Apontados pelo Datafolha, rejeição a Temer e vazio eleitoral do centro viram atestado contra a reforma

Tiro de misericórdia Os resultados da pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta (31) foram usados por parlamentares da base do governo como um atestado de que votar a reforma da Previdência sob a impopular gestão de Michel Temer será um suicídio político. Há, mesmo entre líderes de partidos aliados, forte movimento para tirar o projeto de pauta. Pressionado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenta ganhar tempo. Disse que dará um sinal definitivo após o dia 7, quando fará ampla reunião.

Salto com vara O muro que se ergueu sobre a mudança nas aposentadoria tem muitos componentes. Somadas, a rejeição a Temer, a proximidade das eleições e a inexistência de candidatura de centro que empolgue parcela expressiva da população tornaram-se uma combinação difícil de suplantar.

Anéis e dedos Maia, que tem se colocado como presidenciável, foi fortemente aconselhado a abandonar a pauta previdenciária e se afastar do governo, especialmente por aliados do Nordeste. Ele resiste. Ainda vê na aliança pendular com o Planalto uma fonte de poder.

Estou no lucro Mesmo marcando 1% no Datafolha, o presidente da Câmara comemorou a pesquisa. A pessoas próximas, disse que a essa altura do campeonato, o que deve ser observado é a rejeição do eleitorado. Nesse quesito, bateu 21%, índice considerado baixo.

Enigma da esfinge Auxiliares de Temer cruzaram dados do Datafolha com os de pesquisas encomendadas pelo próprio Planalto. Num diagnóstico direto e realista, disseram que, mesmo que a economia dê um salto, a rejeição ao presidente (60%) não deve baixar a ponto de torná-lo um player eleitoralmente influente.

Decifra-me ou… Os números obtidos em levantamentos internos mostram que a população simplesmente não reconhece como um feito do governo a recuperação econômica ou, pior, em temas importantes, sequer enxerga melhora.

Palavras ao vento Exemplo: mesmo com inflação baixíssima, 79% das pessoas ouvidas pelo instituto contratado pelo Planalto dizem que os preços estão aumentando.

Reproduzam! Só 3% dos entrevistados reconhecem queda nos custos.

Qual é? Logo após a participação de Luciano Huck no “Domingão do Faustão”, no início deste ano, auxiliares do governador Geraldo Alckmin (PSDB) questionaram a cúpula da Globo sobre as aspirações do apresentador.

Caixa de surpresa Os tucanos não engoliram a versão de que a aparição em tom eleitoral foi feita em aval da emissora. Huck é visto como um adversário perigoso.


Ainda juntos Em meio à ofensiva pró-Lula, o PT vai inaugurar extraoficialmente, no sábado (3), o viaduto paulistano que leva o nome de Marisa Letícia.

Desgosto Um deputado do PTB enviou em um grupo do partido no WhatsApp um meme sobre o vídeo protagonizado por Cristiane Brasil (RJ). A imagem da deputada na lancha foi transformada em capa de um filme pornô: “A ministra e os Go Go Boys”.

Desgosto 2 O parlamentar disse aos companheiros que recebeu o conteúdo de outro grupo e escreveu: “Meu Deus, que desgaste para Cristiane!”. Ela não reagiu.

Visita à Folha O professor Vahan Agopyan, reitor da USP (Universidade de São Paulo), visitou a Folha nesta quarta-feira (31), a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Antonio Carlos Hernandes, vice-reitor; Gerson Tomanari, pró-reitor adjunto de Graduação; Thiago Liporaci, chefe de gabinete do reitor; Luiz Roberto Serrano, assessor da reitoria; e Adriana Cruz, assessora de imprensa.


TIROTEIO

Faltam nove meses, uma gravidez inteira. Tudo que é sólido desmancha no ar. Este não é o retrato do Brasil que nascerá.

DE MARCUS PESTANA (MG), secretário-geral do PSDB, sobre o Datafolha mostrar Geraldo Alckmin ainda distante da briga pela liderança das intenções de voto.


CONTRAPONTO

Só sente quando dói no bolso

Conhecido por falar demais, Ciro Gomes (PDT-CE) brincou que seu jeito de ser custa caro. O presidenciável abordou o assunto durante debate sobre a reforma da Previdência, em junho do ano passado, em evento com centrais sindicais. No meio de sua fala, o cearense contou que se recusou a acumular três pensões, e emendou:

— Não aceitei o dinheiro e agora estou aqui, processado pelo (Orestes) Quércia, que se foi, pelo Michel Temer, pelo Eduardo Cunha… É uma honra, mas tem custo!

— A última foi agora. O Temer, na véspera da delação do gangster da JBS, ganhou R$ 30 mil do miserável aqui na Justiça. Mas eu vou tomar de volta! Estou recorrendo!