Aliados de Maia e Meirelles dizem que Temer atira em quem tenta andar com as próprias pernas

Painel

A palavra é prata… O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) reagiram da mesma forma às declarações de Michel Temer sobre a eleição de 2018: com o silêncio. Dos dois lados a leitura foi a de que para sinalizar que o árbitro do jogo é ele, Temer atirou nos aliados que tentam se projetar com as próprias pernas e enalteceu Geraldo Alckmin (PSDB), alvo de desconfiança sobre suas chances dentro do próprio partido. Para o tucano, o aceno veio em boa hora.

Que momento Meirelles determinou que ninguém em sua equipe falasse sobre a entrevista do presidente ao “O Estado de S. Paulo”. Os auxiliares obedeceram com o nariz tampado. Nos bastidores, disseram que Temer foi desleal ao desidratar as chances de o ministro concorrer ao Planalto no momento em que ele é alvo da artilharia de Maia.

Pé esquerdo O titular da Fazenda amanheceu com a fala de Temer de que prefere que ele continue ministro e terminou o dia com o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor’s. Sem reforma da Previdência, as outras grandes agências devem fazer o mesmo.

Zíper A repercussão das declarações levou o presidente a dizer que não fala mais sobre eleição até que chegue o momento adequado.

Os russos A fresta aberta por Temer para uma aliança eleitoral com Alckmin foi vista no MDB como um atalho para pavimentar o apoio dos tucanos à reforma da Previdência. Eventual parceria com o PSDB, porém, não agrada à bancada do partido na Câmara.

É passado Para os aliados do tucano, o gesto de Temer reforça a importância do governador paulista no jogo político e encerra a narrativa de remorso pela posição dúbia do PSDB durante a votação das denúncias.

Me dê motivo A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, trocou a subprocuradora Ela Wiecko de função por meio de uma portaria publicada em dezembro. Wiecko vai deixar de atuar no STF para trabalhar junto ao STJ. A subprocuradora só soube da mudança pelo Diário Oficial.

Nova direção Ela chegou a ser a número dois da PGR na gestão de Rodrigo Janot. Na ocasião, deixou o posto a pedido após ser flagrada em um ato “fora, Temer”.

Sem refresco O recesso está puxado para a presidente do STF, Cármen Lúcia. Houve um aumento de 15% no volume de processos que chegaram ao Supremo durante as férias dos ministros neste ano, em comparação com o anterior.


Livrai-nos Do dia 20 de dezembro a 6 de janeiro, 538 ações chegaram a Cármen –309 pedidos de habeas corpus.

Túnel do tempo A informação de que a entrevista de Luciano Huck ao “Domingão do Faustão” foi gravada em 11 de novembro esbarra em um dado. Durante a conversa, Fausto Silva diz que Huck “deixou bem claro em comunicado enviado a todos os jornais” que não seria candidato a presidente.

Bola de cristal O artigo em que o apresentador negou disposição de disputar a Presidência foi publicado na Folha e reproduzido por outros veículos no dia 27 de novembro. Procurada, a TV Globo não respondeu.

Vai ter luta O deputado estadual Carlos Neder (PT) diz que conseguiu 5.790 assinaturas para lançar o nome de Eloi Pietá, ex-prefeito de Guarulhos, ao governo de São Paulo. Ele será inscrito como pré-candidato do partido para disputar prévias contra Luiz Marinho.

Visita à Folha Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura, visitou a Folha nesta quinta-feira (11). Estava acompanhado de Bárbara Semerene, coordenadora de imprensa, e Fernando Thompson, assessor de comunicação.


TIROTEIO

Posto com lava a jato para desvio de recursos públicos nós já conhecíamos, mas açaí fantasma é uma invenção de Bolsonaro!

DO SENADOR RANDOLFE RODRIGUES (REDE-AP), sobre a mulher que é funcionária do gabinete de Jair Bolsonaro, mas trabalha vendendo açaí no Rio.


CONTRAPONTO

Estômago fraco, coração de pedra

Neste começo de ano, às vésperas do julgamento do recurso de Lula no TRF-4, em Porto Alegre, os garçons do restaurante Piantella, tradicional ponto de encontro de políticos em Brasília, passaram por situação inusitada.

O estabelecimento tem uma galeria com cerca de 500 fotos históricas de políticos, acervo do fotógrafo Orlando Brito. Assim que seu prato foi servido, um cliente se levantou e cobriu com um guardanapo a foto do ex-presidente petista exposta na parede.

— Não consigo jantar olhando para esse sujeito — disse.

O maître monitorou cada garfada. Assim que o cliente deixou o Piantella, o retrato foi descoberto.