Cautela de Meirelles alimenta dúvidas de dirigentes do MDB sobre projeto eleitoral

Painel

Avaliação de riscos Até os dirigentes do MDB mais entusiasmados com a candidatura presidencial de Henrique Meirelles começaram a expressar dúvidas sobre a empreitada. O plano dos simpatizantes do ministro da Fazenda é levá-lo para viajar assim que ele se filiar ao partido do presidente Michel Temer, para aproximá-lo de líderes regionais da sigla e testar seu apelo eleitoral. Aliados de Meirelles, porém, acham que ele é cauteloso demais para correr os riscos que esse esforço acarretaria.

Salto no escuro A direção da sigla não ofereceu ao ministro nenhuma garantia de que teria o apoio do partido. Além disso, indicou que ele precisaria conquistar as facções internas e submeter seu nome a voto na convenção da legenda, até agosto.

Espelho riscado Meirelles teme o dano que uma aventura eleitoral poderia causar à sua credibilidade na praça. Nesta semana, teve uma amostra desse perigo ao sugerir mudanças na política de preços dos combustíveis, virando alvo de críticas.

Dia seguinte O ministro também tem avaliado com seus colaboradores o risco de perder a força necessária para seguir na condução da economia e da agenda de reformas do governo no Congresso se desistir da eleição.

Prazo de validade Líderes dos partidos que se alinharam com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no lançamento de sua candidatura nesta quinta (8) indicaram o início de junho como limite para que ele se mostre competitivo.

Número mágico A expectativa dessas siglas (PP, PR, PRB e Solidariedade) é que Maia alcance dois dígitos nas pesquisas eleitorais até lá. Ele hoje aparece com 1%. O acordo com Maia prevê a indicação do vice da chapa democrata e do próximo presidente da Câmara, em 2019.

Plano B Se Maia não decolar, o bloco entrará na caravana do governador Geraldo Alckmin (PSDB), dizem os líderes dessas legendas.

Fora dos autos Ao enviar à Procuradoria-Geral da República parecer de juristas que consideram ilegal a investigação de seus atos antes da Presidência, Michel Temer quis dar seu recado sem correr o risco de contestar a medida com petição formal no Supremo Tribunal Federal.

Fica a dica O mesmo argumento que ele apresentou contra o inquérito aberto para investigar suas relações com a Odebrecht poderá ser aplicado ao que examina negócios no setor portuário, em que seu sigilo bancário desde 2013 foi quebrado.

Abaixo assinado Aliados do prefeito João Doria inscreverão seu nome segunda-feira (12) nas prévias marcadas para definir o candidato do PSDB ao governo de São Paulo. Eles dizem ter recolhido mais de mil assinaturas para o tucano, mais do que o mínimo necessário.

Vai ter luta Outro pré-candidato ao governo estadual, o ex-senador José Anibal, diz que também pretende se inscrever na segunda. O primeiro turno das prévias está marcado para dia 18 e o segundo, para 25.

Bloco na rua O empresário Flavio Rocha, dono da Riachuelo, encontrou-se na terça (6) com dirigentes do MDB, do PP e do PRB. Disse a todos que só pretende concorrer à Presidência se tiver apoio suficiente para evitar uma aventura.

Vinde a mim O PSB negocia a filiação do ex-senador Osmar Dias (PDT) para lançá-lo candidato ao governo do Paraná. Ele espera atrair parte da base de apoio do governador Beto Richa (PSDB) para sua campanha.

Questão de família Irmão do senador Álvaro Dias (Podemos), pré-candidato à Presidência, Osmar ficará assim livre para apoiá-lo na corrida ao Planalto, em vez de defender Ciro Gomes (PDT).


 

TIROTEIO

A política está como o mercado do futebol: quem oferece mais dinheiro para campanha consegue contratar o elenco mais numeroso.

DO DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre as negociações iniciadas por deputados com a janela aberta para trocas de partido antes das eleições.


CONTRAPONTO

Ajoelhados no milho

Uma das primeiras a falar na convenção do DEM nesta quinta (8), a deputada Professora Dorinha (TO) aproveitou o Dia Internacional da Mulher para discursar em defesa de maior participação feminina na política.

Enquanto ela falava no palco do evento, os dirigentes do partido se entretinham em conversas paralelas, até que Dorinha interrompeu seu discurso:

— Eu sou professora, e não gosto de falar com barulho!

A deputada foi aplaudida pela militância, e o mestre de cerimônias do evento foi ao microfone pedir:

— Senhoras e senhores, vamos dar um pouquinho de atenção aos nossos pronunciamentos.

RICARDO BALTHAZAR (interino), com THAIS ARBEX e JULIA CHAIB