Lula aponta Gleisi como porta-voz e pede a Haddad para dialogar com partidos

Eu sou o caminho Lula usou as horas que antecederam sua prisão e o tempo que teve com aliados na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba para orientar o PT. Numa tentativa de manter o partido sob controle, empoderou a senadora Gleisi Hoffman (PR) apontando-a como sua porta-voz. Em São Bernardo do Campo, falou com o ex-prefeito Fernando Haddad, visto como o plano B para a disputa presidencial. Disse que ele estava liberado para continuar falando com outras legendas sobre 2018.

Façam fila A defesa do ex-presidente começa a definir nesta segunda (9) a lista de advogados e familiares que serão autorizados a visitá-lo na prisão. Os defensores têm acesso a qualquer hora. A família, uma vez por semana.

Novo membro Advogada, Gleisi deve ser incluída na relação como integrante da equipe de defesa de Lula.

Posseiro O PT quer fazer de Curitiba ponto de romaria para líderes políticos brasileiros e estrangeiros. A sigla fará eventos no acampamento montado pelos apoiadores de Lula todos os dias e discute a possibilidade de transferir a sede nacional do partido para a capital paranaense.

Sem turbulência Na viagem de avião de São Paulo para Curitiba, Lula e seu advogado Cristiano Zanin foram acompanhados por um delegado e dois agentes da corporação. As conversas foram protocolares e em tom respeitoso com o ex-presidente.

Pano para manga Integrantes da equipe de Lula avaliam que a decisão do ministro Edson Fachin, que rejeitou no sábado (7) reclamação apresentada ao Supremo Tribunal Federal, restringiu ainda mais os direitos da defesa e abriu brecha para novos questionamentos.

Régua nova Fachin defendeu a ordem de prisão expedida por Sergio Moro argumentando que os embargos que ainda podem ser apresentados ao TRF-4 não têm efeito suspensivo. Para os petistas, a jurisprudência do STF só autoriza o encarceramento após o fim de todos os recursos na segunda instância.

Só para constar? A defesa do ex-presidente decide nesta segunda se apresenta ao TRF-4 o último embargo que ainda cabe contra a condenação pelo tríplex. Ao abrir caminho para a prisão de Lula, a corte considerou o instrumento protelatório.

Data de entrega Coordenadora da câmara de conciliação que tenta resolver a controvérsia em torno do auxílio-moradia de juízes e procuradores, a Advocacia-Geral da União avisou magistrados envolvidos com as negociações que espera alcançar um acordo dentro de 60 dias.

Carimbo final Quem chamou a AGU para buscar solução para o problema, a pedido da Associação dos Magistrados Brasileiros, foi o ministro Luiz Fux, relator da ação que questiona a legalidade do auxílio-moradia no Supremo Tribunal Federal. Se houver acordo, ele terá que ser homologado pelo STF.


Poleiro novo Ex-secretário particular do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e irmão do cientista político Luiz Felipe D’Ávila, o fazendeiro Frederico D’Ávila deixou o ninho tucano. Ele vai coordenar o programa do presidenciável Jair Bolsonaro para o agronegócio.

Sob nova direção O novo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), telefonou para o recém-empossado governador do estado, Márcio França (PSB), e o convidou para participar de seu primeiro ato público à frente do cargo. O pessebista aceitou.

Muy amigo Covas defende a aproximação com França como uma maneira de garantir que a parceria entre o governo e a prefeitura continue, mas o gesto tem potencial para criar atrito político. França disputará a sucessão de Alckmin concorrendo contra João Doria (PSDB), de quem o novo prefeito era vice.


TIROTEIO

Um sistema judicial com dois pesos e variadas medidas e ritmos faz o caráter político de suas decisões prevalecer sobre o jurídico.

DO DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre a resolução tomada pelo seu partido neste domingo (8) de tratar o ex-presidente Lula como preso político.


CONTRAPONTO

O primeiro refúgio

Em 1980, quando o último governo militar decidiu intervir no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e mandou a polícia ocupar a sede da entidade, Luiz Inácio Lula da Silva se escondeu na casa dos sogros.

— Não estava com medo de ser preso —disse Lula em 1993, em depoimento à jornalista Denise Paraná. — Não tinha muita experiência. Não queria ficar na minha casa.

Convencido por companheiros, ele logo reapareceu.

— O pessoal passou o tempo inteiro gritando o meu nome. A diretoria tentava falar e a massa não deixava.

Lula fez o último discurso antes de sua destituição, voltou para a própria casa e foi preso no dia seguinte.