Palocci busca intervenção de Moro para destravar delação; mercado questiona o quanto ele dirá

Painel

Mensagem para você Antonio Palocci enviou um recado quando escancarou, diante do juiz Sergio Moro, que quer fazer delação premiada. Ao dizer que está à disposição para falar com o magistrado, no dia em que ele quiser, sinalizou que enfrenta problemas para fechar o acordo de colaboração com os investigadores e busca por uma intervenção de Moro na negociação. Isso mudou a interrogação que paira no mercado financeiro de “será que Palocci vai falar?” para “quanto ele vai contar?”.

Porte Analistas do mercado financeiro dão como certo que Palocci indicará uma lista de problemas em negócios firmados com bancos pequenos e de investimento. Poderá dar detalhes, por exemplo, sobre a operação no Panamericano. A dúvida é se o ex-ministro envolverá as grandes instituições em seu relato.

Bipolar No depoimento, Palocci delineou diferenças entre os estilos de Emílio e Marcelo Odebrecht. Disse que era possível falar com o patriarca sem mencionar negócios, o que não ocorria com o herdeiro. “O Marcelo era um guerrilheiro da empresa. Sem crítica pessoal. É um ótimo pai de família”, definiu.

Diversionista Um dos mais alvejados com as revelações da Lava Jato desta quinta-feira (20), o ex-presidente Lula tentará desviar o foco da operação com atos políticos. Segunda (24), faz seminário em Brasília sobre os rumos da economia, com senadores e deputados do PT. Haverá críticas a Michel Temer.

Largada A sigla usará o evento para desmerecer as propostas de reformas trabalhista e previdenciária e vai lançar um documento, já com viés eleitoral, chamado de “seis medidas emergenciais para recuperação da economia, do emprego e da renda”.

Vai, mas demora Dos 14 pedidos de investigação deflagrados pela delação da Odebrecht que serão analisados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), apenas dois já foram enviados pelo Supremo. Como o material seguiu via Correios, o restante só deve chegar semana que vem.

Puxando o pelotão Assim que a reforma da Previdência for aprovada na comissão especial, Aécio Neves (MG) vai convocar uma reunião ampliada da executiva do PSDB, com a presença de governadores. Quer que a sigla feche questão a favor do projeto nas votações de plenário da Câmara e do Senado.

Agora basta De todas as surpresas incluídas no relatório de Arthur Maia (PPS-BA) sobre a Previdência, nenhuma irritou mais a Fazenda do que a que cria a possibilidade de os políticos receberem aposentadoria acima do teto. Ela joga por terra o discurso de que a reforma acaba com privilégios.

Quites Cumprindo promessa que firmou para convencer o PTN a votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer entregou o comando da Funasa a um nome do partido, que tem 13 deputados. A portaria com a nomeação de Rodrigo Dias foi assinada nesta quinta (20).

Aqui, céu azul Enquanto empresas médias e grandes fecharam postos de trabalho no saldo do primeiro trimestre, as micro e pequenas tiveram saldo positivo. Esse grupo registrou 60,7 mil contratações, segundo estudo do Sebrae. Houve perdas em março, mas os resultados dos primeiros dois meses compensaram essas demissões.

Menos um O PRB anunciou independência do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo. O comunicado foi feito pelo líder da bancada, Wellington Moura. A justificativa é que falta de diálogo e transparência na relação entre o governo e os cinco deputados da sigla.

Fumaça e fogo O PRB não é o único partido a reclamar. Outros deputados têm feito críticas ao governo Alckmin. Com a queda da arrecadação, houve redução brusca no pagamento de emendas.


TIROTEIO

O Congresso não pode decidir sozinho os rumos da reforma política, a população deve ser chamada a escolher seu sistema eleitoral.

DO SENADOR JOSÉ REGUFFE (DF), que propôs um plebiscito junto à eleição de 2018 para que os brasileiros escolham o modelo para eleger parlamentares.


CONTRAPONTO

Série para gente grande

Um alto funcionário do Palácio do Planalto passou parte do feriado de Páscoa assistindo aos vídeos com as delações da Odebrecht à Operação Lava Jato.

Compenetrado nas mais de duzentas horas de depoimentos divulgados pelo Supremo Tribunal Federal, ele foi interrompido pela filha de 12 anos.

— Pai, que série é essa que você está assistindo no Netflix e que não acaba nunca?

— Chama Lava Jato. Talvez um dia você também queira assistir — respondeu ele.

— Mas quantos episódios são?

— Ih, muito mais de cem. Parece estar só no começo…