Aliados esperam que Marina pelo menos empate com Aécio
Devagar com o andor Dirigentes do PSB e da Rede estão vacinados para não tomar as primeiras pesquisas com o novo cenário eleitoral como medida das chances reais de Marina Silva. A expectativa dos aliados é que ela largue ao menos empatada com Aécio Neves (PSDB) no segundo lugar. No entanto, o clima de comoção com a morte de Eduardo Campos deve se esvair até outubro. “Estamos no auge da emoção. Depois, as pessoas tendem a se acostumar”, diz o novo presidente do PSB, Roberto Amaral.
Meio vazio Passado o choque com a tragédia, Marina deverá enfrentar dificuldades na competição com Aécio. O tucano contará com mais estrutura e com palanques estaduais mais sólidos.
Meio cheio Por outro lado, a candidata que entra com a disputa em curso já é mais conhecida nacionalmente do que o tucano, que disputa sua primeira eleição fora das divisas de Minas Gerais.
Tabelinha Em São Paulo, o novo protagonismo de Marina tende a beneficiar Eduardo Suplicy (PT) no duelo com José Serra (PSDB) pela única vaga no Senado. Ela já havia declarado apoio ao petista, de quem é amiga.
Tarefa O novo presidente do PSB está preocupado em engajar Marina na disputa das vagas de deputado federal. “É isso que define a divisão do fundo partidário e da propaganda. Eleger dez senadores não dá um segundo a mais de TV”, diz Amaral.
Retrovisor Em 2010, o desempenho de Marina na eleição presidencial não turbinou o PV, que elegeu os mesmos 13 deputados da disputa anterior. Neste ano, ela apoiará candidatos da Rede espalhados por várias siglas.
Voz das ruas Funcionários do hotel que sediou as últimas reuniões do PSB em São Paulo torciam para que Marina fosse escolhida para substituir Campos. “Tem que ser ela”, repetia uma atendente que servia café aos políticos.
Futurologia Na torcida por um segundo turno contra Aécio, a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) considera que Marina tenderia à neutralidade nesse cenário, e parte de seus eleitores poderia anular o voto. Com ela no páreo, o tucano seria obrigado a apoiá-la.
Déjà-vu No segundo turno de 2010, a ex-senadora optou por não apoiar nem Dilma nem José Serra, candidato tucano à ocasião.
Novo discurso A campanha de Aécio vai levantar dúvida sobre a capacidade de gestão de Marina, que nunca esteve à frente de um governo. “Quem tem experiência para administrar um país em crise?”, questiona o coordenador José Agripino (DEM).
Sombra Com a candidatura de Campos, Aécio tinha um rival nesse quesito, já que o pernambucano também havia sido bem avaliado como governador do Estado.
O clima piorou Na capital paulista, 28% dos eleitores dizem que não votariam de jeito nenhum em Alexandre Padilha (PT) para governador, mostra o Datafolha. Na mesma época de 2012, a rejeição a Fernando Haddad (PT) na cidade era de 15%.
Rei do interior O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ostenta seus menores índices de aprovação nos municípios paulistas com mais de 500 mil habitantes. Neles, 37% dizem que sua gestão é ótima ou boa. Em cidades médias, esse índice é de 58%.
O bispo derreteu A candidatura de Marcelo Crivella (PRB) ao governo do Rio sofreu queda acentuada entre os eleitores mais pobres. Há um mês, ele tinha 28% no universo com renda de até dois salários mínimos. Agora, aparece com apenas 16%.
TIROTEIO
“Não se explica uma tragédia assim com uma nota oficial de três linhas a um partido que perdeu o seu maior líder.”
DO DEPUTADO BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS), sobre as explicações da Aeronáutica para a falta de registro de áudio do avião de Eduardo Campos.
CONTRAPONTO
Governador e confidente
À frente do governo de Pernambuco, Eduardo Campos percorria o interior do Estado para entregar ambulâncias com o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Em Ibimirim, a dupla se reuniu com o prefeito para passar as chaves e ficou sabendo que, antes de assumir o cargo, ele cuidava de um armazém. Depois do habitual choro sobre as dificuldades financeiras do município, os dois foram surpreendidos pela primeira-dama:
—Até agora o meu marido não fez nada na prefeitura.
Quando ainda se recuperavam do riso, ela emendou:
—E mais: também não está cuidando da bodega!