Com discurso, Cármen Lúcia também tenta evitar embate entre ministros

A hora mais escura Na tentativa de evidenciar até em imagem sua preocupação com as consequências do julgamento de Lula, a presidente do STF, Cármen Lúcia, quis ler sem qualquer produção o pronunciamento que fez nesta segunda (2). Havia acabado de ouvir que a PF espera até 20 mil pessoas, a favor e contra o petista, com risco de confronto. Em tom severo, falou para esse público, mas também para os colegas. Tudo o ela que não quer é, em ambiente tão sensível, novo bate-boca entre magistrados.

À mulher de César Assessores de Cármen e da TV Justiça perguntaram se a ministra não preferia gravar o texto em um estúdio, com teleprompter e outros artifícios. Ela rechaçou. Disse que seria filmada em sua mesa de trabalho e que não havia problema se percebessem que estava lendo na folha de papel que havia escrito.

Avisado está A Secretaria de Segurança do DF prevê conflito na quarta (4), o dia da retomada do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo. Em tensa reunião nesta segunda (2), ficou definido que a PM instalará grades para separar os dois grupos que organizam protestos na Esplanada.

Vai dar ruim As barreiras não devem segurar possíveis brigas –são baixas, têm no máximo 1,20 metro– e só haverá segurança a partir da área da Catedral de Brasília.

Fio da navalha Ministros do Supremo já deram o caminho das pedras para tentar aliviar a pressão sobre os ombros de Rosa Weber, dona do voto decisivo para a prisão após condenação em segunda instância –e para o ex-presidente Lula.

Sinta-se livre Ela tem negado pedidos de soltura alegando respeitar a maioria apertada que se formou em 2016. Marco Aurélio Mello já sinalizou que ela não é obrigada a seguir o entendimento anterior, já que o plenário do Supremo estará avaliando o tema novamente, motivado pelo pedido do petista.

Para constar Quando o STF debateu o assunto pela última vez, em 2016, Weber foi contra a antecipação do encarceramento.

Entre os meus Durante o julgamento de seu habeas corpus, Lula vai participar da abertura do Congresso da Central de Movimentos Populares, na escola Florestan Fernandes, do MST.

Estilhaços O PSL ampliou sua bancada com a chegada de Jair Bolsonaro (RJ), mas também registrou perdas. Sete integrantes que comandavam diretórios estaduais da sigla decidiram debandar. Eles tiveram que abrir mão de seus postos para aliados do presidenciável, mas dizem que as mudanças foram mal conduzidas.

Estilhaços 2 “Bolsonaro tomou o partido para si e está fazendo as coisas de maneira anti-democrática. Ele não tem compromisso partidário muito menos com o povo”, diz Carlos Alberto, ex-presidente do PSL de Minas. Ele e a mulher, a deputada federal Dâmina Pereira, foram para o Podemos.

Meu guri O chefe de gabinete do ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), Carlos Henrique Sobral, lidera apostas para assumir a chefia do Ministério do Turismo.

Juntos… O presidente Michel Temer dirá, no ato de filiação do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ao MDB, nesta terça (3), que “a nossa união nos fortalece”.

… chegaremos lá Alimentando as especulações de que poderia ter Meirelles como vice, Temer pregará que a parceria de ambos venceu a inflação, derrubou os juros e tirou o país da mais grave recessão da história.

Apenas pare Apesar do discurso otimista, as prisões de amigos do presidente deram força à ala do Planalto que é contra a alimentar especulações em torno de uma tentativa de reeleição.


TIROTEIO

Ele deveria fazer jejum e oração para que a Lava Jato não continue a se partidarizar. E para que apresente provas, não só convicção.

DE FREI BETTO, escritor e ex-assessor especial de Lula, sobre o procurador Deltan Dallagnol ter dito que vai jejuar antes do julgamento do petista no STF.


CONTRAPONTO

História que (não) se repete como farsa

Em seu novo livro, “Galope à beira-mar”, o ex-presidente José Sarney reúne causos da política e conta que, certo dia, Tenório Cavalcanti, que fez carreira no Rio e foi deputado federal de 1950 a 1958, invocou, em discurso, uma citação que inventou e atribuiu a Rui Barbosa:

— A locomotiva da honestidade limpará os trilhos da corrupção! — bradou.

Conhecido como “deputado pistoleiro”, Cavalcanti costumava andar com uma submetralhadora debaixo do braço. Mesmo assim, Carlos Lacerda não deixou passar:

— Rui Barbosa nunca disse isso! — rebateu.

— Não disse? Pois o digo eu!