Para tucanos, revés no STF liquida chances de Aécio na eleição
A escolha de Sofia Esperada, a decisão do Supremo que fez de Aécio Neves (PSDB-MG) réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça reforçou o entendimento de ala expressiva do tucanato de que ele deveria abdicar de concorrer às eleições. Dirigentes da sigla dizem que o novo revés não só liquida as chances de vitória na disputa por um cargo no Senado como também impõe ao mineiro um cálculo pragmático: é melhor enfrentar a acusação no STF, sob os holofotes, ou na primeira instância?
Para a posteridade O próprio Aécio vinha dizendo a pessoas próximas que considerava a hipótese de não concorrer a cargo eletivo. Ele pretende usar todo o tempo que tiver à disposição para tomar a decisão. Seu maior medo é o de deixar a vida pública em um momento de tamanho desgaste.
Desarrumar a casa A repercussão do escândalo que se abateu sobre o senador não preocupa apenas a direção nacional do PSDB, mas também os articuladores da campanha de Antonio Anastasia (PSDB) ao governo de Minas.
Zero a zero Os principais aliados de Aécio ainda relativizam. Dizem que a decisão do STF estava precificada e que a população, de maneira geral, vê investigado e denunciado como farinha do mesmo saco, sem distinção.
Por um fio Joaquim Barbosa consultou uma série de pessoas para chegar ao ponto em que está hoje, praticamente decidido a disputar a Presidência. Ele condiciona fechar questão à construção de um consenso no PSB em torno de seu nome.
Preço a pagar A família do ex-presidente do STF resistiu à ideia. A principal preocupação é com o desgaste emocional e com a devassa a que ele será submetido se embarcar na corrida ao Planalto.
Caminho de volta Barbosa acertou com o PSB que, se entender que não há unidade na sigla ou que vai sair chamuscado da campanha, pode desistir até agosto.
Cara nova Apesar do entusiasmo do Planalto, aliados de Michel Temer dizem que, por mais lealdade que tenham a ele, não embarcarão em um projeto sem viabilidade eleitoral. Traduzindo: se o governo quiser bancar um nome para a sucessão, precisará encontrar alguém que não seja o presidente ou Henrique Meirelles.
Política de cotas O Planalto fechou nomes para diretorias de três agências. Por indicação de Eunício Oliveira (MDB-CE) Rogério Scarabel Barbosa vai para a ANS. Sandoval de Araújo Feitosa Neto, aliado de Edson Lobão (MDB-MA), para a Aneel, e Adalberto Tokarsqui, de Eduardo Braga (MDB-AM), permanecerá na Antaq.
Prioridades O PSOL descobriu que o Planejamento realocou R$ 209 milhões na Secretaria de Comunicação da Presidência. Parte do dinheiro saiu de programas destinados ao combate à violência contra a mulher e à reforma agrária –e no momento em que o governo prepara nova leva de propagandas.
A casa torna A Secom diz que se trata de uma recomposição. Argumenta que o dinheiro estava previsto no orçamento deste ano, mas foi cortado pelo Congresso. Por fim, ressalta que o investimento em propaganda respeitará a lei eleitoral, que limita o volume dos gastos. O partido vai à PGR e ao TCU.
No improviso O ex-presidente Lula disse aos senadores que o visitaram na prisão em Curitiba que fez musculação usando seus livros. Contou já ter devorado “A elite do atraso”, de Jessé Souza, e a última obra de Noam Chomsky. Agora lê “Homo Deus”, de Yuval Noah Harari.
Gula O novo governador de SP, Márcio França (PSB), fisga aliados pelo estômago. No sábado, vai almoçar com 130 sindicalistas da Força e da UGT. Além disso, convidou deputados e senadores do estado para um jantar.
TIROTEIO
Boulos fez o que Lula mandou. Parece que a esquerda decidiu inovar na política habitacional e invadir o seu próprio imóvel.
DO DEPUTADO RODRIGO GARCIA (SP), líder do DEM, sobre a invasão do tríplex atribuído ao ex-presidente petista, no Guarujá (SP), organizada pelo MTST.
CONTRAPONTO
Há males que vêm para o bem
O senador Garibaldi Alves (MDB-RN) usou um momento ameno da audiência com o novo ministro dos Transportes, Valter Casimiro Silveira, na Comissão de Serviços de Infraestrutura, nesta terça (17), para dizer aos colegas que havia esquecido de apresentar um dado e que gostaria de complementar sua fala.
A intervenção foi feita pouco antes de Silveira cumprimentar parlamentares, entre eles Lasier Martins (PSD-RS), que havia feito aniversário no sábado (14).
Percebendo uma janela de oportunidade, Garibaldi fez um novo adendo:
— Está aí outra coisa que esqueci: o aniversário!