Temer está convencido de que não tem nada a perder se disputar reeleição

Painel

Cidade dos sonhos Michel Temer não assume publicamente, mas está cada vez mais convencido de que não tem nada a perder se for candidato à reeleição para defender seu legado. Inflado por otimistas, acredita numa melhora do ambiente econômico capaz de levar sua popularidade a dois dígitos até maio. O presidente tem espalhado essa mensagem entre dirigentes de siglas aliadas e no próprio partido. Quem tem os pés no chão torce para que “a realidade traga o debate para o ponto certo”.

Prova dos nove O flerte de Temer com a eleição será mais um teste de resiliência para o ministro Henrique Meirelles. O titular da Fazenda já sabe que só terá guarida em sua legenda, o PSD, até a primeira semana de março. Depois disso, a cúpula da sigla pretende selar a aliança com Geraldo Alckmin (PSDB).

Custo-benefício No MDB há quem torça para que Meirelles se abrigue no partido até que o quadro se defina. Esse grupo diz que, se o presidente concorre e perde, enterra de vez não só a história de seu governo como também a legenda. Se Meirelles vestir a camisa e fracassar, “deu a lógica”.

Estou ligado Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizem que ele já percebeu que se o governo tiver que lançar um candidato, o nome será Temer. Daí deriva o mais recente estremecimento das relações entre o democrata e o Planalto.

Chá de camomila Aliados de João Doria (PSDB-SP) avaliam que a fala de Geraldo Alckmin, nesta terça (6), de que o partido pode ter “dois ou três palanques” no Estado, tem relação com sinais dados pelo ministro Gilberto Kassab de que o PSD irá apoiá-lo na disputa nacional.

Só falta o anel Para fechar com Alckmin, porém, Kassab quer garantia de que o PSD ficará com a vice do candidato tucano ao governo de SP. O prefeito João Doria (PSDB-SP) ainda não disse se topa. O vice-governador, Márcio França (PSB), que luta para angariar mais apoios, avisou que, com ele, tem jogo.

Inimigo oculto Doria foi subliminarmente atacado em evento do governo de SP com prefeitos, protagonizado por França, nesta terça (6). Jonas Donizette (PSB), de Campinas, destacou que o vice de Alckmin é “leal”. O deputado Abelardo Camarinha (PSB) criticou “traidores”.

Tiro ao alvo Um dos pontos a serem questionados pela defesa do ex-presidente Lula no recurso ao TRF-4 está no voto de Victor Laus. Os advogados identificaram que o desembargador adotou entendimento diferente do que sempre seguiu em relação à progressão do regime para acompanhar os colegas.

Meu laudo Os peritos da PF vão entrar no debate sobre o voto impresso. A associação que representa a categoria redigiu documento em que diz ter concluído “que a impressão do voto é necessária para aprimorar a segurança e o sistema de auditoria do processo eleitoral”.

Meu laudo 2 “É preciso haver uma forma não eletrônica de auditoria, que não possa ser adulterada sem acesso físico”, salienta o texto.

Caça às bruxas Deputados que estão na linha de frente da defesa da reforma da Previdência cobram retaliação aos colegas que têm cargos no governo e assumem publicamente serem contra as mudanças. O PR é o principal alvo das reclamações.

Quem manda? Incomodados, integrantes do PSD aconselharam Rogério Rosso (DF) a deixar as conversas com o governo para o líder da legenda. O deputado vinha aparecendo como porta-voz informal da resistência às novas regras de aposentadoria.

Restos a pagar O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) foi ao STF pedir que o juiz Marcelo Bretas devolva aos cofres públicos “os valores indevidamente recebidos” por meio do auxílio-moradia.


TIROTEIO

Exemplo de lealdade no ninho: enquanto Alckmin tenta consolidar sua candidatura, FHC busca um Macron para chamar de seu.

DO DEPUTADO NILTO TATTO (PT-SP), sobre o interesse do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em uma eventual candidatura de Luciano Huck.


CONTRAPONTO

Virtù e fortuna

Na primeira sessão deste ano, nesta terça (6), a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado foi palco para a sabatina de Paula Farani de Azevedo Silveira, designada pelo governo federal para integrar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

Para exercer a função de relator da indicação, Tasso Jereissati (PSDB-CE) passou a presidência do colegiado a Garibaldi Alves (MDB-RN), que emendou uma piada:

— Assumo com indisfarçável alegria porque parece que o ano vai ser bom para vice! — brincou, numa referência aos titulares que abrirão mão de cargos para disputar as eleições deste ano.