Vazamento de depoimento de delator põe em risco negociação de acordo da Odebrecht na Venezuela
Ponto cego O vazamento de um vídeo com trecho da delação do ex-diretor da Odebrecht na Venezuela, Euzenando Azevedo, surpreendeu a empresa num momento em que ela tenta abrir negociações com os procuradores venezuelanos. Advogados da Odebrecht foram a Caracas há uma semana oferecer colaboração com as investigações em curso, em troca de penas menores para executivos e garantias para seus negócios no país. A empresa teme que a divulgação do depoimento ponha tudo a perder.
Streaming O vídeo foi publicado na internet, com legendas em espanhol, por Luisa Ortega Díaz, que se tornou dissidente do governo Nicolás Maduro e fugiu para a Colômbia em agosto, após ser destituída do cargo de procuradora-geral da Venezuela pela Assembleia Constituinte.
Recibo No trecho publicado, Azevedo diz ter doado US$ 35 milhões a Maduro na campanha presidencial de 2013 para garantir à Odebrecht preferência na contratação de obras pelo governo.
Quebra de acordo A Odebrecht pedirá ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República que investiguem o vazamento e esclareçam as circunstâncias em que o material foi compartilhado pelo Ministério Público com Ortega. Pelo acordo de delação, ele deveria ter sido mantido em sigilo.
Nem vem Senadores dispostos a votar para manter Aécio Neves (PSDB-MG) afastado do exercício do seu mandato se movimentam para impedir o avanço da articulação para que o voto seja secreto na sessão que definirá o futuro do tucano.
Chico e Francisco Insistirão com o argumento de que não há previsão na Constituição para votação secreta. “Seria uma imoralidade. O voto é aberto. Foi assim com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Delcídio do Amaral (sem partido-MS). Por que mudar com outro parlamentar?”, diz a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).
Estou fora Há a avaliação de que o presidente Eunício Oliveira (PMDB-CE) não estaria disposto a enfrentar o desgaste do voto secreto.
Ambas as partes Tucanos mais próximos de Aécio acham que o senador deveria renunciar definitivamente à presidência do PSDB mesmo que o resultado da votação sobre seu mandato seja favorável na semana que vem.
Plano B As centrais sindicais perderam a esperança de que o governo ofereça alternativa para o fim do imposto sindical, extinto pela reforma trabalhista, e resolveram apostar num projeto de lei que cria outra contribuição e já tramita na Câmara, de autoria do deputado Bebeto (PSB-BA).
Aqui não A taxa prevista pelo projeto seria cobrada de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, com aprovação de assembleias de cada categoria. A falta de simpatia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é um entrave para o avanço da iniciativa na Casa.
Volta às ruas Os sindicalistas estão organizando manifestações contra a reforma trabalhista no dia 10 de novembro, véspera da entrada em vigor das novas regras. Sindicatos de metalúrgicos, que estão em campanha salarial, devem liderar os protestos.
Interesse nacional Horas depois de o governo travar a votação da medida provisória da leniência dos bancos na Câmara, na terça (11), um parlamentar ficou impressionado com o número de colegas encontrados no estádio em que o Brasil tirou o Chile da Copa do Mundo.
Exumação A Procuradoria Geral da República vai discutir decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos que mandou o Brasil reabrir investigações sobre 26 mortes ocorridas em duas chacinas na década de 90. As autoridades policiais nunca esclareceram os dois casos.
TIROTEIO
A fala do ministro ofende a dignidade da pessoa humana. Ele compara Cesare a uma mercadoria para melhorar as relações do Brasil com a Itália.
DE IGOR TAMASAUSKAS, advogado de Cesare Battisti, sobre argumento usado pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, ao defender a extradição do italiano.
CONTRAPONTO
Todas as cores
O ministro Ricardo Lewandowski chegou ao plenário do Supremo Tribunal Federal com uma fita cor-de-rosa presa na lapela do paletó na quarta (11), quando a corte decidiu submeter ao Legislativo medidas que imponham restrição ao exercício do mandato de parlamentares.
Em determinado momento, Luiz Fux perguntou ao colega se o laço era uma homenagem a grupos LGBT.
Lewandowski respondeu:
— Não! É do Outubro Rosa.
Diante da expressão intrigada de Fux, explicou:
— É uma campanha internacional pela prevenção do câncer de mama. Acontece desde a década de 1990.