PT vai explorar ataques a caravana do Sul em denúncia à mídia estrangeira

Em território hostil Petistas classificaram as agressões sofridas nos últimos dias pela caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Sul como atos organizados por grupos isolados, mas se preparam para explorá-las politicamente. A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-chanceler Celso Amorim vão denunciar os ataques em entrevista a jornalistas estrangeiros nesta segunda (26), no Rio. A rota prevista para a viagem está mantida. Lula pretende encerrar o giro pela região em Curitiba, na quarta (28).

Para inglês ver O objetivo dos petistas é buscar espaço na imprensa estrangeira para difundir a ideia de que Lula foi alvo de tentativas de intimidação. Também devem acusar as polícias estaduais da região de conivência com os agressores.

Medindo forças Líderes tucanos consideraram as ações contra o PT expressões de um radicalismo que pode voltar a exibir força na campanha. Para eles, a decisão de Lula de percorrer a região num momento em que se discute sua prisão iminente pode ter soado como provocação.

Fica comigo Dirigentes do PT torcem para a candidatura do coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos (PSOL), deslanchar para ele engrossar as fileiras em defesa de Lula. Boulos se lançou de olho no espaço que se abrirá se o petista for impedido de concorrer.

Terra árida Em conversas com aliados, Geraldo Alckmin (PSDB) reconheceu que terá dificuldades no Nordeste na corrida presidencial. O tucano também disse ver pouco espaço na região Norte, por causa da histórica oposição de São Paulo aos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus.

Quintal ocupado Candidato à reeleição, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), mostrou para os tucanos pesquisas internas que apontam o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) com 45% das intenções no Centro-Oeste.

Quero só ver Dirigentes de partidos da base de Michel Temer no Congresso dizem que poderá falhar a tentativa do emedebista de usar as trocas no ministério para manter a seu lado as siglas que apoiam as pretensões eleitorais do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Palavra de honra PP, PR e PRB podem até declarar apoio a Temer e sua eventual candidatura à reeleição, dizem, mas nada os impediria de mudar de ideia depois, quando as candidaturas ao Planalto se definirem.

Precedente Os dirigentes dessas siglas lembram o caso do ministro Gilberto Kassab (Comunicações). Ele declarou apoio à candidatura de Alckmin, mas o PSD continua à frente de dois ministérios.

Mão estendida O prefeito João Doria (PSDB), que no ano passado defendeu a reforma trabalhista e agora se prepara para entrar em campanha pelo governo de São Paulo, busca reaproximação com o movimento sindical.

Sem correr risco Nesta segunda, o tucano se encontrará com Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores). Patah é filiado ao PSD, que apoia Doria na disputa eleitoral.

No camarote Três bancos internacionais que patrocinam o jantar da Brazilian-American Chamber of Commerce que homenageará o juiz Sergio Moro e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, em maio, deram contribuições maiores desta vez do que em anos anteriores.

Precificado Citibank, Credit Suisse e UBS pagarão US$ 26 mil para participar da festa. Em 2015, quando o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o ex-secretário do Tesouro dos EUA Timothy Geithner foram homenageados, esses bancos pingaram menos da metade do valor deste ano.


TIROTEIO

Não se trata de uma campanha eleitoral, mas de uma afronta à legalidade. Um condenado não poderia se colocar como candidato.

DO SENADOR ÁLVARO DIAS (Podemos-PR), sobre a caravana do ex-presidente Lula no Sul, marcada por reações violentas de grupos contrários ao petista.


CONTRAPONTO

Não adianta empurrar

Em almoço com integrantes da Frente Parlamentar Agropecuária no dia 13, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez uma reflexão sobre o excesso de medidas provisórias em tramitação no Congresso.

— Deputado, quando vira ministro, adora medida provisória. Nunca vi.

Citou Mendonça Filho (DEM-PE), que fez a reforma do ensino médio como ministro da Educação, e Alexandre Baldy (PP-GO), que, na pasta das Cidades, propôs medida para regulamentação do setor de saneamento básico.

— Virei pra o Baldy e falei: que MP o quê? É projeto de lei! Não tem como fazer MP para isso não!

RICARDO BALTHAZAR (interino), com THAIS ARBEX e JULIA CHAIB