Para aliados, condenação de Lula impõe isolamento eleitoral ao PT; ex-presidente consolou advogados
Na noite escura A superlativa derrota de Lula no julgamento que pode marcar o ocaso de sua trajetória política deve impor o isolamento eleitoral ao PT, consolidando a pulverização de candidaturas de esquerda, avaliam aliados históricos da sigla. A dura e unânime decisão do TRF-4 abateu até os advogados do petista. Logo após o resultado na corte, o ex-presidente disse a correligionários que teve que consolar seus defensores por quase meia hora no telefone. “Eles achavam que podiam ganhar”, narrou.
O que resta Legendas da esquerda não deixarão de atacar a “seletividade da Justiça”, mas vão inflar nomes já postos como opção ao ex-presidente, como Ciro Gomes (PDT) e Manuela D’Ávila (PC do B).
Menor dos males Advogados ligados ao PT apostam que o TRF-4 vai concluir o julgamento do recurso a que Lula tem direito em pouquíssimo tempo. Agora, miram cortes superiores, principalmente para impedir sua prisão.
No seu quadrado Há um movimento para que o plenário do STF volte a discutir a ação que questiona o encarceramento após condenação em segunda instância até março. Os defensores da medida querem desvincular o debate da situação de Lula. Sem isso, avaliam, será muito difícil ter sucesso.
Deu ruim Ainda sob impacto do julgamento, aliados do ex-presidente avaliaram que, ao transformar o caso em um embate entre a política e a Justiça, o PT deu um tiro no pé. Horas após a decisão, o próprio Lula pregou contra radicalismo. Disse que era a hora de “falar para o povo”.
Cobras e lagartos Durante a leitura do voto do desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do caso de Lula, o ex-presidente disse a aliados no Sindicato dos Metalúrgicos que “tinha consciência de que sairia condenado” e soltou alguns palavrões.
Os meus Mais do que a confirmação da condenação por unanimidade, a ampliação da pena de nove anos e meio para 12 anos e um mês de reclusão baqueou o petista. Chegaram a dizer que ele teve um pico de pressão –dirigentes do PT negam.
Vai decantar Adversários do PT avaliam que o impacto da nova condenação não será sentido de imediato nas pesquisas, mas garantem que o resultado favorece o centro.
O necessário Aliados do presidente Michel Temer admitem reduzir a reforma da Previdência a apenas dois pontos para tentar aprovar o texto: a idade mínima e o fim da aposentadoria por tempo de contribuição. Fora isso, tudo é negociável.
Estica e puxa O relator das mudanças nas regras de aposentadoria na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA), faz reuniões periódicas com o ministro Dyogo Oliveira (Planejamento) para apresentar alterações sugeridas por parlamentares e mensurar o impacto nas contas.
São Tomé O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu nesta quarta (24) a lista com os nomes dos deputados que seriam a favor da nova Previdência. Decidiu ele mesmo fazer um pente-fino nos dados para ver se confere.
Quem, eu? Longe da turbulência causada pela condenação de Lula, o presidente Michel Temer está se sentindo prestigiado em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial. O fundador do evento, Klaus Schwab, convidou o emedebista a retornar no próximo ano, mesmo ele não estando mais à frente do governo.
Cabeça de chave Entre as 12 reuniões bilaterais que manteve nesta quarta (24), Temer deu entrevista ao “New York Times”. O repórter, porém, foi o novo publisher do jornal americano. Arthur Gregg Sulzberger, ou AG Sulzberger, que assumiu o cargo neste ano, aos 37.
TIROTEIO
Cenário surreal: o recurso acabou ampliando a pena de Lula. O juiz Sergio Moro, ao fim, foi um moderado. Enredo combinado.
DE CARLOS LUPI, presidente do PDT, sigla que lançará Ciro Gomes ao Planalto, lamentando o resultado do julgamento do recurso do ex-presidente Lula.
CONTRAPONTO
No compasso da felicidade
Em entrevista a jornalistas nesta terça (23), no Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS), disse que a reforma da Previdência será votada em fevereiro. Sem arriscar placar, garantiu que as mudanças nas regras de aposentadoria serão aprovadas. Um repórter, então, perguntou:
— Se a reforma não passar o senhor vai dançar, né? — indagou, fazendo graça com a já famosa dança protagonizada pelo emedebista quando a Câmara rejeitou denúncia contra Michel Temer.
— Não! Se for aprovada é que vou dançar! Eu só danço de alegria! — respondeu Marun de pronto.