PGR não pede fim do sigilo da delação de Funaro e relatos devem ficar em segredo após homologação

A sete chaves Assim como fez em algumas das delações mais rumorosas da Lava Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou a colaboração de Lúcio Funaro ao relator do caso no Supremo, o ministro Edson Fachin, sem pedir o fim do sigilo do acordo do doleiro. Por isso, as revelações de Funaro devem permanecer oficialmente em segredo mesmo após a provável homologação pelo STF. Trechos da peça serão usados para engordar a nova denúncia da PGR contra Michel Temer.

Costumes Pela tradição, o STF só levanta o sigilo de delações após a solicitação do Ministério Público. Em geral, as informações são preservadas para não prejudicar investigações em andamento.

Costumes 2 No caso de Funaro, Fachin não decidirá sobre o fim do segredo de Justiça sozinho. Tende a levar o caso ao plenário, por envolver o presidente da República.

Livro aberto A respeito das especulações sobre trechos da narrativa de Funaro que envolvem Michel Temer, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República informou que o “presidente não recebeu recursos e nem tem contas no exterior”.

Livro aberto 2 “Os que quiserem procurar seus dados bancários devem consultar seu imposto de renda”, conclui a assessoria de Temer.

Enquete Parlamentares dizem que interlocutores de Janot sondaram deputados da base para medir a temperatura da Câmara antes da apresentação da segunda denúncia contra o presidente. Ouviram de um dirigente do centrão que, hoje, há forte insatisfação com o governo.

Tu o dizes Aliados do peemedebista têm disseminado texto da decisão que levou Funaro à prisão, em 2016. Janot sustentou que o operador “tem o crime como modus vivendi” e destacou que ele já havia feito delação mas “prosseguiu delinquindo”. “Traição ao voto de confiança dado a ele pela Justiça.”

Tensão O secretário-executivo do Ministério da Justiça, José Levi, tem dito a aliados que deve deixar o órgão.

Ventos e velas O presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, disse a Temer que apoia a posição do Mercosul a respeito do ditador venezuelano, Nicolás Maduro. A União Europeia, afirmou, seguirá a mesma linha.

No limite Os principais articuladores da reforma política na Câmara querem, agora, aprovar primeiro o projeto que recria a cláusula de barreira e acaba com as coligações proporcionais. Com isso, vão pressionar os partidos menores a chegar a um consenso sobre alterações no sistema eleitoral para 2018.

Sarrafo alto Uma das hipóteses é apresentar emenda que amplie o percentual de votos que deve ser alcançado para que uma sigla possa acessar o fundo partidário. Hoje, a previsão é de 1,5%. Pode subir para 2,5%.

Tenta outra vez O PMDB voltou a sondar dissidentes do PSB sobre eventual migração para o partido. O ministro Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia) e seu pai, senador Fernando Bezerra (PE), são os alvos da vez.

Não no meu quintal No primeiro aceno, o assédio do PMDB a socialistas estremeceu as relações com o DEM, que também atua para atrair os dissidentes do PSB. Desta vez, houve repercussão interna. O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) não gostou da movimentação.

Pelo bolso O Senado vai punir os terceirizados que faltarem ao trabalho em dias de greve de transporte público, como a que houve na segunda-feira (28). A Casa não vai pagar o dia de trabalho a quem não tiver banco de horas para cobrir a ausência.

Articulado A maioria dos governadores do PSDB promete apoiar Marconi Perillo (GO) para a presidência da sigla, em dezembro.

Visita à Folha Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo e do programa Cidades Sustentáveis, visitou a Folha nesta quarta-feira (30). Estava acompanhado de Luanda Nera, coordenadora de comunicação da Rede Nossa São Paulo.


TIROTEIO

O atual coordenador político do governo só coordena o ‘ítico’: a metade do PSDB e o DEM. Os demais partidos não falam com ele.

DO SENADOR CIRO NOGUEIRA (PI), presidente do PP, sobre a relação do centrão com o secretário de governo de Michel Temer, o ministro Antonio Imbassahy.


CONTRAPONTO

Presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ) esteve na Câmara nesta quarta (30). Em meio à profusão de jornalistas, passou por Ivan Valente (PSOL-SP).

— Presidente! Como vai? — disse o oposicionista, que logo emendou:

— Sabe o que você faz? Revoga o decreto do Michel Temer sobre a Amazônia. Vai sair por cima!

Diante do conselho, Maia caiu na gargalhada, e o deputado do PSOL concluiu:

— E não deixa ele voltar!