Doleiro preso usou celular dentro da carceragem da PF
Alô, doleiro A Polícia Federal descobriu que o doleiro Alberto Youssef, preso na operação que apura desvios na Petrobras, conseguiu usar um celular atrás das grades. Os investigadores acreditam que ele fez as ligações, de dentro da carceragem em Curitiba, para ocultar provas do caso. Foram identificados cinco suspeitos de receber propina para permitir o uso ilegal do telefone. Eles estão lotados no setor de custódia da PF paranaense e serão investigados por crime de corrupção passiva.
Na mira A delegada que apura o uso do celular pediu ontem, em ofício sigiloso, “levantamentos detalhados” com o endereço, o patrimônio e os “principais relacionamentos” dos cinco funcionários da carceragem.
Alvos Os investigados são um agente da Polícia Federal, três guardas municipais e uma funcionária terceirizada. A delegada ainda não sabe se todos colaboraram para a entrada do telefone.
Fora do ar A primeira suspeita surgiu em maio, quando um agente da PF informou aos superiores, por escrito, o número e a operadora do celular usado pelo doleiro. Ontem a linha caía em caixa postal sem identificação.
Defesa O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, diz que ainda desconhece a investigação da PF e que nunca recebeu nenhum telefonema do doleiro. “Nunca vi nenhum indício disso. Mas a Polícia Federal deve investigar e tomar as providências necessárias”, afirma.
Susto Conselheiros de Dilma Rousseff (PT) foram surpreendidos pela velocidade do crescimento da oposição nas simulações de segundo turno do Datafolha.
Que fazer? Os dilmistas atribuem o cenário ao “ódio” ao PT, mas acreditam que a rejeição pode ser reduzida se a presidente se defender com mais ênfase de ataques dos rivais. Ontem ela rebateu críticas ao Mais Médicos, alvo de Aécio Neves (PSDB).
Legião urbana A rejeição a Dilma subiu principalmente nas grandes cidades. Nos municípios com mais de 500 mil habitantes, o percentual que afirma não votar na petista “de jeito nenhum” decolou de 29%, em novembro passado, para 42%.
Bandeirante Após a divulgação da nova pesquisa, a ordem no comitê de Aécio é colar o candidato a Geraldo Alckmin em São Paulo. O mineiro estará no Estado ao menos uma vez por semana.
Vassourinha Os tucanos se reunirão hoje com Renata Abreu, candidata a deputada federal pelo nanico PTN. A sigla usava como símbolo a lendária vassourinha do presidente Jânio Quadros.
Melhor idade A dupla Eduardo Campos e Marina Silva grava neste fim de semana uma conversa com idosos para a propaganda do PSB. O tema do encontro será a promessa de acabar com o fator previdenciário, nova bandeira do pernambucano.
Daslu Agentes brasileiros que faziam a segurança de Cristina Kirchner na cúpula dos Brics e da América Latina, em Brasília, só se referiam à presidente argentina como “madame”. “Estamos esperando a madame sair”, comentavam entre si.
Álgebra Lula errou na conta ontem durante ato petista em São Paulo. Disse que, em julho de 2012, Fernando Haddad tinha um ponto a menos que os 4% anotados por Alexandre Padilha no último Datafolha. Na verdade, Haddad já marcava 7%.
Paz e amor O PT levou balões brancos para a caminhada que antecedeu o ato. “Não podia correr o risco de ficar com cara de black bloc”, brinca Padilha.
TIROTEIO
“No Brasil, distribuir dinheiro para pobre é visto como populismo. Se a verba pública for para rico, dizem que é política econômica.”
DE EDUARDO CAMPOS (PSB), candidato à Presidência da República, sobre o debate eleitoral em torno das prioridades no uso de recursos federais.
CONTRAPONTO
A carta de João Ubaldo a FHC
João Ubaldo Ribeiro, o grande escritor que morreu ontem no Rio, foi um dos mais duros críticos do governo Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, escreveu carta aberta em que chamou o tucano de “sociólogo medíocre” e o acusou de trair os ideais que defendia. Acrescentou que ele só entraria na Academia Brasileira de Letras em sua vaga. No ano passado, quando FHC chegou à ABL, Ubaldo não quis voltar ao texto. Elegante, desculpou-se:
—Não porque haja mudado de opinião, mas porque acho o artigo meio bobo, pueril. E não sou inimigo do FHC, apenas escrevi contra ele, quando presidente.