Reação de políticos ao rumo do debate no STF indica que futuro das delações ainda está em aberto

Painel

Quem ri por último A recepção calorosa dos políticos ao desenrolar do julgamento sobre a validade da colaboração da JBS recomenda uma leitura mais atenta dos votos de cada ministro. Deputados, senadores e integrantes do governo não esboçaram preocupação com o placar de aparente derrota por sete a zero no STF. As nuances expostas no debate sobre a viabilidade de uma ampla revisão das colaborações no momento da sentença mostram que a decisão sobre o futuro das delações está em aberto.

Olhai além Nas contas de um integrante do Supremo que analisou o teor das manifestações de seus colegas, hoje são cinco votos a três contra a possibilidade de, ao fim de um processo, um acordo de delação ser alterado ou ser até mesmo anulado por sentença do plenário do STF.

Nebuloso O voto de Alexandre de Moraes — que aparentemente acompanhou o relator da Lava Jato, Edson Fachin — foi visto como contraditório. Quem defende que não haja espaço para revogar acordos encontrou brechas na fala do ministro.

Deu ruim A denúncia que Rodrigo Janot vai apresentar contra o presidente Michel Temer deve ter impacto direto no processo que o peemedebista tenta mover contra Joesley Batista por calúnia.

Univitelinos Como Janot deve tachar Temer de “chefe de organização criminosa”, mesmo termo usado pelo empresário, a ação do presidente contra o dono da JBS, já rejeitada na primeira instância, perde ainda mais força.


Cadeira elétrica Presidente em exercício com a viagem de Temer ao exterior, Rodrigo Maia (DEM-RJ) adotou a discrição como mantra no Planalto. Só despacha no sofá. Nunca usa a poltrona ou a mesa do peemedebista.

Ponto de vista Apesar do impasse sobre preservação ambiental, aliados de Temer ressaltaram que empresários noruegueses prometeram novos investimentos no Brasil. Os estrangeiros, contudo, pediram regras mais simples, especialmente de tributação.

Sai na frente A derrota da reforma trabalhista em comissão do Senado azedou de vez a relação entre a base de Temer e o PSDB. Siglas que apoiam o Planalto pressionam o presidente a desalojar os tucanos dos ministérios antes que eles deixem formalmente a base aliada.

Ame quem te ama Esses partidos argumentam que o rompimento do PSDB é apenas uma questão de tempo. Dizem que, se antecipasse o gesto, Temer poderia privilegiar com mais cargos no governo siglas que vão atuar para barrar a denúncia de Rodrigo Janot na Câmara.

Tá vendo? O voto do senador Eduardo Amorim (PSDB-SE) contra a nova legislação trabalhista é apontado por esses partidos como a prova de que os tucanos mentem ao dizer que manteriam o apoio às reformas mesmo deixando a base.

Pago para ver Integrantes do PSDB reconhecem que o clima é de desconfiança, mas avisam que, se esticarem demais a corda, os tucanos não pensarão duas vezes em deixar os ministérios, mesmo que seja um voo solo.

Água na fervura O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) decidiu pedir calma. “Não podemos perder o foco. A meta é aprovar a reforma trabalhista e a da Previdência. Até lá, não devemos empurrar ninguém”, disse.

Seguro desemprego O governo já mapeou os indicados de Eduardo Amorim que estão em postos da administração federal em Sergipe. Quando chegar ao Brasil, Temer decidirá se vai retaliar o voto contra a reforma.

Blindada Diante das especulações de que pode ser substituída na chefia da AGU, Grace Mendonça costuma dizer que, sempre que fala com Temer, ele reitera ter plena confiança nela.


TIROTEIO

Impressionante! Setores do PT acham normal reuniões com Sarney e com o PMDB, mas se escandalizam quando vemos Boulos e PSOL.

DO SENADOR LINDBERGH FARIAS (PT-RJ), sobre o ex-presidente Lula ter relatado contrariedade com a reunião de petistas com integrantes do PSOL e do MTST.


CONTRAPONTO 

Dois é demais!

Na manhã desta quarta-feira (21), o prefeito João Doria participou do anúncio de uma parceria com empresários italianos para recuperar praças em São Paulo. Durante o lançamento do projeto de revitalização, o cônsul da Itália, Michele Pala, contou para Doria que o prefeito de Gênova tem o mesmo sobrenome que o dele.

Munido, o prefeito de São Paulo não perdeu a chance de provocar seu vice, Bruno Covas:

— Se com um Doria, você já perdeu 12 quilos, imagina com dois, hein, Bruno? Você iria desaparecer!

Rindo, o vice-prefeito respondeu:

— Com dois seria uma hecatombe nuclear!