tentar reduzir o prejuízo, a presidente vai intensificar a presença nos três Estados mais populosos do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Somando o Espírito Santo, o Sudeste concentra 43% do eleitorado brasileiro.
Teto baixo Nas simulações de primeiro turno do Datafolha, Dilma não consegue chegar aos 30% das intenções de voto no Sudeste desde abril, quando o candidato do PSB ainda era Eduardo Campos. Nas últimas três pesquisas, estacionou em 28%.
Já foi melhor Em 2010, a petista abriu uma frente de de 1,5 milhão de votos sobre José Serra (PSDB) na região Sudeste. Em válidos, o placar do segundo turno foi de 52% a 48% para a petista.
Ex-reduto A primeira eleição da presidente foi turbinada por uma vantagem de 11 milhões de votos no Nordeste, onde ela massacrou Serra por 71% a 29%. Agora sua diferença para Marina é mais modesta: 57% a 43%.
Plim-plim Depois de esnobar o convite para o “Jornal da Globo”, Dilma parece ter mudado de atitude com a emissora líder de audiência. Ela marcou uma gravação hoje para o “Bom Dia Brasil”.
Autoajuda Vice de Aécio Neves (PSDB), Aloysio Nunes usa o próprio exemplo ao sustentar que a chapa ainda pode ir ao segundo turno: “Sou a prova viva de que viradas de última hora acontecem”.
Azarão em 2010, ele foi o senador mais votado de São Paulo.
Surrealismo A duas semanas da eleição, o site de Aécio ganhou uma inusitada galeria de arte. A seção inclui obras abstratas, e os quadros têm nomes como “Carnaval em Veneza” e “Noitada”.
Sem nocaute O comitê de Marina contabiliza feridas, mas considera que ela conseguiu ficar de pé depois de três semanas sob intensa pancadaria do PT. “É claro que os ataques fizeram efeito. O que importa é que ela resistiu”, afirma o coordenador Walter Feldman.
Bilhete na mão O ex-deputado diz não ter medo da recuperação esboçada por Aécio. Para ele, a ex-senadora já está no segundo turno. “Sobra muito pouco tempo. E não me parece que ele tenha mais forças para reagir.”
Chimarrão nela O Sul é onde Marina aparece mais frágil, em empate técnico com Aécio. Gaúcho, o vice Beto Albuquerque (PSB) fará uma imersão na região. Ele visitará os três Estados e organizará um comício com a ex-senadora em Porto Alegre.
Eu sozinha A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que também é coordenadora do comitê marineiro, omite o nome do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) em sua propaganda. Márcio França, seu colega de bancada, é vice na chapa do tucano.
Gosto amargo Na terça-feira, José Sarney passou com Michel Temer em frente a um comitê do candidato do PC do B ao governo do Maranhão, Flávio Dino. “Olha só, Michel. Aqui tinha uma foto enorme da Dilma, mas ele tirou quando a Marina subiu. Esse é o candidato que o PT apoia”, disse o ex-presidente.
Tal pai… A governadora Roseana Sarney (PMDB) avisou à cúpula do partido que a campanha de Lobão Filho à sua sucessão sofreu abalo após as revelações de Paulo Roberto Costa. O ministro Edison Lobão (Minas e Emergia), pai do candidato, foi citado pelo delator do escândalo de corrupção na Petrobras.
TIROTEIO
Marina chora e conta sua história. Mas se esquece de ler seu programa de governo e corrigir o que prejudica os trabalhadores.
DE CARLOS AUGUSTO GONÇALVES, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical e aliado de Dilma Rousseff (PT), sobre as propostas de Marina Silva (PSB).
CONTRAPONTO
O bambu do Chuchu
Em outubro do ano passado, o governador paulista Geraldo Alckmin foi ao vale do Ribeira para inaugurar um trecho da SP-252. No início do discurso, lembrou que seu pai o ensinou a plantar bambu para evitar que a “morraria” do sítio da família desmoronasse.
Com a ideia fixa na cabeça, o tucano resolveu dar um conselho ao engenheiro responsável pela obra na rodovia, com o objetivo de prevenir desabamentos:
—Fica uma dica aí para o departamento de estradas. Além das obras de engenharia, doutor Alfredo, toca o bambu lá, que o bambu segura, não é?