Após decisão do STF, Congresso quer palavra definitiva sobre o afastamento e prega mudar a lei
Tu o disseste O resultado do julgamento do Supremo sobre o afastamento de parlamentares não aplacou por completo o temor do Congresso. Ainda que a maioria da corte tenha decidido, após amplo e exaltado debate, encaminhar ao Legislativo sanções que interfiram no exercício do mandato, há no Senado a tese de que a questão precisa ser esmiuçada por meio de uma emenda à Constituição. A nova lei garantiria ao Parlamento a última palavra a respeito do que, no entender dele, cerceia o legislador.
Porque és morno… A tentativa da presidente do STF, Cármen Lúcia, de contemplar aspectos divergentes em seu voto foi alvo de críticas generalizadas. Foi por buscar solução ambígua, disseram integrantes do tribunal, que ela acabou intensamente pressionada a explicitar que ala, de fato, sairia vencedora.
Teus sinais O fato de a ministra ter delegado ao colega Celso de Mello a proclamação do voto e de ter feito reparos à própria fala foram apontados como indícios de seu desconforto. No STF, os mais incisivos disseram que ela abdicou da condução da sessão.
Tremeu A perícia contratada pela defesa do ex-presidente Lula para analisar os recibos de pagamentos de aluguel do apartamento vizinho ao que ele mora em São Bernardo do Campo constatou que as assinaturas de Glaucos da Costamarques nos 26 documentos revelam variações ao longo do tempo.
Muda o cartucho Os peritos também apontam que os recibos foram impressos em cinco máquinas diferentes. Advogados do petista dirão que os dados reforçam a tese de que os papéis não foram assinados em um mesmo dia.
Ataque de nervos Quando a Polícia Civil de SP foi à casa de Marcos Lula da Silva, filho mais velho de Lula, na terça (10), para uma operação de busca e apreensão de drogas com base em denúncia anônima, apenas a mulher dele estava no local. Pessoas próximas dizem que ela ficou em choque.
Comigo não Os deputados Vitor Lippi e João Paulo Papa, do PSDB de São Paulo, enviaram nota na qual declaram que votarão a favor da denúncia contra Temer. Silvio Torres (PSDB-SP) disse que só revelará seu voto no plenário, mas garantiu que o governador Geraldo Alckmin não tem falado sobre o tema com parlamentares.
Deixa comigo Após protestar contra a decisão do governo de obstruir a sessão e impedir a votação da MP da leniência dos bancos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez um acordo com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
Tudo nosso Os dois acertaram que a Casa fará um projeto de lei sobre o tema –e o texto tramitará em regime de urgência. Maia cuidará pessoalmente da formatação da proposta.
Ainda pulsa? Dos Estados Unidos, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) telefonou a aliados para saber o tamanho do estrago que a irritação de Maia havia causado na base aliada e no governo.
Telefone sem fio A Força, a UGT e a CSB decidiram unificar suas estratégias de comunicação no site “Rádio Peão Brasil”. O portal, que será lançado nesta quinta (12), estreará com os ex-presidentes Lula e FHC falando sobre a reforma trabalhista.
Nada consta Ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho diz, em nota, que corrigiu informação que deu à CPI da JBS a respeito da exigência de certidão negativa para operações de crédito. Explicou que a norma não chegou a ser suspensa.
Visita à Folha O ministro Ives Gandra Martins Filho, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), visitou a Folha nesta quarta-feira (11), a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Patrícia Resende, secretária de Comunicação do TST.
TIROTEIO
É um duelo de pétalas, sem espinho. Se Rodrigo Maia realmente quisesse criar dificuldades, ele poderia, mas não é o caso.
DE DANILO FORTE (PSB-CE), sobre o atrito entre o presidente da Câmara e Michel Temer após a base do governo obstruir a votação da MP da leniência dos bancos.
CONTRAPONTO
Tardo, mas não falho
Durante o julgamento em que a maioria dos ministros do STF decidiu que as medidas cautelares que afetem o exercício do mandato precisam ser analisadas pelo Legislativo, nesta quarta (11), o ministro Alexandre de Moraes proferia seu voto havia mais de hora, quando disse:
— Pela 18ª vez, prometo que estou terminando.
O colega Marco Aurélio Mello, então, ironizou:
— Às vezes é muito difícil ficar na cabeceira e não participar do debate!
— Já vou concluir o voto para a velha guarda votar com mais sapiência — devolveu Moraes.
Os ministros riram.