Para evitar novas rusgas com STF, Temer busca nome que não desagrade Cármen Lúcia

Painel

Sua casa, suas regras O momento delicado da relação entre o Planalto e o STF fará com que Michel Temer tente evitar ao máximo melindrar Cármen Lúcia com sua escolha para substituir Teori Zavascki. Na pauta da corte, há uma série de temas sensíveis para o governo, como a sucessão na Câmara e o destino de parte da cúpula da Esplanada, apanhada na Lava Jato. Ainda que não vá “submeter” o nome à ministra, Temer usará de todos os espaços de interlocução para que a indicação não a deixe insatisfeita.

Boa vizinhança Como há uma coincidência no período dos mandatos dos dois, Cármen Lúcia e Michel Temer precisam de uma boa relação, diz um palaciano muito próximo do presidente da República.

Ocupar e resistir Diante do dito favoritismo de Ives Gandra Martins Filho para a cadeira de Teori Zavascki no STF, um grupo de advogados articula o lançamento de um “anticandidato” para marcar posição contrária à indicação do hoje presidente do TST.

Pensamento único Um integrante do grupo critica posições conservadoras do magistrado e diz que a escolha seria um “retrocesso”. Na lista, estão Geraldo Prado, Gisele Cittadino, Leonardo Isaac e Ricardo Lodi — que atuou na defesa de Dilma Rousseff.

Check-up O cardiologista Roberto Kalil há tempos alertava Marisa Letícia sobre o risco de um aneurisma que tinha no cérebro se romper, como ocorreu nesta terça (24). A ex-primeira-dama sempre postergava o tratamento.

Beija-flor Relatório policial sobre mensagens apreendidas no telefone de Eduardo Cunha mostra que os suspeitos de participar de esquema de liberação de créditos na Caixa usavam vários codinomes para se livrar de grampos.

Insones Cunha era “Carlos Lopes”. O operador Lúcio Funaro, hoje preso, “Spin”, “maluco” ou “Lucky”. Já o delator Fábio Cleto, então dirigente do banco, era “Gordon Gekko”, o milionário ganancioso do filme “Wall Street”, de 1987, dono da célebre frase “o dinheiro nunca dorme”.

Ecos do passado Temer não desistiu de ter um candidato único da base à Câmara. Repetiu a ideia a deputados na semana passada. Se houver dois, que seja uma “disputa fraterna”, disse, afirmando não querer repetir o erro cometido por Dilma, a quem se refere apenas por “ela”.

Café no bule Pouco falado entre os delatores da Odebrecht, João Pacífico, o executivo do grupo que era responsável pelo Nordeste, promete entregar alguns dos fatos mais bombásticos revelados pela empreiteira baiana.

Coração de mãe Segundo envolvidos nas negociações, grande parte dos caciques nordestinos foi citada por ele. Nem o ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014, ficou de fora da lista de cerca de 50 anexos da colaboração.

Céu de brigadeiro Também amigo de Carlos Alberto Filgueiras, o criminalista Alberto Toron diz ter viajado “inúmeras vezes” no mesmo avião que levava Teori Zavascki “sem qualquer abalo”.

Zelo Toron conta que o piloto Osmar Rodrigues era também instrutor de voo. “Carlos Alberto era maníaco com a segurança. O avião estava sempre nos trinques.”

Estamos aqui O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, enviou nesta terça-feira (24) ofício a Michel Temer cobrando a correção da tabela do Imposto de Renda segundo a inflação.

Veja bem Lamachia diz que, sem a atualização, pessoas que deveriam ser isentas continuam pagando o tributo.

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Ciranda dos bichos De Fabio Lepique, secretário-adjunto de Prefeituras Regionais de João Doria: “Vendo quem critica a ação contra os pichadores, lembro da história de que, na briga do mocinho contra o jacaré, sempre há quem torça pelo jacaré”.


TIROTEIO

Tenho orgulho de minha independência. Não sou jurista de partido nem ideólogo. Move-me a Constituição.

DO ADVOGADO HELENO TORRES, cotado para o Supremo Tribunal Federal, sobre críticas veladas de ter, no passado, produzido pareceres para partidos como o PT.


CONTRAPONTO

Velhos tempos

Em 2009, Márcio Schiefler Fontes, juiz auxiliar e braço direito de Teori Zavascki na condução dos inquéritos da Lava Jato no STF, comandava a comarca de Turvo (SC).

Naquele ano, ele condenou o Estado a pagar R$ 5.000 por danos morais a um advogado, ofendido verbalmente pelo delegado do município de Jacinto Machado.

O advogado acusou o delegado de chamá-lo de “palhaço”, “sem vergonha” e “vagabundo”.

Em sua sentença, Fontes sublinhou:

— O valor é compatível com o dano sofrido que, embora injustificável e reprovável, também é algo que pode ser superado sem maior dificuldade pelo ofendido.