Lista de Fachin vai estimular novas colaborações de acusados ligados ao PT e PSDB, apostam líderes

Painel
Começo do fim

Com a divulgação dos inquéritos originados pelo acordo da Odebrecht, líderes de diversos partidos se preparam para algo ainda pior. Acreditam que, a partir de agora, personagens implicados no esquema se sentirão mais estimulados a colaborar com a Justiça. Pessoas próximas a Antonio Palocci (PT) apostam nisso. Em São Paulo, aliados de Geraldo Alckmin (PSDB) organizam arsenal para rebater possível delação do ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto.

Andar de cima Na cúpula do PT, uma delação de Palocci é vista como algo capaz de mudar o patamar da crise. O dirigente de um partido que estava na base dos governos Lula e Dilma Rousseff resume o potencial do ex-ministro. “Eu não conheço o sistema financeiro. Ele conhece.”

Mapa Um antigo auxiliar de Palocci diz que, se ele falar, muda o endereço do incêndio político: de Brasília para as avenidas Paulista e Faria Lima, em São Paulo, que abrigam sedes dos maiores bancos e empresas do país.

Um pio Um tucano de São Paulo afirma que integrantes do partido no Estado já começaram a acionar advogados, à espera de um movimento de Paulo Preto. Descrevem o ex-dirigente da Dersa como organizado e cercado de documentos.

Fugaz Aliados do governador Geraldo Alckmin chegaram a suspirar quando o nome dele não apareceu na lista do ministro Edson Fachin, do STF. Souberam, em seguida, que as citações ao tucano foram para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Vida que segue Michel Temer despachava com o ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) quando um auxiliar deixou sobre sua mesa uma cópia da lista de inquéritos abertos no STF. O presidente decidiu manter a agenda.

Evaporaram A divulgação da lista de Fachin esvaziou rapidamente o plenário e também a CCJ, principal comissão da Câmara. “Foi um ‘espalha brasa’. Saíram todos correndo”, disse Ivan Valente (PSOL-SP).

Lei de Murphy A maioria dos petistas praguejou ao perceber que a lista de inquéritos apareceria no mesmo dia em que o partido levaria sua propaganda ao ar. Mas teve quem apontasse um ângulo positivo: o lamaçal generalizado diluiu os panelaços.

Dever cumprido Segundo auxiliares, executivos da Odebrecht avaliaram que a abertura dos inquéritos fechou um ciclo. Há 13 meses, a empresa prometeu fazer uma colaboração definitiva, lembrou o assessor. “Entregaram o abecedário inteiro.”

Daqui do alto… Enquanto aliados e adversários buscavam informações sobre seus inquéritos, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), posava para selfies e recebia aplausos a bordo de um voo da Emirates, para a Coreia do Sul.

Na parede O PSDB paulista entrou com uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor José Carlos Bonilha, autor da ação que pede a condenação de Geraldo Alckmin e João Doria por abuso de poder econômico durante a eleição de 2016.

Além da conta O partido diz que o promotor cometeu “desvio de função institucional” ao atuar de maneira “ostensiva e sistemática” contra a campanha de Doria.

O agregador A CUT usará a proposta da reforma trabalhista para engrossar a greve geral do dia 28. “O Temer é o maior agente de construção dos atos em todo o país. Com essa proposta, voltamos ao século 19”, diz Vagner Freitas, presidente da Central.

Visita à Folha Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás, visitou a Folha nesta terça-feira (11). Estava acompanhado de João Bosco Bittencourt, jornalista, e Fernando Teixeirense, assessor de imprensa.


TIROTEIO
São dez anos de saques do PMDB no Rio. Não dá para comemorar isso. O funcionalismo continua sem receber o 13º salário.
DEPUTADO ESTADUAL MARCELO FREIXO (PSOL-RJ), sobre a prisão do ex-secretário de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, suspeito de desvio de R$ 300 milhões.

CONTRAPONTO

A bola é minha!
O vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), aproveitou a ausência de João Doria, que está em viagem ao exterior, para baixar uma norma oficiosa.
Santista assumido, enviou para todos os secretários uma mensagem na qual comunicava seu “primeiro decreto” como prefeito em exercício. Escreveu o texto no no dia seguinte à desclassificação de seu time no campeonato paulista de futebol.
— É expressamente proibido falar hoje em futebol. As palavras Santos, Ponte, (des)classificação e similares estão vetadas. Este decreto entrou em vigor ontem à noite e vale até quando eu bem entender!