Palocci inclui informações sobre esquema no Carf, investigado pela Zelotes, em cardápio de delação

O grande encontro Antonio Palocci está disposto a colocar na mesa de negociações de sua delação uma cartada valiosa: informações que ajudariam a desvendar irregularidades investigadas pela Operação Zelotes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf. A iniciativa pode levar a um cruzamento de informações que ampliaria muito o poder de fogo da Lava Jato. A Zelotes apura esquema de sonegação que envolvia grandes empresas, bancos inclusive, e membros do órgão ligado à Fazenda.

Arquivo vivo Palocci foi ministro da Fazenda de Lula entre 2003 e 2006. As negociações pelo acordo podem perder fôlego após o Supremo mostrar disposição em impor limites às prisões provisórias, mas nem o PT acredita que isso será suficiente para convencê-lo a desistir da delação.

Voto a voto Durante a votação no STF, um advogado entrava e saía da cadeia para deixar Dirceu a par do que acontecia no julgamento.

Com emoção O petista, porém, só teve notícias até o momento em que o placar empatou em 2 a 2. Como o voto do ministro Gilmar Mendes se alongou, expirou o horário em que a entrada da defesa na cadeia era permitida: às 17h.

Ansiolítico José Dirceu só teve certeza de que o Supremo havia concedido seu habeas corpus quando o resultado foi divulgado pela TV.

Sinais Começou a ganhar corpo a operação para tirar Renan Calheiros (AL) da liderança do PMDB do Senado.

Jogo jogado O primeiro passo foi impedir que a reforma trabalhista fosse incluída na pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). O colegiado é presidido por um aliado do senador alagoano.

Tem volta A ala oposicionista do PMDB na Casa, comandada por Renan, promete rebelião e ironiza o potencial bélico de Michel Temer. “Governo impopular não tira líder de bancada”, provoca um peemedebista.

Timing As pesquisas qualitativas que vão definir o discurso adotado na nova leva de propagandas pró-reforma da Previdência serão concluídas nesta quarta (3).

Joio e trigo Esses dados vão guiar as novas produções. Serão usados para definir, entre peças que já estão prontas e não foram ao ar, o que presta e o que não presta.

E agora? Está em curso no Senado uma articulação para acabar com a contribuição compulsória das empresas ao Sistema S — que chegou a R$ 16 bilhões em 2016. A proposta deve entrar como emenda na reforma trabalhista e tem apoio das centrais sindicais.

Para cima deles À frente da negociação, Eduardo Braga (PMDB-AM) diz defender o repasse às escolas e oficinas do Senai e do Senac. “Mas esse absurdo de recursos públicos, não defendo.” Hoje, o Sistema S arrecada contribuições de até 2,5% sobre a folha de pagamento das empresas.

Vai tu mesmo Dirigentes do PSDB admitem que o prefeito de São Paulo, João Doria, é hoje o único político do partido capaz de gerar algum engajamento positivo relevante para a sigla.

No embalo Na prefeitura, os auxiliares do tucano dizem que ele está a “300 mil quilômetros por hora”. “Foi inaugurar uma praça e fez discurso nacional!”, resumiu um aliado de Doria.

Vai ou racha Cinco dos sete deputados do PT da Bahia ameaçam rebelião caso a executiva do partido não acolha recursos do “Muda PT” contra os resultados das eleições internas. Dos 20 mil votos no Estado, 4 mil estão sob suspeita — inclusive pelo uso de nomes de eleitores mortos.

Visita à Folha Wilson Poit, secretário de Desestatização e Parceria da Prefeitura de São Paulo, visitou a Folha nesta terça (2). Estava acompanhado de Beatriz Oliveira, assessora de imprensa.


TIROTEIO

Decisões judiciais devem ser criticadas no processo. Ou é melhor transferir logo a guarda da Constituição para enquetes do Facebook.

DE BRUNO DANTAS, ministro do TCU, criticando o que chama de “irracionalidade histérica” na internet após Gilmar Mendes decidir libertar Eike Batista.


CONTRAPONTO

Questão de decoro

Na sessão de votação da reforma trabalhista na Câmara, semana passada, o deputado Assis Melo (PC do B-RS) decidiu subir à tribuna vestido de metalúrgico para protestar contra o projeto. Foi impedido de discursar pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que só autorizou a fala depois que o parlamentar colocou um paletó por cima do uniforme.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) protestou. Disse que Melo, metalúrgico, se veste daquela forma na fábrica. Alberto Fraga (DEM-DF) ironizou:

— Sr. presidente, tem um deputado que é salva-vidas. Acho que agora ele pode vir de sunga!