Pressão política chega ao TSE e ministros da corte admitem que clima hoje é pela cassação de Temer
O jogo virou O abalo sísmico que rachou a base do presidente Michel Temer também fez tremer o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que julga a partir de 6 de junho processo que pode levar à cassação do peemedebista. No Congresso, partidos que ainda dão sustentação a Temer contam com uma decisão da corte para abandonar de vez o barco. Pressionados, ministros admitem que, se há duas semanas a sensação era de que o presidente teria uma vitória, hoje a balança dos votos pende para a cassação.
Sintomas Na última quinta-feira (18), dia em que foi deflagrada operação da PF com base na delação da JBS, ministros do TSE discutiram nos bastidores da corte.
Sintomas 2 Um integrante do tribunal questionou os colegas se aquele seria “o melhor momento” para julgamento de tal repercussão. Foi repreendido por um ministro que disse que quem tivesse dúvida deveria pedir vista.
Esfinge Os ministros também afirmam que a sensação de imprevisibilidade do resultado se agravou diante do silêncio de Gilmar Mendes. O presidente da corte eleitoral não tem conversado sobre a ação nem com colegas.
Quem pisca O clima entre o PMDB e o PSDB no Congresso é de desconfiança. Peemedebistas acusam os tucanos de estarem conspirando. O PSDB, por sua vez, não esconde a avaliação de que Temer perdeu as condições de controlar a crise.
Giro tucano Presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati (CE) vai percorrer Estados em que sua sigla elegeu governadores e prefeitos para questioná-los sobre o desembarque do governo. Geraldo Alckmin e João Doria, em São Paulo, serão os primeiros a receber a visita.
Antagonistas Da cadeia, Eduardo Cunha disse a aliados que Temer não renuncia e que não dá de barato a queda do presidente. José Sarney fez diagnóstico oposto. Segundo interlocutores, avalia que Temer está em um beco sem saída e que deveria tentar conduzir sua transição.
Volver Na noite desta quarta (24), após a dispersão do protesto, integrantes da Defesa avaliavam que a ação das Forças Armadas não era mais necessária. Temer deve revogar o decreto. O governo acha que a radicalização da manifestação deve esvaziar novos atos por diretas.
Timing Em meio à crise instalada pela divulgação do grampo feito por Joesley Batista com o presidente, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) colocou na pauta da sessão de terça (30) dois procedimentos contra o juiz Sergio Moro. Um deles questiona a divulgação de conversas de Lula e seus familiares.
Quero saber O corregedor do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) encaminhou nesta quarta (24) ao procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e a Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, pedido de informações a respeito de um juiz citado nas delações de Joesley Batista.
Linha cruzada Em jantar na noite desta terça (23), no qual reuniu dissidentes do PMDB e integrantes da oposição, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) falou com Dilma Rousseff, por telefone, sobre a crise política.
Na cochia O PT está disposto a não colocar barreiras a um nome de centro na eleição indireta. Publicamente, continuará defendendo “Diretas já”.
Guarda-costas Senadores riram ao lembrar que pela segunda vez coube a Gabribaldi Alves (PMDB-RN) separar uma briga entre seus colegas. Na terça (23), atuou para conter confusão em comissão. Antes, havia apartado Eduardo Braga (PMDB-AM) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Visita à Folha O ex-ministro Walfrido dos Mares Guia visitou a Folha nesta quarta (24). Estava acompanhado de Paulo Lúcio Camargo, jornalista.
TIROTEIO
O ideal era que Temer renunciasse. Seria um gesto responsável e de grandeza. As acusações contra ele tratam de atos graves.
DO EX-SENADOR PEDRO SIMON (PMDB), sobre a situação política do presidente Michel Temer depois de o STF instaurar inquérito contra ele.
CONTRAPONTO
Dia de subcelebridade
Nesta quarta (24), na porta da presidência da Câmara, jornalistas esperavam representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) entregarem a Rodrigo Maia (DEM-RJ) um abaixo-assinado com 220 mil assinaturas pedindo a convocação de eleições diretas.
O encontro foi a portas fechadas. Apenas alguns deputados da base acompanharam. Pouco antes da saída do presidente da Casa, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) deixou o gabinete:
— Nem venham com perguntas. Não quero falar nada.
Mas o deputado não foi reconhecido e passou sem ser parado por qualquer gravador.