Empresários pressionam deputados indecisos a aprovar nova Previdência

Painel

Empurrão final A duas semanas da data prevista pelo governo para a votação da reforma da Previdência, associações empresariais ligadas à indústria e ao agronegócio resolveram aumentar a pressão sobre os deputados federais. Definiram como alvo cerca de 120 parlamentares que ainda se declaram indecisos sobre a proposta negociada pelo governo com o Congresso. Encerrado o Carnaval, pretendem bombardeá-los com mensagens telefônicas para que aprovem as mudanças nas aposentadorias.

Jogo combinado O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, acertou a iniciativa com o presidente Michel Temer num encontro na semana passada. Prometeu mobilizar centenas de entidades para apelar aos deputados.

Em tuas mãos Embora até integrantes do governo expressem pessimismo sobre as chances de aprovação da reforma, o engajamento dos empresários é considerado uma cartada importante em ano eleitoral.

Moeda de troca A avaliação de aliados de Temer no Congresso é que os empresários têm influência em suas regiões e podem ajudar os parlamentares a financiar suas campanhas, num ano em que não poderão contar com doações das empresas.

Disco novo Ao retomar a discussão sobre a criação de um Ministério da Segurança Pública, o governo se prepara para mudar de assunto no Congresso se a reforma da Previdência naufragar.

Dono da pauta O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem indicado que a Casa se voltará para propostas de combate ao crime e à violência, entre as quais a revisão do Estatuto do Desarmamento.

Uni-vos Fundações ligadas a cinco partidos de esquerda –PT, PC do B, PDT, PSB e PSOL– redigiram documento com propostas para construir uma agenda mínima nas eleições deste ano. O conteúdo deverá ser apresentado na próxima terça-feira (20), na Câmara.

O que me guia A agenda defende o fortalecimento dos bancos públicos, incentivos à indústria e investimentos para cumprir as metas do Plano Nacional de Educação. Dirigentes dos partidos não chancelaram a iniciativa, e o PSB já avisou que não o fará.

Pires na mão Só apareceram até agora sete patrocinadores para as mesas principais do jantar em que a Brazilian-American Chamber of Commerce homenageará o juiz Sergio Moro e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg como personalidades do ano, em maio. Entre os confirmados estão Bradesco, Itaú BBA e Santander.

No camarote No ano passado, quando o prefeito João Doria (PSDB) e o ex-embaixador americano Thomas Shannon foram escolhidos, as mesas principais atraíram 15 patrocinadores. Cada uma com dez lugares, elas garantem acesso privilegiado aos homenageados na festa e custam US$ 26 mil.

Agora não Na reunião convocada pelo diretório do PSDB em São Paulo para segunda-feira (19), a ordem dos aliados do governador Geraldo Alckmin é ganhar tempo. O objetivo é impedir que se defina a data das prévias para escolha do candidato do partido à sucessão do tucano, adiando a decisão da sigla.

Dissidência Um grupo de advogados que integra o Conselho da OAB de São Paulo articula chapa para disputar as eleições da entidade neste ano como oposição à direção atual. Acham que a OAB tem sido tímida na defesa da categoria frente ao Judiciário e ao Ministério Público.

Primeiro passo Os dissidentes, que hoje dizem contar com o apoio de 200 das 230 subseções da entidade em São Paulo, querem dar caráter nacional ao movimento se vencerem no Estado.


TIROTEIO

Vamos efetivar a plutocracia e destruir a democracia. Será a consolidação do parlamento dos ricos. Como sempre, pobres ficam de fora.

DA SENADORA GLEISI HOFFMANN (PR), presidente do PT, sobre a resolução do TSE que libera o autofinanciamento das campanhas nas eleições deste ano.


CONTRAPONTO

O dono da fantasia 

Candidato a deputado distrital em 2010 pelo PTB, o carnavalesco Joãosinho Trinta foi uma das estrelas da convenção do partido em que foi oficializado o apoio a José Serra (PSDB) na disputa presidencial daquele ano.

Em seu discurso, o tucano fez um agrado a Joãosinho:

— Quando eu estava no exílio e um pouco depois de voltar, lia reportagens sobre um verdadeiro filósofo, um ideólogo, que agora fico feliz de ver aqui junto a nós.

Dias depois, o carnavalesco, autor do enredo “Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia”, declarou apoio à candidata do PT, Dilma Rousseff, e partiu para a campanha em Brasília. Teve apenas 233 votos e não se elegeu.