Justiça condena J&F a pagar R$ 16 mi a Funaro e diz que grupo usou delação para não quitar dívida
Dívidas e pecados O doleiro Lúcio Funaro venceu batalha contra a J&F na Justiça de SP. O grupo foi condenado nesta semana a pagar R$ 16,2 milhões, além de juros de mora, ao delator. Funaro alega que os irmãos Batista não quitaram todos os valores de um contrato de consultoria que firmaram com ele após a fusão dos frigoríficos JBS e Bertin. A defesa dos empresários alegou que o trato era fictício e servia apenas para maquiar o repasse de propinas. O juiz Tiago Henriques Papaterra Limongi não engoliu.
Sempre ele Os advogados da J&F usaram as delações de Joesley Batista e Ricardo Saud na ação para sustentar o argumento de que o contrato com Funaro seria uma cortina de fumaça para o pagamento de vantagens ilícitas ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Lição de moral O juiz do caso não se mostrou convencido. “A impressão que se tem é que a ré [J&F] tenta incluir a dívida no rol de operações ilícitas realizadas com Lúcio Funaro, valendo-se, portanto, de sua própria torpeza para afastar a cobrança do que sabe ser devido.”
Me interessa Aliados do presidente Michel Temer acreditam que podem utilizar o impasse entre Funaro e a J&F para desacreditar as delações de ambos. Como há contradições e até disputas judiciais, os partidários do peemedebista acompanham com lupa qualquer movimento nos dois lados.
Com substância A PF pediu nesta semana mais 15 dias para concluir relatório sobre a prática de crimes de manipulação de mercado e uso indevido de informação privilegiada pelos Batistas.
Mina de ouro Os investigadores ainda trabalham na análise de provas colhidas nos celulares apreendidos durante a operação.
Gasolina e fogo A ação da PF contra os filhos do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), nesta quinta (28), estimulou o senador a trabalhar para que a Casa derrube a decisão do STF que afastou Aécio Neves (PSDB-MG).
Sintomático Um dos senadores mais próximos a Luiz Fux, do STF, Renan Calheiros (PMDB-AL) adotou discurso duro contra o ministro: “Esse que está aí não é aquele que sabatinamos”. A bronca do peemedebista cresceu após o voto de Fux no caso Aécio.
Deu ruim A escolha de Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) para o posto de relator da nova denúncia contra Michel Temer aprofundou o racha no partido e deflagrou uma série de bate-bocas entre os tucanos.
Fato novo Havia um acordo para que ninguém da sigla fosse escalado para a missão, mas o cenário mudou após o afastamento de Aécio Neves do Senado.
Deixa recado Logo que foi informado da escolha de Andrada (MG), o líder do PSDB, Ricardo Tripoli (SP), tentou, em vão, falar com o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).
Pede para sair Tripoli chegou a ameaçar tirar Andrada da CCJ, mas foi convencido a recuar. Há, agora, um movimento para tentar convencer o mineiro a pedir sua destituição da relatoria. Ele, que tem 87 anos e é professor de direito constitucional, avisou que não deixará o caso.
Bola deles Presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi protagonista no acordo com os líderes da Casa para postergar a análise sobre a decisão de afastar Aécio Neves. O senador defendeu a tese de que, como ocorreu no caso de Renan, no fim de 2016, o plenário da corte pode reverter a decisão.
Limpar a barra A decisão do PT de entrar nesta quinta (28) com representação contra Aécio na Comissão de Ética do Senado foi vista dentro do partido como uma forma de correr atrás do prejuízo de imagem causado pela exposição que ela enfrentou ao defender a rescisão do afastamento do tucano.
Pé na tábua O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai repetir em Minas Gerais, de 23 a 30 de outubro, os moldes da caravana que fez pelo Nordeste. O petista decidiu que percorrerá o Estado de ônibus.
TIROTEIO
Pior seria ter confiança nos nossos políticos. O brasileiro começa a rejeitar a demagogia e a exigir transparência e honestidade.
DO ADVOGADO MIGUEL REALE JR., sobre pesquisa do Fórum Econômico Mundial de Davos mostrar que os políticos do Brasil são os menos confiáveis do mundo.
CONTRAPONTO
Assim você me mata!
Na quarta (27), dia seguinte à decisão do STF de afastar Aécio Neves (PSDB-MG), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) foi abordado no corredor do Senado por um representante de associação de agentes penitenciários:
— Senador, sou do sistema prisional.
Valadares deu, imediatamente, um pulo para trás.
— Não veio me prender, não, né? Pelo amor de Deus!
Aos risos, o senador continuou:
— Logo depois de ameaçarem prender Aécio, você chega dizendo que é do sistema prisional! Não faça isso, não!