Contra a tese de que se tornará um ‘pato manco’, Temer vai defender reforma da Previdência

Painel

Navegar é preciso Se superar nesta quarta (25) a segunda denúncia da qual é alvo, Michel Temer vai se concentrar em demonstrar vigor administrativo. O presidente quer afastar as especulações de que, mesmo sobrevivendo, terá se transformado em um “pato manco”. Em conversas com aliados no último fim de semana, disse que vai defender uma pauta de medidas prioritárias e deixou claro que não desistiu da reforma da Previdência. Defenderá que o Congresso vote a proposta e aprove o que for possível.

No seu quadrado O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também avisou a aliados que pretende fazer um discurso propositivo no dia seguinte à apreciação da denúncia. Maia está disposto a imprimir uma marca pessoal nas discussões não só sobre economia, mas também sobre segurança.

Unidos venceremos Integrantes da oposição a Temer vão tentar forçar o adiamento da votação da denúncia para a próxima semana –e assim sucessivamente. O deputado Sílvio Costa (Avante-PE) sugeriu aos colegas que façam piquetes nas três entradas principais do plenário.


Não passarão A ideia de Costa é imprimir listas com os nomes dos 227 deputados que votaram contra Temer na primeira queixa. Quer convencê-los, na porta, a nem sequer marcar presença, dificultando a missão do governo de colocar 342 parlamentares na Casa para iniciar a votação.

Quanto antes Deputados que articulam a criação de um gabinete que una integrantes do Parlamento e do governo passaram a defender que os ministros que disputarão as eleições de 2018 deixem os postos já em janeiro. Querem forçar Temer a fazer uma reforma ministerial.

Mais fácil Parte desse grupo diz que, antes de mexer com a Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deveria patrocinar a votação da reforma tributária — o texto está pronto para ser apreciado pelo plenário da Casa.

Novo round Passada a votação da denúncia, o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da CCJ, colocará o fim do foro privilegiado em pauta. O parecer de Efraim Filho (DEM-PB), favorável à extinção da prerrogativa para crimes comuns, está pronto há um mês.

Corrida maluca A disposição da Câmara em votar o texto aumentou depois que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, finalizou voto a respeito do assunto, liberando a corte para bater o martelo sobre o tema.

Você vem Aliados de Aécio Neves (MG) avisam aos entusiastas de sua renúncia à presidência do PSDB que, se ele decidir sair, levará Tasso Jereissati (PSDB-CE) junto. Hoje, existem dois movimentos para controlar a pressão pela queda do mineiro.

Atados Uma corrente defende que, se optar pela renúncia, Aécio antes indique outro vice para o seu posto, tirando Tasso do comando. Outro grupo prega a aplicação do estatuto, que manda o vice-presidente mais velho assumir e convocar novas eleições em 24 horas. Na atual composição, a missão caberia a Alberto Goldman.

Fora para dentro A agenda do prefeito de São Paulo, João Doria, depõe contra a tese de que ele desistiu de um projeto presidencial. Nos próximos 45 dias, o tucano irá a nove cidades.

Dentro para fora Em disputa com Doria pelo posto de presidenciável, o governador Geraldo Alckmin trabalha no sentido oposto. Pretende, neste mês, ir às três cidades que faltam para concluir a visitação dos 645 municípios paulistas.

Marca registrada Enquanto Doria ainda fala da farinata, Alckmin divulgará nesta terça (24) a autorização para mais um Bom Prato, agora em Ribeirão Preto.


TIROTEIO

Lula demorou bastante para reconhecer os erros de Dilma. Quando o criador se volta contra a criatura é porque traíram juntos.

DE BETO ALBUQUERQUE, vice-presidente do PSB, sobre Lula ter dito ao jornal “El Mundo” que o eleitorado do PT se sentiu traído com o ajuste fiscal da sucessora.


CONTRAPONTO

Cada um com os seus problemas

Na semana passada, o deputado Glauber Braga (RJ), líder do PSOL, fez uma série de questionamentos ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre o rito da votação da denúncia contra Michel Temer. Queria saber que dia o caso seria apreciado pelo plenário.

— Dia 25. Já anunciei. Dia 25, às 9h — respondeu Maia.

— O ideal seria a votação no domingo, com transmissão ao vivo… — rebateu Braga.

— É porque tem incompatibilidade com a caravana do Lula em Minas. Entendeu? — provocou Maia.

Braga riu sem graça e só depois esclareceu que seu partido não apoia, oficialmente, as viagens do petista.