Advogada que levou Miller para a iniciativa privada deixa escritório que negociou leniência da JBS

Painel

Castelo de cartas A migração do ex-procurador Marcelo Miller para a iniciativa privada fez mais uma vítima. Esther Flesch, que chefiava a área de compliance do Trench Rossi Watanabe, deixou a banca na semana passada. Ela foi responsável pela contratação de Miller e sua saída tem relação com a rumorosa passagem do ex-procurador pela firma. Ex-braço-direito de Rodrigo Janot, Miller trocou a PGR pelo escritório que negociou a leniência da JBS pouco antes de Joesley Batista fechar delação.

Epílogo A queda de Flesch ocorre quase dois meses após o próprio Miller perder o emprego no Trench Rossi Watanabe. Procurado, o escritório apenas confirmou a saída da advogada, que era sócia da banca.

Prólogo Miller foi lançado ao centro da guerra entre os delatores da JBS e o presidente Michel Temer logo após o acordo de colaboração da empresa vir à tona. O peemedebista chegou a insinuar que Janot recebeu dinheiro por meio do ex-procurador.

Sem fim A guinada na carreira de Miller às vésperas da colaboração da JBS transformou o ex-procurador em alvo de apurações na Procuradoria no DF e na OAB do Rio, onde é inscrito. Quem acompanha o processo na entidade de classe diz que são grandes as chances de ele perder o registro de advogado.

Dividir para reinar Aliados de Michel Temer dizem que as siglas que compõem o centrão na Câmara não atuam em uníssono e que reside na diversidade de interesses do grupo a chance de o governo conseguir contornar a crise na base aliada sem ter que mexer no primeiro escalão.

Falta ele Tanto aliados como adversários de Temer reconhecem que, desde a queda de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o centrão perdeu seu eixo de liderança. Isso dificulta, para o bem e para o mal, uma atuação conjunta dos deputados que integram o grupo.

Como está Diz-se no Planalto que são remotas as chances de o presidente abrir mão do apoio do PSDB.

Relembrar é viver Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizem que não é tão grande a distância entre ele e o centrão. PP, PR e PSD —as siglas que hoje demonstram mais indisposição com o Planalto — apoiaram a reeleição dele para o comando da Casa.

Água na fervura Até aliados do prefeito João Doria acharam que ele exagerou na dose ao afirmar que “o povo” vai decidir quem será o candidato tucano. A ordem agora é recolher armas e tentar apaziguar a relação com o governador Geraldo Alckmin.

Preto no branco A deputada estadual Célia Leão (PSDB), por exemplo, quis sair em defesa de Doria, já chamado de traidor pelo PT, mas estendeu a mão a Alckmin também. “Todos sabem que Doria e Geraldo administram a coisa pública com eficiência e decência”, disse.

Vigiai Aliados do governador paulista continuam a monitorar a popularidade de João Doria. Na semana passada, uma análise das interações na página do prefeito no Facebbok mostrou que 70% das reações negativas vinham da periferia de SP.

Não mexo Alckmin avisou ao secretariado que descarta qualquer mudança na Casa Civil. Disse que Samuel Moreira, titular da pasta, tem seu apoio. Ele classificou a pregação por mudanças na equipe como “golpe baixo”.

 


Estranho no ninho Recém-filiado ao PSDB, o cientista político Luiz Felipe D’Ávila fará ato no diretório do partido em SP, nesta segunda (4), para se colocar como candidato ao governo do Estado.

Voz das ruas Movimentos sociais iniciaram uma campanha para a coleta de assinaturas que serão anexadas a projeto que prevê a realização de um plebiscito sobre o pacote de privatizações de Doria. O objetivo é conseguir 170 mil.


 

TIROTEIO

Dilma mergulhou em um apagão tão profundo que precisa buscar luz política na situação de Eduardo Cunha para aparecer.

DO CRIMINALISTA TICIANO FIGUEIREDO, advogado do ex-deputado, sobre as críticas que a ex-presidente fez ao peemedebista nos últimos dias.


CONTRAPONTO

Foro privilegiado

Em agosto, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, desembarcou em São Paulo para participar de um seminário promovido por uma rádio. Como de costume, dispensou carro oficial e tomou um táxi para chegar ao local. Foi surpreendida, porém, com o trânsito pesado da capital.

— Acho que não vamos chegar a tempo — comentou com a assessora.

O motorista do carro ouviu e retrucou:

— Olha, vou pegar um atalho aqui, mas só porque é a senhora. Qualquer outro ministro lá de Brasília ficaria preso comigo o dia todo!