Equipe de Dilma estuda abandonar discurso de polarização com PSDB
O adversário mudou A equipe de Dilma Rousseff se reúne nesta semana para discutir como lidar com o crescimento de Marina Silva (PSB) na corrida presidencial. Petistas estudam abandonar o discurso de polarização com o PSDB, que pode beneficiar a candidatura de terceira via da ex-senadora. Pesquisas encomendadas pelo PT indicam que Marina ampliou sua vantagem sobre o tucano Aécio Neves nos últimos dias. Para a equipe de Dilma, a chance de um segundo turno contra Marina já beira os 90%.
Demolição Os petistas pretendem explorar contradições da ex-senadora para desconstruir sua imagem. Internamente, dizem que suas propostas de campanha são inconsistentes e lembram que ela passou cinco anos no governo do PT, como ministra do Meio Ambiente.
Armadura O comitê de Marina acredita que ela será alvo dos rivais já no debate da Band, amanhã. A presidenciável adotará um “tom propositivo”, mas será treinada para responder a ataques.
Batata quente “Dilma vai esperar Aécio atacar e ele vai esperar Dilma atacar. Mas uma hora vai acontecer”, resume um aliado de Marina.
Instrução A preparação da ex-senadora começa hoje. No fim de semana, sua equipe identificou temas que poderão ser usados pelos adversários, como contradições entre sua defesa da sustentabilidade e o agronegócio e a busca por apoio no Congresso em caso de vitória.
Novos tempos Na eleição de 2010, Marina foi poupada por Dilma e José Serra (PSDB) porque não representava risco real a suas candidaturas. A dupla tentou manter boas relações com a ex-senadora para conquistar seu apoio no segundo turno, mas ela optou pela neutralidade.
Rebanho Em um esforço para desarmar as críticas de produtores rurais a Marina, o vice Beto Albuquerque (PSB) conversou na última semana com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.
Colheita Os dois combinaram que a presidenciável dará entrevista ao programa que Rodrigues apresenta no Canal Rural. Eduardo Campos esteve lá no fim de junho e os outros presidenciáveis também foram convidados.
Depósito A campanha de Dilma decidiu que não será responsável por contratar os cabos eleitorais da petista nos Estados. O dinheiro será transferido a comitês locais, que cuidarão do pagamento.
Vacina O objetivo é evitar vinculação com escândalos. Em 2010, foram contratados uma beneficiária do Bolsa Família e um executivo que depois trabalhou para o doleiro Alberto Youssef.
Vou de táxi O PT vai organizar um evento de Dilma com taxistas e motoboys em São Paulo para tentar atrair a chamada classe C no Estado. No último ano, a presidente sancionou leis que beneficiam as categorias.
Bengala Além de prometer reajuste aos aposentados, Aécio incluiu em seu programa de governo o apoio à formação de cuidadores para idosos. O desempenho do tucano nas pesquisas é melhor entre eleitores mais velhos.
Esqueceram de mim A equipe de Alexandre Padilha (PT) ficou aliviada ao fim do debate de sábado ao perceber que a impopular gestão do prefeito Fernando Haddad não foi citada nenhuma vez para atacá-lo.
Só falta ele Depois de imitar Eduardo Suplicy (PT) e gravar vídeo tomando um banho de água gelada, Gilberto Kassab (PSD) espera que José Serra (PSDB) também aceite o “desafio do balde de gelo”. “Acho que ele vai vestir uma capa de chuva antes”, brinca.
TIROTEIO
“Acostumada a defender condenados pelo STF, Dilma segue sua cartilha ao insistir na permanência de Graça Foster no cargo.”
DE ANTÔNIO IMBASSAHY (BA), líder do PSDB na Câmara, sobre a acusação de que a presidente da Petrobras foi responsável por prejuízos da estatal.
CONTRAPONTO
Fazendo média
Em evento da campanha de Dilma no início do mês, em Minas, Lula começou seu discurso com uma saudação ao prefeito Quincas da Ciclodias (PT), de Salinas, conhecida como “capital mundial da cachaça”, e brincou:
—A Dilma não bebe, mas ela tem que pedir ao Quincas uma cachaça de Salinas. Antes de sair daqui hoje, quero tomar uma dose, porque ninguém é de ferro!
O evento se estendeu por algumas horas. Quando Lula voltou ao hotel em que estava hospedado, encontrou mais de 20 garrafas de cachaça —todas enviadas por políticos que queriam impressionar o ex-presidente.