Marina Silva vai apresentar condições para não assumir chapa ‘às escuras’
As condições de Marina O grupo de Marina Silva afirma que ela apresentará condições para não assumir “às escuras” a candidatura do PSB. A negociação passará pela escolha de um vice “confiável” para seu núcleo político. “Precisamos de garantias de que os compromissos serão mantidos e precisamos saber quem o PSB vai oferecer para simbolizar esses compromissos”, diz um aliado que conversou com ela nos últimos dois dias. Os preferidos são Júlio Delgado, Maurício Rands e Beto Albuquerque.
Moderador Para os marineiros, o novo vice precisaria preencher três requisitos: lealdade a Eduardo Campos, confiança da ex-senadora e capacidade de unir a “ala petista” e a “ala tucana” do PSB.
Compromissos Outro aliado diz que Marina “não será candidata apenas da Rede”. “Há pontos do ideário dela que não estão no programa de Eduardo e isso continuará assim. Ela não fará novas exigências, mas também não cederá completamente”.
Relógio A cúpula do PSB pré-agendou a primeira reunião formal sobre a nova chapa para o dia seguinte ao sepultamento de Campos. A previsão é que o debate ocorra segunda-feira no Recife.
Bússola Com isso, a mudança da chapa só será discutida oficialmente após a divulgação do novo Datafolha.
Carteira Alguns doadores de campanha já enviaram recados de que ajudariam Marina para assegurar que haverá segundo turno.
Verde Um amigo lembra que a ex-senadora também sofreu forte baque quando Chico Mendes morreu, em 1988, mas resistiu. “A Marina é feito bambu: o vento verga, mas não quebra”, diz.
Último desejo Renata Campos, viúva de Eduardo, manifestou a esperança de que as buscas no local da tragédia não sejam encerradas até que os bombeiros localizem a aliança do marido.
Silêncio Próximo ao PT e a Lula, o presidente em exercício do PSB, Roberto Amaral, não falou ontem com Marina.
Rei posto Pessoas ligadas a Campos manifestaram desconforto com as duas notas que Amaral assinou como presidente nacional do PSB. Ele ocupava o cargo de vice e dispensou a expressão “interino” ou “em exercício”.
Sozinho Amaral andava isolado na cúpula do PSB. Contrário ao lançamento da candidatura própria e à aliança com Marina, tinha se distanciado da campanha.
Prazos O mandato da atual executiva do PSB termina em dezembro, quando estava prevista nova eleição. No entanto, a sigla se antecipou e aprovou em junho a recondução dos dirigentes.
Dúvidas Em tese, isso significa que Amaral, reeleito para a primeira vice-presidência, pode herdar o comando do partido até o fim de 2017. Mas pode haver pressões por uma nova eleição.
Choque Um banco de investimentos encomendou pesquisa telefônica para medir a intenção de voto em Marina na quarta-feira, dia do acidente. A enquete foi cancelada porque muitos eleitores se recusaram a responder.
Rebanho Com Marina no páreo, o PT acredita que o apelo do nanico Pastor Everaldo (PSC) com os evangélicos tende a desaparecer.
Nas ruas Apesar de Dilma Rousseff ter suspendido a campanha por três dias, bandeiras com seu nome eram vistas ontem em São Paulo.
Após o luto A TV Globo avisou aos principais candidatos ao governo paulista que voltará hoje a cobrir a disputa no “SP TV”.
TIROTEIO
“A aliança tem de manter o ideal de ser uma alternativa ao projeto petista que aí está. Do contrário, corre o risco de se esfarelar.”
DO DEPUTADO ROBERTO FREIRE (PPS-SP), presidente nacional da sigla, sobre os rumos da coligação presidencial que era liderada por Eduardo Campos.
CONTRAPONTO
Um bombeiro no Planalto
Eduardo Campos costumava contar uma história para mostrar a diferença de temperamento entre ele e Dilma Rousseff. Relatava que, durante uma reunião, um ministro entrou na sala e foi duramente repreendido por ela.
—Posso falar? —questionou Campos, quando o auxiliar saiu— Na minha terra, homem abre a porta do carro e não leva desaforo para casa. O que a sra. fez não se faz.
—O que sugere? —perguntou a presidente.
—Acho que a sra. tem que pedir desculpas.
A dupla foi até a outra sala. Dilma encontrou o ministro cabisbaixo. Deu um abraço e um beijo em sua cabeça.